segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cortando (várias vezes) o cordão...


Nunca entendi tão a fundo a expressão popular "cortar o cortão umbilical" até Miguel nascer. Nunca imaginei também a intensidade da dor ao cortá-lo e menos ainda sabia que existem vários cortes durante cada fase!

O primeiro corte acredito que tenha sido na hora do parto, quando a obstetra pega aquela imensa tesoura e torna dois o que o que até então era um só ser, interligado. Logo depois disso há um outro corte, que é você não querer se desgrudar do seu filho e ele precisar ser levado pelo pediatra, para voltar todo limpinho e arrumadinho para você. Tudo isso no mesmo dia! Dureza!

Ao contrário de muitas pessoas, eu que dei o primeiro banho em meu filho, apesar do medo e da insegurança. Fiz questão de dar. Confesso que só duas pessoas deram banho nele na primeira semana: minha irmã e a vovó paterna, mesmo assim eu morri de ciúmes, confesso. Até hoje monopolizo esses momentos! E um belo dia, depois de tirar a fralda delezinho para dar banho, foi que caiu na minha mão o seu umbigo. Tudo sequinho e devidamente cicatrizado, mas entrei em desespero e como chorei! Não sei ao certo explicar o que senti - uma mistura de emoção, de perda, de tristeza, sei lá!

O outro corte foi a primeira vez em que voltei a trabalhar e tive de ficar um bom tempinho longe dele. Doeu, mesmo sabendo que eu o encontraria, e bem cuidado por mamãe, quando chegasse em casa, assim como doeu muito também o dia em que foi passar dia com a minha irmã e saiu, todo metido e independente, me dando tchau e tudo!

Agora fico esperando novos cortes do cordão, já que não posso evitá-los. Suspeito que seja a ida dele para a escolinha e a retirada do peitinho. Só não faço ideia de qual acontecerá primeiro, se bem que isso pouco importa: ambos doerão, não tem jeito, e preciso me acostumar, porque ser mãe é precisar cortar o cordão umbilical inúmeras vezes... e o que me consola é saber que nada nem ninguém (nem mesmo a passagem do tempo) poderá desfazer aquele buraquinho chamado umbigo, que nos faz lembrar de que só estamos aqui porque alguém muito especial nos alimentou (e nos alimenta) através do cordão umbilical. E em pensar que ainda existem pessoas que perdem tempo olhando pro seu próprio umbigo sem se reportarem a isso!
(Andreia Dequinha - mãe do Miguel)

8 comentários:

  1. Lindo e emocionante texto,Dequinha. Concordo com os vários "cortes" dolorosos, porque tenho (e como!!) conhecimento de causa. Eu sou mais babona ainda: não sabendo o que fazer com os cordões umbilicais dos meus dois filhos, guardei-os em casa, nunca me desfiz deles.Não sei ainda o que fazer, enquanto decido....continuam em algum lugar aqui em casa, guardadinhos.

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  2. Dequinha,
    depois de séculos dem comentar, cá estou eu...
    Eu já passei por esses cortes que vc mencionou que anda passará. O do peito, foi meio inevitável e praticamente imperceptível, já que desde 1 mês de vida, complementei com mamamdeira, já que não dei conta... Assim, com 6 meses, foi mesmo a hora de comidas e afins... Já o da escola doeu demais!!! Tem semana de adaptação, eu sei, mas fiquei super mal... Eu queria ficar lá no muro o dia inteiro!!! kkkk Depois, vc vai ver que tem coisas mais traumáticas, como o dia que me ligaram da escola para avisar que ela tinha caído e se machucado (agora, todas as vezes que o telefone toca e ela está escola, me dá um calafrio!!!). Mas tudo isso, é ser mãe. E nós já estivemos do lado mais fácil, que é o de ser filho. Ou vai me dizer que vc se lembrava de sua mãe quando estava se divertindo de montão na escola??? kkkkk
    Lindo seu texto. Fico já pensando o que irei escrever, já que vc resumiu de forma brilhante essa questão do cordão...
    Beijos, amiga!

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  3. Ai ai, Dequinha... fiquei com o coração apertadinho aqui depois de te ler, porque cada corte desses é uma facada mesmo... Preciso me controlar e não sofrer por antecipação, pensando nos cortes vindouros.
    Belo texto!!! <3

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  4. Lindo texto, Dequinha! Estava totalmente sem noção do que escrever sobre esse assunto, já me inspirei...rsrsrs.

    Beijo querida

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  5. Amiga, amei seu texto e como escrevo logo depois de você fiquei sem vontade de escrever nada. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Eu já cortei este cordão tantas vezes, ai ai ai, é dureza mesmo. Mas sempre penso que o que realmente importa é que ele esteja feliz.

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  6. Dequinha, lindo texto! concordo plenamente com o comentário da Mariuza! Agora jé tenho inspiração também! rsrsrsrs

    Bjos!

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  7. MA RA VI LHO SO seu texto, índia!! Muito, muito emocionante mesmo! Eu também não tinha ideia do que era a expressão "cortar o cordão umbilical", mas também confesso que doi mesmo esse rompimento...
    O último parágrafo de seu texto está um arraso! Demais! Me emocionei tanto...

    Beijos

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  8. LIndo texto, Dequinha! Eu creio que o momento em que o cordão umbilicam é cortado deve ser difícil, pois é o "primeiro" dos afastamentos entre filho e mãe e outros aos poucos vão surgindo, mas creio que é uma distância simbólica, pois os laços que ligam o filho à mãe são eternos.

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