(Re)Descobrindo o mundo aos 40... graças a ele!

Hoje o Face lembrou à minha irmã de um momento muito especial pra ela e pra mim... Há 2 anos, Isadora conhecia o irmão pela primeira vez, após 28 dias de nascido. Foi lindo ver os dois juntos. Foram segundos (pois ele ainda estava internado), mas o suficiente para marcar este dia 02/04. 

Hoje também é o Dia da Conscientização do Autismo, e meu sobrinho não é autista,  mas é especial. Ele teve paralisia cerebral e outro diagnóstico que realmente não sei qual é.

Ninguém nasce tia de um dia para o outro, a gente acompanha a barriga da irmã (ou cunhada, ou amiga, ou prima ou colega de trabalho) crescer, faz o chá de bebê, compra infinitas roupas e mimos, lava aquilo tudo e quando pode ajuda até no enxoval! Assim foi com a gestação da Isadora. Houve todas essas etapas.

Quando minha irmã descobriu que estava grávida do Heitor foi uma surpresa, pra todos e inclusive para ela mesma. Fiquei me peguntando: como será ser tia de um menino? Afinal, desde sempre o universo feminino foi reinante em casa, já que somos três filhas, mamãe e, até então, a Isadora. Começamos os preparativos, compra isso, compra aquilo e combinamos de fazer o chá para depois (então, ele resolve nascer de 32 semanas... prematuro... e em plena terça feira de carnaval, com todos viajando: eu, meus pais e  minha outra irmã).

Eu estava em BH, e, depois de muitas tentativas, minha irmã Paula (que mora no Rio e que estava indo às pressas para Cabo Frio) me fala que a Carine (mãe das crianças) estava à beira da morte, dando à luz no Hospital da Mulher. Bate o desespero e a impotência de não poder fazer nada. Só me restava pedir a Deus vida para meu sobrinho e irmã.

Peraí, não era para ser assim. Cadê a calmaria do nascimento da Isadora? Cadê a festa do chá? Cadê as roupinhas agora em tons de azul no varal? Não teve nada disso, Heitor saiu (da barriga) na terça de Carnaval e só voltou pra casa no Domingo de Páscoa. Foram dias longos e angustiantes. Mas ele venceu! O guerreiro lutou bravamente e hoje é um menino lindo e saudável.

Aí se você  me pergunta como é ser tia de uma criança especial? Eu respondo:  é diferente e muito legal. Por que cada dia é uma vitória, fora que ele tem outro ritmo de aprendizagem. Heitor me trouxe um mundo novo aos meus 40 anos de vida e isso é fantástico! 

Lógico que fico ansiosa...  queria as coisas do meu jeito, mas Deus,  através do Heitor, me mostra diariamente que se tudo fosse igual  a vida seria muito sem graça e previsível.

Sei que temos muitas lutas pela frente, um mundo todo especial a desvendar, mas Heitor sabe que pode contar com sua família e com sua tia coruja. aqui! 

(Flávia Damas - tia mais do que coruja do pequeno e especial Heitor)