domingo, 17 de julho de 2011

A idade é esta, a hora é esta!

                                     "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamas."

Brinquei de boneca até os 13 anos, comum naquela época,  mas coisa rara no século XXI. Minhas alunas me acham retardada por eu ter dado o primeiro beijo apenas aos 16 e sido mãe aos 33, visto que boa parte delas já tem alguns quilômetros rodados, o que inclui filhos, aos 15!...
  
Na adolescência, fazia planos de maternidade, não de casamento. Como meus pais não engoliriam o primeiro sem o segundo, fui aos poucos aceitando a idéia de ter de me casar um dia, mas nunca sonhei com véu, grinalda e igreja. Sempre achei as cerimônias de casamento muito “mesminhas”, enjoadas, além de uma tremenda gastação de dinheiro.  Além disso, nenhum dos meus namorados ou ficantes me apetecia, não os via como maridos, muito menos como pais.  Eles também não me viam como esposas, pois nunca se candidataram, né... E o tempo foi indo, indo, minhas amigas se casavam, seus filhos nasciam e eu fui ficando. 

Até que, tcharam!!! Apareceu o Mô!! O que me atraiu nele foi a risada, grandona, feliz. E fomos   nos envolvendo e descobrindo do que gostamos: jogar videogame,  brincar,  rir,  fazer trocadilhos,  ler,  ver filmes engraçados e comerciais inteligentes. Fiquei com vontade de ter filhos com ele!! Um ano mais tarde convidei o Mô pra ser meu marido e nos casamos em 95. Desse amor tão divertido nasceu a Talitinha em 97 e o Tariq em 2002!

Nem sei  o que teria sido dessa família se eu fosse mais nova quando  meus filhos chegaram, pois eu era bem imatura, egoistinha... Não me privaria, sem sofrimento, de horários de sono, não lidaria muito bem com o ter-que-deixar-o-melhor-pedaço-de-frango-pro-filho, entre outras concessões.  Ainda hoje custo a deixar a internet quando um me chama pra resolver  assuntos “urgentes” como levar a toalha ou um copo d’água, ai ai ai, não sou mesmo um modelo de mãe...  Aqueles poemas tipo “ser mãe é padecer num paraíso”  não são pra mim, pois não me cutucam. Não faço de propósito, mas acho muito distantes da minha correria e do que desejo para a minha prole. Sou amorosa e brincalhona com eles, mas cobro resultados, ainda que eu não seja um exemplo de organização e de esforço. Estou mais para aqueles pais maus da mensagem que postei e que permeia os meus dias.

Quando eles eram menores, nem pensávamos duas vezes antes de afastar os móveis, espalhar jornais e um lençol velho no chão pra gente pintar com guache. Um de nossos potes  gigantes é  cheio de apetrechos de massinhas de modelar. E a nossa cama sucumbiu à a última guerra de travesseiros, semanas atrás. As partidas de Uno requerem imobilidade total, nada de movimentos ousados, ou o estrado afunda de novo!

A gente fica tecendo considerações sobre “como seria se...” e tal, mas filhos vêm quando precisam mesmo vir, quando determinadas conjunções se revelam e se fazem necessárias e adequadas ao momento de cada um dos envolvidos. É Deus, é a espiritualidade mesmo que decide... Deus dá o frio conforme o cobertor, não dá nozes a quem não tem dentes, dá o fardo a quem pode carregar e tantas outras alegorias expressam isso muito bem!

Amadureço, cresço muito com eles, estou sempre me reavaliando a partir deles, ô escola boa essa a da maternidade!
                                                                                                                                           (Else Portilho)

11 comentários:

  1. Oi amiguinha... tb não sou esse modelo de mãe... e muitas vezes me cobro por isso. Adoro minhas sonecas, minhas leituras e agora essa porcaria de internet. Mas Deus escolheu um companheiro na medida certa para trilhar comigo essa tal de maternidade... ele me supera no quesito resoluções de problemas, realizar pedidos (alguns meus, é claro), é "O CARA" na cozinha (pizas, quitutes, pães, comidinhas e etc) e ainda um grande inventor de apetrechos para brincadeiras (espadas, atiradeiras, lanças, arco e flechas e tudo mais que o Príncipe desejar). Sabe... Deus sabe mesmo o q faz... me trouxe o Edu quando estava mais amadurecida, afastada da minha beligerância adolescente. E amorosa na medida certa, compreensiva e muito amiga dele. Sou sua grande confidente. É cmg q conversa sobre suas questões amorosas, o q acontece na escola, qnd quer saber alguma coisa ligada a sexualidade. Somos grandes parceiros. Acho q isso compensa a falta dos bolos deliciosos, de atender os pedidos nas horas "difíceis" rsrsrs... Bjinhos estalados c carinho, Silvia.

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  2. Else, temos pontos em comum: eu tb brinquei de boneca até os 13, namorei só depois dos 16, não tive pressa por certas experiências.
    Tem que ter sentido as nossas atitudes, assim, a idade para isso e aquilo é muito relativa.Você deixou-se seguir pelo bom senso e escolheu a pessoa certa para formar uma família. Quisera que mais pais fossem "maus" como vc, muitas vidas estariam salvas. Eu tb tive pais muito "maus", infelizmente não pude controlar o relógio do tempo, nem os conservar para sempre ao meu lado, mas eles estão aqui dentro para sempre porque foram muito "maus" em me tornar Gente. Adoro seu estilo. Você é o máximo!! Sua encantadora-mazinha!!

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  3. Else,
    Você é uma mãe que encanta!Tão humana, tão mulher, tão mãe!!!Seus filhos agradecerão por ter sido uma mãe má ou mámãe,rs.
    Bjs

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  4. Seu belíssimo texto me emocionou muito!
    Parabéns!

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  5. Texto divertido e leve,parabéns!
    Pude imaginar até a cena da guerra de travesseiros!

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  6. Amiga, adorei o texto e sou parecida com você em várias coisas. bjsssss

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  7. Else,
    Como sempre, a emoção, a alegria. Seus textos são lindos e divertidos!!! Parabéns!!!

    Bjos

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  8. Como sempre, amei o seu texto!!! E tb como vc, brinquei de boneca (especialmente a de papel) até 15 anos! Preferia até ficar brincando disso a ter de sair com meu primeiro namorado e primeiro amor. rs rs rs

    Legal saber que fomos mães com a mesma idade, e, cá pra nós, a melhor delas. Aproveitamos (e bem!) todas as etapas!!! Identifiquei-me tb com tantas outras coisas em seu post, principalmente na questão do ser egoísta antes de ser mãe e tal... mas o que mais me tocou fundo ao coração foi mesmo sobre a quantidade de ensinamento que os filhos nos dão! São professores maravilhosos e humildes. Beijos e viva eles, e viva nós, sortudas!

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  9. Minha nossa, Else! Lendo seu texto e os comentários, tô achando que fui precoce, viu...beijei com 12 e nem ligava mais pra boneca nessa idade...ehehehe

    Acho lindo você e o Mô!! Um cute, cute...e os filhotes, então, que cumplicidade!

    Simplesmente amei! Muito bom de se ler.
    Beijo grande

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  10. Else
    Filhos são uma escola mesmo.Também aprendi muito com as gêmeas, e na minha opinião penso que podemos encontrar um equilibrio na frase "mãe é padecer no paraiso"- uma hora é da caça a outra do caçador hahah
    bj

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  11. Nossa, Else!..Tô ficando viciada em suas palavras... é tão gostoso quando lemos algo que vem do coração e da alma! Dá pra imaginar você e esse seu jeitinho nesse momentos mais que especiais que descreve. E além disso, você faz a gente sonhar, concordar e entender tantas coisas...amei a parte que diz: "filhos vêm quando precisam mesmo vir, quando determinadas conjunções se revelam e se fazem necessárias e adequadas ao momento de cada um dos envolvidos. É Deus, é a espiritualidade mesmo que decide... Deus dá o frio conforme o cobertor, não dá nozes a quem não tem dentes, dá o fardo a quem pode carregar e tantas outras alegorias expressam isso muito bem!". Deus te abençoe Elsinha por fazer a vida parecer tão suave e dar asas aos seus sentimentos e anseios (que são de todas nós!) de maneira tão simples! beijos! Ursula.

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