quinta-feira, 21 de julho de 2011

Superação!



Férias, janeiro de 2001. Observava meu filho brincando no quintal quando percebi que mancava de uma perninha, de um jeito muito estranho. Não me liguei muito na hora, preparando malas para uma viagem que faria com eles. Já no meu destino, casa da minha irmã no norte do Paraná, percebi outra vez a mesma situação e meu coração de mãe sentiu que não era uma coisinha à-toa. O Lucas estava com 4 para 5 anos e não reclamava de nenhuma dor. Assim mesmo, procurei um médico que fez alguns exames e viu que era um probleminha no quadril. Voltei imediatamente a Curitiba e procurei um Ortopedista recomendado. Descobri que meu filho estava com uma doença chamada Leg Perthes, que é caracterizado por uma necrose da cabeça femural. Enfim, meu filho não poderia voltar a andar enquanto não voltasse a jorrar sangue na articulação do fêmur! Uma doença de causa indefinida, sem prazo definido e nem muitas pesquisas.

Perdi o chão quando soube. Como falar aquilo para meu filho? Como tranquilizá-lo, se teria que usar um aparelho para imobilizar as pernas e ficar em uma cadeira de rodas por tempo indefinido? A presença Divina veio através de um médico que primeiro fez todo um trabalho comigo. Colocou-me em contato com outras mães que narraram a mesma experiência com seus filhos, e somente me deixou falar com o Lucas, quando a aceitação já havia acontecido dentro de mim.

Foi um momento muito difícil nas nossas vidas! Ele ficou 10 meses sem andar, mas preferiu continuar na escola e procuramos não mudar muito a rotina de vida dele. Quando voltou a andar parecia um bezerrinho quando vai se levantar a primeira vez, não tinha forças nas pernas (apesar da natação nesse período). O dia que o médico o liberou do aparelho, foi o pai e a avó que o levaram. Quando cheguei em casa do trabalho, ele estava escondido atrás da geladeira fazendo a maior força para se firmar em pé para me surpreender. Nunca esquecerei essa imagem...e até hoje não consigo conter as lágrimas ao lembrar.

(Mariuza Freire)

8 comentários:

  1. Mariuza, o amor de mãe é tão único e singular que, se pudesse, desviaria qualquer problema (principalmente os de saúde)para si mesmo. Queremos proteger nossos filhos de qualquer jeito e ficamos arrasadas quando isso não é possível. É difícil, ou melhor, impossível não se emocionar com a sua história. Graças a Deus que essa fase tão difícil faz parte do passado.

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  2. Mariuza,
    Fiquei imaginando a cena: seu atrás da geladeira querendo lhe fazer uma surpresa e sua emoção ao vê-lo sem o aparelho. Emocionante sua história...

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  3. Imagino o quanto foi difícil para você e para seu filho! A tristeza vem, mas a alegria e a emoção de ver seu filho andar de novo recompensou tudo, não é mesmo?

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  4. Nem preciso falar nada, né, Mariuza?? rs
    Me emocionei muito e agora vou sonhar com essa cena da geladeira! Henrique saindo de lá mostrando que conseguiu andar...ahhhhh, que lindo!

    Amei
    Beijocas

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  5. Mariuza, que lindo texto! Muito emocionante! Que bom que o final foi feliz! Deus é o nosso único refúgio!!!

    Bjos

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  6. Sabia que a proposta deste blog seria muito interessante para cada uma de nós! Estou sabendo de muitas coisas sobre minhas amigas... e que talvez não descobrisse se não houvesse essa possibilidade aqui!

    Às vezes há momentos em que parecemos enxergar além do alcance! Coração de mãe que guia, amplia, foca, tudo ao mesmo tempo. Ainda bem que foram fortes o bastante para lidar com um momento tão difícil assim como este!

    Linda imagem e perfeitamente narrada por vc, tanto que me reportei a ela, como se lá estivesse, e chorei demais. Digna de filme! Beijos para vc e pro seu filhote.

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  7. Mariuza, fui lendo e "ouvindo" a música Carruagens de Fogo!!! Nossinhora, que aperto no coração você teve, né, aqueles meses todos!!!
    E foi gostoso te ler, o fio da narrativa foi muito bem conduzido!! Beijim procê!!!

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  8. Meninas

    Foi um momento de grande aprendizagem na minha vida. Longos passeios empurrando uma cadeira de rodas, o Felipe ia sentado no colo do Lucas, fazendo carinho, beijando (babando...rs) e falando que o amava. As melhores conversas que tive com meu filho na infância aconteceu nesse período.

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