sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Eu tenho a força


Bem que me avisaram e eu não dei importância. Depois que você vira mãe, você paga com a língua. Tudo aquilo que você, enquanto tia, madrinha, vizinha via e achava abominável nas outras crianças, um dia, aliás, um terrível dia você cai na real e percebe que ser mãe é “outros quinhentos”.
Eu sempre dei má nota às criancinhas infelizes que resolviam tudo na porrada. Achava o fim; subia uma raiva em mim e dava vontade de dar uma chacoalhada na criancinha, já que não podia bater no filho alheio. Nos pais das criancinhas dava vontade mesmo de dar uma lição de como educar seus filhos.

Trabalhei numa creche quase um ano com crianças de sete meses até quatro anos. Pasmem, mas  criancinhas de toda faixa etária resolviam seus perrengues com tapas, mordidas, puxão de cabelo e outras porradas mais. A pedagoga explicava aos pais dos agredidos que aquilo era uma fase, que não adiantava reclamar com os pais dos agressores e pererê caixinha de fósforo. Revi meus conceitos e melhorei muito a visão que tinha das criancinhas infelizes que resolviam tudo na base da porrada, mas continuei com vontade de abordar os pais, dos pequenos , na saída da creche e dar uma lição de como educar  filhos que estão na fase do resolvertudonabasedaporrada.

Hoje sou uma nova mulher. Sou mãe e consigo enxergar o mundo com outros olhos. Olhos de mãe que compreende outra mãe. Cumplicidade, sabe? Sem julgamento. Tipo, o meu não faz isso, mas consigo compreender sua aflição ou então, o meu já passou por essa fase. Isso passa!
Então, contei tudo isso para chegar neste ponto: MEU FILHO BATE NOS COLEGUINHAS E EU ODEIO ISSO NELE!! Pior de tudo é que me coloco no lugar dos pais das crianças agredidas e compreendo toda indignação deles, até quando pedem para seus filhos revidarem. Não concordo, mas compreendo. Sem julgamentos, lembram?
Não bato no meu filho (ooooooooooooooooh!) porque acho contraditório pedir que ele não bata, batendo. A minha única arma é a conversa. Converso muito com ele, mas fico triste quando minha conversa não serve pra nada. Fico triste, já chorei de raiva dele, de mim, dos outros – por não entenderem que é só uma fase etc e tal -  e porque eles temem que seus filhinhos brinquem com minha criancinha que está na fase do resolvertudonabasedaporrada e isso parte o meu coração.

Converso muito com ele, explico que fico triste e os coleguinhas também. Confesso que nem sempre tenho essa calma. Sou ser humano e muitas vezes perco a paciência. Depois de tanta conversa ele já melhorou bastante. Consegue brincar um dia inteiro sem bater no coleguinha. É uma vitória para nós dois. Quando o amiguinho vai embora,  eu abraço o filhote e digo que estou muito feliz, ele olha pra mim e nós sorrimos de felicidade. Eu por diminuir a força do He-Man e ele por alegrar She-Ha. Ou seria Feiticeira?
                                               Dani Lino, mãe da criancinha que tem a força.

5 comentários:

  1. Dani, eu me vi em tantas partes do seu texto, principalmente quando menciona que seu filho faz exatamente o que vc detestava nos filhos dos outros. Não temos o controle desse bonequinho que tem vontade própria. Seu texto está muito bonito e representativo.

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  2. Realmente a gente paga com a língua! Já tenho passado por isso e detalhe: sei que ainda passarei muuuito, para o meu desespero!

    Tb achava que muitas coisas erradas que as crianças faziam vinham de pais que não educavam, mas... peraê... acho que eu educo (ou tento) e às vezes vejo Miguel fazendo exatamente isso! Afe! Hj vejo o quão injusta fui com tantos pais, meu Deus! Tb tento ser mais tolerante e não julgar... na esperança de que sejam tolerantes comigo e que não me julguem tanto, já que julgar julgarão mesmo... as que não são mães ainda, principalmente!

    Miguel não é de bater, ainda, mas odeeeio quando vira saco de pancada! Sou dessas mães que pedem sim, na cara cura, para ele revidar. Ensino que não é pra bater... primeiro... nunca, mas é pra empurrar, se fizerem isso com ele, ainda mais se for repetidamente. Ele até me obedece... mas só depois que primeiro olha para a mãe dos He-mans, como eu tb faço, na esperança de que ela interfira antes de lutarem de novo e elezinho precisar jogá-los looonge! (risos)

    Sei que são fases... naturais... que precisam ser compreendidas e orientadas... Tb não sou de bater no meu filho, mas como grito com ele, embora não quisesse fazer isso por saber que não resolve, mas... como a gente sai do sério às vezes e isso com a moldura do cansaço... só Jesus!!!! Sei que logo meu filho deverá se comportar como o He-man... e a gente tem que se "virar nos 30" para tentar orientar, né? Que Deus nos dê sempre essa sabedoria, essa percepção! Beijos, amiga! Arrasou!

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  3. Sempre nos falam que é fácil falar do filho dos outros. difícil mesmo é ser mãe e ter de educá-lo. Também acho feio certas coisas que crianças fazem, mas sei que às vezes nao é por falta de educação, mas porque cada criança tem a sua personalidade. Nem sempre os filhos fazem aquilo que os pais ensinam. Ser mãe é difícil mesmo! Uma abraço, Dani!

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  4. Dani, que bom que o seu filho sabe se defender, fique feliz, eu passei muitos perrengues com o meu filho por causa do Bullyng escolar que sofreu, justamente porque ele não sabia se defender e muitas vezes eu ficava pensando: "bem que eu gostaria de ter sido chamada na escola porque meu filho bateu em alguém e botou pra fora a raiva dele e soube se defender", mas isso nunca aconteceu.

    Você está agindo corretamente tendo essa conversa com ele, mas não deixe de pensar no lado bom, saber se defender é importante.

    "Graça e paz vos sejam multiplicadas..." II Ped 1:2
    Bjos

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  5. Dani, querida!

    É bem assim...muita conversa e não desistir! Nunca vivi~essa situação de bater em colega, mas vivi a da "indisciplina" na escola. O meu caçula dos 3 aos 10, deu um "upa" em mim. Tirou a calça em sala, rebolou, mordeu a bunda da professora, dançou forró no hino nacional, etc etc...Ficava roxa de vergonha quando me chamavam na escola. O irmão implorava para mudá-lo para outra escola de tanta vergonha. Aí... colocava o bichinho no carro e era longas voltas para poder aconselhar...porque em casa tinha Vô, Vó, Pai, Irmão...tudo para dar palpite. Foi uma fase lonnnnngaaaa...rsrs

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