Costumo brincar que eu era excelente mãe, até o Miguel nascer! (risos) Impressionante como a gente parece ter solução para todos os problemas dos outros, fórmulas mágicas para os filhos dos amigos, para os nossos sobrinhos e por aí vai! Tudo parece ser muuuuito fácil, até a gente ter nossas próprias crias. No meu caso, menos pior: minha própria cria -- no singular. Um só, mas que vale por dois (ou mais). Tantos dilemas... e sei que muitos outros ainda me esperam! Coragem, Dequinha! (risos)
No fundo, todo mundo queria poder ser sempre uma mãe controlada, equilibrada, zen, então confesso que sofro quando perco a paciência ou que preciso dizer NÃO, e isso parece doer muito mais em mim do que nele, que logo esquece e me abraça, enquanto eu fico ruminando e com o coração apertado por um bom tempo, principalmente quando me excedo e acabo gritando e até batendo! Foram raras as vezes em que precisei bater, ao contrário de minha mãe, e nunca bati com outra coisa que não fosse a mão! Nada de chinelada nem cipó, objetos que tanto remetem à minha infância!
Pra ser sincera, não tenho muito do que reclamar do Miguel. É uma criança boa, pura, carinhosa, nunca foi de bater em ninguém nem de morder, nem de fazer pirraça nos lugares nem de se jogar no chão e espernear (acho que eu o pegaria pela orelha, porque acho suuuuuuper feio!). A única coisa que me irrita nele é a teimosia, mas basta o segundo grito para ele baixar a bola. (risos)
Além disso, também me irrito com a mania que tem de fingir que não está ouvindo quando lhe convém... fica distraído... no mundo da lua... Como sou ligada no 220, me emputeço também com a lentidão dele em fazer as coisas, assim como ele fica irritado com a minha pressa e rapidez para tudo. Conviver é cada um ceder, independente da hierarquia presente na relação de "mãe e filho". Tenho tentado educar o meu filho para que seja um ser humano de bem, que respeita as pessoas, que é carinhoso com todo mundo, agradável no trato, mas, acima de tudo, noto que ele também muito me educa, numa deliciosa e rica troca!
Com ele, tenho percebido que não posso querer que tudo saia do meu jeito, porque ele também tem as suas escolhas... de roupa, de brincadeira, de sonho, de livrinho, de passeio, de amiguinhos preferidos, de comidas, de músicas... é um mundo paralelo ao meu, e que a cada dia mais eu vou perdendo o poder de controlar, de invadir. Só me resta orientar, aconselhar... gritar de vez em quando, ameaçar colocar de castigo ou dar umas boas palmadas (risos)... ou simplesmente reconhecer que também erro e, claro, ceder, entrar em um acordo civilizado.
(Andreia Dequinha - a mãe que "apanha" um bocado para educar o Miguelito)
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