domingo, 25 de setembro de 2011

Devagar e sempre


Quando venho aqui aos domingos escrever o último post da semana, tenho a preocupação de não ser repetitiva. Afinal, não tem nenhumíssima graça ficar lendo as mesmas idéias, ainda mais se requentadas, e o blog ia ficar com cara de paráfrase! Mas ontem vim aqui rapidinho para ler minhas companheiras e fiquei apreensiva, porque creio que tudo que há no inconsciente coletivo sobre aprender com os filhos elas já colocaram, e muito bem, aliás!

Revisitando os guardados nas lembranças, percebo que o aprendizado vem em doses homeopáticas, já que, eternas alunas que somos, não assimilamos de uma vez só aquela enxurrada de informações. Analisando mesmo, vejo que muita coisa estará sendo aprendida ad eternum, dependendo da idade dos nossos filhotes:  paciência para ouvir as mesmas desculpas pra não saírem da cama cedo ou não terem feito o dever de casa; tolerância para engolir as negativas para os pedidos de botar e tirar a mesa do almoço ou guardar as roupas espalhadas; humildade para reconhecer que me excedi e gritei demais ou fui muito dura; desprendimento porque estão a sair por aí, experimentando suas pernas e suas vontades, tomando decisões por si; resiliência quando estou prestes a explodir e preciso me lembrar que a adulta sou eu e que esperam de mim serenidade, equilíbrio, conforto e colinho.

Aprendemos muito sem nos darmos conta, é inerente à maternidade. Ficamos assombradas com a força e a sabedoria que se apoderam de nós em alguns aspectos e, por outro lado, com a completa ausência delas em muitos momentos... Não conseguimos quantificar nosso aprendizado e, ao mesmo tempo, sabemos que ele acontece, sentimo-nos engrandecidas por isso.

E é pela absoluta falta de palavras para concluir a minha fala que tomo as de José Saramago:

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo".              
       (Else Portilho)

6 comentários:

  1. Else querida.
    Seu texto é sempre uma reflexão divertida e muito bem escrita.
    Dessa vez você foi mais séria, mas também singular. Muito bom, como sempre.

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  2. Querida Else, sempre espero ler um post divertido quando você escreve, mas vejo que também sabe escrever com seriedade. Este é um ótimo post de reflexão. Adorei! Bjos e tudo de bom!

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  3. Realmente é um porre a gente ler várias vezes sobre a mesma coisa, mas vale lembrar que muitas vezes temos historias parecidas como mães e isso não rouba o valor de nenhuma, né? Até pq cada uma tem o seu estilo... e como vc é singular, amiga! Escreve de um jeito leve até mesmo quando fala de algo pesado. Transformador! Mágico! Sempre aprendo algo com seus posts, acredite! E como amei as palavras (bem lembradas) de Saramago, lindas, mas não tão lindas quanto as suas, pelo simples fato de ter a melhor e mais preciosa das molduras: o ser mãe! Sou fã mesmo! Beijos.

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  4. Saramago disse palavras lindas, mas Elsinha, você foi encantadora nas suas!! Amei, principalmente, o segundo parágrafo....quanta sensibilidade de e verdade em suas palavras.

    Beijos, queridaaaaa!

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  5. Else, se Saramago soubesse o que sai da Else, usaria os textos, as ideias dela para colorir as dele. Não que ele não seja ótimo, ele é, mas você é Brilhante com humor ou com seriedade.É difícil mesmo escrever sobre um tema depois de uma semana da exploração do tema por diversas mães altamente capacitadas. Eu fico toda apreensiva e confesso que muitas das vezes o meu texto sai em cima da hora porque não consigo ou não sei o que escrever. Acredita?? Você nunca foi repetitiva, consegue fazer uma reflexão de forma leve e bem humorada.Parabéns pelo texto e por mencionar o Grande Saramago;))

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  6. Else, como sempre seus textos são encantadores!!!
    Parabéns!
    "E o SENHOR te guiará continuamente..." Isaías 58:11

    Bjos

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