Pequeninos, frágeis e
dependentes: dessa forma eles chegam até nós. Que responsabilidade em nossas
mãos! Desde o momento em que demos o “Sim” à maternidade, a vida se transforma
em: alegria, amor, atenção, cuidados, dedicação,
ensinamentos, preocupações. Essas coisinhas miúdas e grandiosas, magicamente,
se apossam do nosso coração, regendo os pensamentos, definindo as atitudes,
porque são, sem dúvida alguma, nossa prioridade sem prazo para vencimento.
O ritual se inicia e lá estamos à
frente de cada fase: os cuidados com a alimentação e higiene, os primeiros passos, a pronúncia das palavras...
Os olhinhos atentos dos miúdos tentam acompanhar e muitas vezes nos imitar. O
que sai? Ao invés de palavras, ruídos
guturais incompreensíveis que somente uma mãe consegue depreender. Entretanto,
isso não basta. Há um mundo lá fora no aguardo do processo interativo que
precisa ser pleno o suficiente para suprir as exigências comunicativas desse
nosso mundo moderno, tão cheio de padrões e rótulos quadradinhos.
Tais inquietações me acompanharam
nas fases em que meus pequenos começaram a produzir os primeiros textos orais,
que mais pareciam uma mistura de “nhem-nhem-nhem” com ”zum-zum-zum” e “blá-blá-blá”
(não necessariamente nessa ordem...). Não deixa de ser uma brincadeira
divertida, esse primeiro ensaio das
palavras. Aliás, acredito que boa parte dos vocábulos nasceu das onomatopeias.
Algumas coisas marcam quando as
crianças chegam nessa fase: as vogais, por exemplo, são mais enfatizadas na pronúncia infantil:
“aua” é mais fácil que água; algumas palavras são cortadas pela metade,
destacando a sílaba tônica; passarinho
vira “Titi”; uma quantidade grande de água é rio. Por esse motivo, quando o
Danilo gritou desesperado para a avó: “O Titi caiu no rio”, ela achou graça e
não socorreu de imediato o coitado do passarinho que ele havia derrubado com
gaiola e tudo dentro do tanque cheio de água. Felizmente o bichinho foi
socorrido e escapou da morte, porque o Danilo conduziu a avó até a área de serviço
e mostrou-lhe o que realmente havia ocorrido.
Além do relato acima, o meu
sapeca protagonizou outras cenas com sua hilária linguagem, todavia, não me lembro de tudo com detalhes (Afinal
são 32 anos atrás...), mas sei que o aperfeiçoamento da pronúncia dele ocorreu
naturalmente com o decorrer dos meses e anos seguintes. Foi durante esse
momento transitório que recebeu como presente alguém para multiplicar as
descobertas: a irmãzinha Patrícia.
Pequena e esperta, ela aprendia
muito rápido tudo, pois tinha um professor de plantão que precisava urgente de
uma parceira para as traquinagens. Entretanto, quanto à questão da linguagem dessa
Pequena Notável, foi necessária a orientação de uma especialista (fonodióloga)
para ajudá-la a distinguir algumas letras e fonemas: c/g, v/f, t/b, que ela
trocava na fala e na escrita. Alguns meses de treino e exercícios específicos foram
suficientes para corrigir esse detalhe linguístico. Para quem sempre fez
questão de expor seus pensamentos, agora com a dicção corrigida, não economizou
no discurso, queria esgotar o estoque de verbos, substantivos, adjetivos...
Meu neto Gabriel também apresentou algumas dificuldades na pronúncia
de alguns fonemas: x/j, t/b.
Quando eu ouvia essas trocas, eu o corrigia e pedia que ele repetisse
com atenção. De uns tempos para cá, percebi
que ele superou tais dificuldades e sua fala não possui mais aquele tom infantil. Além dos
mimos típicos de vó, lógico, eu também considero essencial diálogo contínuo com
as pessoas da casa para que os filhos, assim como os netos, participem dos
assuntos, opinem e possam também aperfeiçoar a expressão oral.
Enquanto observo filhos, netos, e contemplo essas duas gerações, vejo como os
anos obedecem à toada melodiosa e incansável do “ tic-tac “do tempo, na qual algumas lembranças se acumulam,
outras se perdem e depois se escondem em
alguma parte da memória. De pequeninos, frágeis e dependentes, passam à
crescidos, nutridos e independentes,
encarando hoje, em suas vidas,
desafios que outrora a protagonista era eu.
(Zizi Cassemiro - mãe do Danilo e
da Patrícia; avó do Gabriel e do Johnny)
Realmente são etapas fantásticas, pelas quais todas nós, mães, passamos. São fases encantadoras, cada uma com os seus desafios, e nós prontíssimas para dar a cada uma delas, o nosso melhor, a atenção necessária para que os nossos pequenos recebam a devida segurança, para uma saúde física e emocional perfeitas!!
ResponderExcluirSeu texto como sempre, é uma melodia, uma escolha mágica de palavras, que me faz viajar!
Parabéns pelo talento incrível que você tem com as palavras, realmente, uma afinidade espetacular!! Um desfecho em grande estilo!! Adooooooorei!!!
Os nossos filhos não queriam "instalar" sozinhos algumas letras, não é? Kkkkkkkkk . Aqui em casa, o Danilo corrigiu-se sozinho, mas a Paty não. Tivemos que procurar uma fono. Porque sabemos que na escola os colegas ficam rindo, colocando apelidos, e a gente fica chateada.
ResponderExcluirMas o importante é que são águas passadas que serviram até como inspiracão para o nossos textos da semana.
Obrigada pela gentileza e doçura nos comentários. Vc é uma fofa!