Um sábado qualquer de 2005.
9h- Ela se levanta, se espreguiça
na cama e se levanta calmamente. Vai ao banheiro, onde toma um banho tranquilo.
Arruma os cabelos, faz uma maquiagem suave e vai preparar o café
9h45- Com o marido, tomam o café
da manhã: mamão, leite, café, queijos.... Planejam como será o dia: ajeitar a
casa, sair para o almoço, shopping, cinema, diversão...
10h- Eles arrumam a casa. Cada um
cuida de uma tarefa e rapidamente tudo está pronto.
11h30- Ela assiste na TV a
episódios de séries americanas favoritas. Fica cansativo, então vai ler um
livro.
12h- Arrumam-se e vão ao
restaurante, onde provam tranquilamente seus pratos, acompanhado de muitas
conversas sobre os planos futuros.
14h- Que tal um cinema? Pode
ser... Mas já vimos aquele e aquele e aquele... Só sobrou aquele outro.... Tudo
bem.... Vamos assisti-lo mesmo que não seja do nosso tipo preferido!
Um sábado qualquer de 2015.
05h- Ela acorda com o som de um
choro. É automático. Já pega a bebê, que também automaticamente procura pelo
seio. Meia hora depois, a criança, já saciada, dorme. Ela até tenta dormir
novamente, mas desperta porque o pensamento está nas coisas que tem para fazer.
6h- Ela lava louça do dia
anterior cuidadosamente para não acordar ninguém. Coloca roupas na máquina. Vê algumas
roupas em uma pilha para serem passadas. Desamassa algumas, pois lembra que ele
disse que já não havia mais roupas no cabide e a maior reclamou que não tinha
mais calças nas gavetas.
7h30- Lembra-se de que não tomou
café. Prepara-o, mas a mais velha acorda e pede ajuda para ir ao banheiro.
Arruma o cabelo, ajuda-a com a troca de roupa e se lembra de que ela mesma
ainda está de pijamas. Tenta trocar, mas a mais nova acorda novamente.
8h- Ele troca as fraldas, mas
quem tem o alimento é ela. Ainda de pijamas, coloca a menor para mamar,
senta-se com a xícara de café e observa a maior tomando seu leite, ajudada por ele.
Os quatro na cozinha. Ele a ajuda, cortando o pão e passando manteiga.
9h30- Eles vão brincar na sala.
Ela tenta arrumar a cozinha. Ele tenta arrumar a cama. As crianças querem
atenção. Mais uma vez a louça fica na pia e a cama desarrumada porque brincar e
estar com elas é o que importa.
11h- Preparam-se para ir ao
shopping. Lenços umedecidos, fralda, brinquedo, troca de roupas, colher... Um
mundo em uma bolsa! Primeiro, ela arruma a bebê e ela distrai a maior. Depois,
ela ajuda a maior e ele fica com a menor. Então, ele se troca e ela fica com as
duas. Por último, enfim, ela se troca. Saem.
12h30- No shopping, ela fica em
uma mesa, enquanto ele compra a comida das crianças. Depois, ela alimenta as
crianças e ele compra a comida do casal. Ele assume a alimentação das meninas, para
ela comer. Então, ela distrai as meninas e ele almoça. Assim mesmo: cada um em
um momento, senão, não é possível comer.
13h30- Filme? Nossa... Nem lembro
a última vez que fomos ao cinema... Que filme é aquele? E aquele? Nem sabia que
aquele existia... Vamos à área de brinquedos?
Esses são apenas fragmentos de
dois momentos distintos da vida. Um sem filhos e outro com.
De um para outro, mudam-se a
quantidade de pessoas, as atividades, a dinâmica. Um, é tranquilo, estático e
planejado. O outro é rápido, cheio e com imprevistos...
De ambos há coisas para se sentir
saudades: de um, a calmaria, o tempo para se fazer tudo tranquilamente, de se
planejar e realizar. De outro, a correria (sim, é difícil, mas dá saudade) os
momentos juntos, a amamentação, as brincadeiras, a alegria de ver outros
felizes com algo simples!
Procuro viver intensamente cada
momento porque tenho consciência de que vida muda. A rotina que vivo hoje
provavelmente será diferente daqui a algum tempo. Já percebi isso porque tenho
duas filhas e de uma para outra vi que muitas coisas não voltam.... Também sei porque
os avós nos relatam o quanto sentem falta da rotina com filhos.
O bom de se ter mais filhos é isso:
poder reviver aquelas situações mágicas, para quais não dávamos valor ou não
tínhamos consciência de que passariam tão rápido na primeira vez. E poder aproveitá-las
ao máximo, com um sorriso bobo e sob olhar de quem acha que você é louca...
Vale lembrar de que nem tudo são
flores. Claro! Há momentos em que penso que vou enlouquecer? Sim. Mas sei que
tudo passa. E posso, no futuro, sentir falta até disso! Para mim, tudo está no
pacote “TER FILHOS”, que escolhi receber e que preenche o meu coração.
(Nina Marinho, mãe da Mari e da
Analu)