Nunca havia organizado uma festa na vida, nem nunca tive o menor jeito pra coisa. Na verdade, convidando ou sendo convidada, fico bastante empacada em reuniões sociais, sem saber o que fazer com as mãos, querendo logo saber onde é o banheiro e em pânico só de pensar em precisar usá-lo. Mas estávamos todos ouriçadíssimos preparando a festinha da Talita, e a princípio seria apenas uma pacata e aconchegante reuniãozinha de família, só que virou uma festona, com um povaréu danado.
O Mô e eu estávamos sem dinheiro, por isso combinamos uma coisinha simples, mas meu pai e a mãe dele injetaram um patrocínio, minha mãe fez os doces e bombons, ela, eu e minha irmã passamos madrugadas enrolando aquela doçaria toda (a gente nem almoçava direito, se alimentava do cheirinho dos doces), meu irmão e meu sobrinho enfeitaram o salão do condomínio (aprendi a dar nó de rabiola com ele, pra prender os balões), enfim, a família toda ajudou!
Quando os primeiros convidados chegaram, aquele batalhão de gente que parecia até ter marcado um encontro pra vir todo mundo de uma só vez, fiquei com as pernas moles de verdade! Cheguei a fazer uma cara bem estranha... Uma zoeira danada, aquele abraçamento e beijamento, monte de braços esticando presentes, uma criançada que parecia brotar do chão... Tive a impressão de que aquele atordoamento nunca fosse passar. Passou, né, mas ainda fiquei com um certo mal-estar e nem consegui comer nada. Eu via as coisas meio em câmera lenta, parecia anestesiada, eu hein...
A aniversariante se divertiu à beça, não ficou enjoadinha, foi no colo de todo mundo, hehe, até porque ainda não andava. Na hora do Parabéns ela se esticou no meu colo, abriu o telhado da casinha dos Bananas de Pijamas e começou a tirar de lá os bolos embrulhadinhos! E eu nem via nada, meus óculos foram parar na ponta do nariz e eu não conseguia ajeitar, porque a Talitinha era muito pesada e eu precisava dos dois braços pra segurar. O telhadinho foi parar longe, só depois eu vi!! Veio uma amigona minha que estava morando em Campinas, o meu sogro, que estava de cama, ligou no meio da festa, foi muito legal!
Engraçado também foi que, de repente, como que passou uma ventania e vuuupt, varreu todo mundo! Sumiu o povo todo! Só ficaram, claro, os destroços, eu e o Mô meio desmaiados, A Talitinha dormindo, avós e alguns tios solícitos.
O do Tariq foi um churrasco com beeeem menos gente, só familiares e padrinhos. Ele estava calmíssimo, nem tirou o boné, que geralmente não parava no lugar. Só havia 3 crianças, e a Talita pela primeira vez teve autorização pra passear pelo condomínio sem adultos por perto. Ela se sentiu o máximo andando com o Lucas, filho do padrinho dela! Por falar nela, ela acabou de entrar em casa, vindo de uma festinha de 1 ano, e veio xeretar o que escrevi. Seu diagnóstico: “Mamãe, CINCO PARÁGRAFOS sobre meu aniversário e só QUATRO LINHAS sobre o do Tariq!” Percebi agora a desigualdade na quantidade de caracteres, mas o primeiro filho tem dessas coisas, né, as mães de dois ou mais entendem isso muito bem... Tudo do primeiro filho, pelo ineditismo, marca bastante. Ah, e também lembrei agora que o post do Perrengue foi só do Tariq, então está empatado.
(Else Portilho)