Em qualquer época da história da humanidade o brinquedo
foi algo indispensável para o desenvolvimento do ser humano. Meus pais contavam
que, devido às dificuldades econômicas, eles mesmos montavam os carrinhos feitos de
madeiras, bonecas de pano ou de milho verde, além das brincadeiras inventadas
que os divertiam muito.
As gerações posteriores não vivenciaram tais problemas
dessa forma, pois a tecnologia em parceria com o capitalismo trabalharam juntos
para oferecer às crianças um leque de possibilidades lúdicas, umas estimulando a
imaginação, outras, nem tanto. Embora o objetivo geral do brinquedo seja o
entretenimento, há uma função mais específica em seu manusear, cuja
criatividade pode ser necessária ou não.
Durante algum tempo, vamos oferecendo aos filhos o que
consideramos pertinentes à idade deles. Eu não descarto os carrinhos, bicicletas,
pipas, bolas nem as bonecas e acessórios das casinhas, mas sempre simpatizei
com brinquedos criativos ou aqueles que exploram a fantasia da criança ao serem manuseados. Mesmo assim,
não fui tão seletiva e mostrei várias opções, deixando (quando possível), a escolha por conta deles.
Por isso, minha
casa nunca pareceu um centro cirúrgico, os brinquedos reinam...
Brinquedos intocáveis e guardados em caixas, somente o período em que estavam nas lojas. Depois que iam para o nosso lar, seu universo
se estendia aos cômodos e quintal e
entravam em nosso contexto. Eu, ora participava das brincadeiras com meus
filhos, ora fazia valer a autoridade materna, solicitando a organização daquela
bagunça colorida e deliciosa.
O Danilo possuía muitos brinquedos, os quais somente viviam
seus minutos de glória e prioridade no
momento em que os ganhavam, ou seja, ele não se importava em vê-los nas mãos de
outras crianças, não era possessivo, tampouco
cuidadoso com os seus pertences. Gostava de brincar com alguém e não sozinho. Havia
os tradicionais (carrinhos, bolas); sonoros (instrumentos musicais e outros) e
os mais moderninhos: lúdicos (jogos e de
montar); bichos, trenzinho e carros de controle de remoto e/ou à pilhas, livros-brinquedo,
espadas, vídeo-game... Quando ganhou o primeiro triciclo ele ficou encantado! Pedalava de um canto para o outro em
movimentos circulares fazendo peripécias com essa nova aquisição. A meu ver, foi o brinquedo que ele demonstrou mais
entusiasmo. Depois, veio a bicicleta para umas voltas e aventuras pelo bairro.
Entretanto, ao perguntar ontem qual sua preferência em
relação aos brinquedos que tivera, surpreendi-me quando afirmou que era o
trenzinho movido à pilha. Faz sentido: ele sempre foi fascinado por velocidade.
O tal trenzinho sobreviveu heroicamente à infância e adolescência do Danilo. Aos vinte anos foi pai, e seu filho (Gabriel) também usufruiu desse privilégio (com restrições, é
lógico!).
A Grande Miúda Patrícia teve os mesmos mimos do irmão em
relação à diversidade de brinquedos, porém acrescentando: carrinhos e outros
acessórios das “tantasss” Barbies e outras bonecas, muitos bichos de pelúcia; móveis de madeira
para brincadeiras de casinha; a indispensável bicicleta, livros-brinquedo, canetinhas
para riscar as bonecas e as paredes, etc. Tinha acesso a todos os brinquedos do
irmão e às vezes brincavam juntos (até desencadear uma briguinha básica).
Existe até hoje em casa uma boneca que ela deu o nome de Viviane (em homenagem
a uma vizinha de que ela gostava muito) e foi a única não doada. Contudo, quando
perguntei a ela qual o brinquedo que marcou sua infância, respondeu que era
aquele que mais estimulara sua imaginação e por isso a carregava sempre consigo:
a casinha da Ninoca. E explicou que se divertia muito ao criar as roupas de
papel e vestir a Ninoca, reinventando situações
na casinha e compartilhando as emoções. Esse livro-brinquedo foi adquirido uma vez
em que fomos juntas à editora Ática e, enquanto eu escolhia uns livros, minha filha apaixonou-se pela
novidade e eu lhe dei de presente.
Há outro fato marcante referente ao tema com outro
protagonista: o Gabriel, meu neto. Os brinquedos que ele possuiu e possui representam,
em média, o dobro em relação ao pai e à tia. Nadava em brinquedos variados, porém
quando pequeno sua paixão pelos dinossauros era impressionante. Conhecia todos os tipos e
características de cada um, sabia tudo sobre esses gigantes e antigos habitantes
do planeta. Dizia que seria paleontólogo para saber mais sobre eles. Em casa tropeçávamos
em dinossauros por todos os cantos: brinquedos, livros, filmes, revistas,
desenhos, etc. Gabriel foi levado a exposições desses bichos para saciar sua
curiosidade e encanto. Uma das suas festas de aniversário teve o tema e não foi
nada fácil conseguir montar. Com o tempo, ele se interessou por outros
assuntos, aderiu à tecnologia (adora jogar no computador e vídeo-game), mas até
hoje quando vê algo sobre dinossauros fica atento. Pensei que esse fascínio faria
do dinossauro seu favorito e me enganei novamente: ele esclareceu que o Lego é o melhor brinquedo.
Deve ser pelas infinitas possibilidades de criação: montar, desmontar e
remontar. Um brinquedo que não possui um fim em si mesmo, ele é um instrumento
para a imaginação voar quantas vezes forem necessárias.
A infância, esse período do possível, atua de forma
mágica, pois capacita a criança a lidar com o mundo adulto. Ao brincar, ela
reflete suas experiências de vida e consegue reconstruir sua realidade a partir
do seu olhar e dos seus anseios. Os brinquedos vão além do entretenimento: são
companheiros que auxiliam na compreensão de si, do mundo e
das demais pessoas. Não é justo negar
aos filhos esse direito...
(Zizi Cassemiro - mãe do Danilo e da
Patrícia; avó do Gabriel e do Johnny)
Lindo texto, realmente todos os pais devem assegurar aos seus filhos esse direito de brincar.Como você bem disse,as brincadeiras auxiliam na formação das crianças, não devem ser consideradas mera diversão.
ResponderExcluirObrigada, Elizabete.
ExcluirAté nós, adultos, quando podemos, brincamos também. Tem coisa melhor?
Que doçura de texto!!! A magia dos brinquedos é mesmo impressionante!! Como isso produz um efeito tão espetacular na vida dos nossos pequenos! Eu digo isso, porque eles também me fascinam! Realmente vão além do entretenimento!
ResponderExcluirQue lindo que os seus pequenos foram felizes com os brinquedos, isso não tem preço!
Amei o texto!! Tudo perfeitinho!!! Obrigada por compartilhar com a gente tão incríveis momentos!!!
Obrigada, Maria. Tão bom compartilhar e aprender com todas vcs lições do dia a dia, principalmente valorizar os momentos em família, até os mais singelos. Vamos brincando um pouco com as palavras de uma forma saudável, lúdica e com verdades que conhecemos muito
ExcluirComo sempre, arrasando! Texto delicioso! E adorei os seus "enganos" com relação a cada brinquedo preferido de cada um deles... Uma delícia ver a visão de cada um... cada ângulo... e às vezes o óbvio não é tão óbvio assim! Somos surpreendidos e como adoro isso! Acredito que vc tb, né?
ResponderExcluirTambém não tive tantos brinquedos, mas nem me fizeram falta, sinceramente. Criatividade é a saída para termos brinquedos diferentes... únicos... só nossos... mágicos... Uma mera caixa de uva (daquelas de madeira, que vendiam nas portas) pode virar uma cama para uma boneca, uma arca, uma estante, um palanque... e por aí vai. Tudo muito rico...
Concordo plenamente que brinquedos são companheiros, amigos queridos e que ficam marcados em nossos corações... sempre... num lugar muito especial... e não só temos que dar esse direito aos nossos filhos, mas a nós também o de brincarmos juntos, voltarmos a ser crianças... Por que não? Eu adoro! Confesso!
Beijos mil e valeu por ter corrido aqui pra brincar... ops... pra postar! Adorei!
Obrigada, Dequinha...sempre nos elevando! Sou muito grata pela força!
ExcluirEu tb não tive tantos brinquedos, pois parte da minha infância vivi no Ceara e lá as coisas eram bem difíceis. Mesmo assim não deixei de me divertir, pois se não houver brinquedos, para que serve a nossa fértil imaginação? Kkkk
Meus filhos tinham tanto brinquedo que nem havia lugar para guardá-los; meu neto então.... Já doei tantos e há um arsenal no quarto dele kkkkkk
Os únicos brinquedos que nunca curti são os video -games....detesto!! Mas eles gostam....fazer o quê?
Muito bom ! Fase boa essa de brincar. Engraçado que pensamos que os filhos gostavam mais de um brinquedo e nos surpreendemos com suas lembranças.
ResponderExcluirÉ verdade! Eu me enganei com os três, mas não tem problema, a verdade é que eles brincaram bastante e se divertiam com tanta coisa. Nunca sabemos ao certo o que se passa no interior de uma pessoa...apenas deduzimos.
ExcluirBrincar faz bem para qualquer um, até para nós adultos que sofremos tanta cobrança do mundo...
Obrigada pela paciência em ler o texto(longo) kkkkk
Tão gostoso ler o que vc escreve ... Sempre valorizei o momento brincar. Eu brinquei mais do que meus filhos... Acho que a tecnologia vem afogando um pouco as brincadeiras . Adoro ler o que vc escreve !!! Beijos
ResponderExcluirMuito obrigada pelas palavras tão doces e por gostar dos meus escritos...
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