sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Dói, é necessário, mas ainda não estou preparada!



Só agora

Baby
Tanto a aprender
Meu colo alimenta a você e a mim
Deixa eu mimar você, adorar você
Agora, só agora
Por que um dia eu sei
Vou ter que deixá-lo ir!
Sabe, serei seu lar se quiser
Sem pressa, do jeito que tem que ser
Que mais posso fazer?
Só te olhar dormir
Agora, só agora
Correndo pelo campo
Antes de deixá-lo ir!
Muda a estação
Necessário e são
Você a florecer
Calmamente, lindamente...
Mesmo quando eu não mais estiver
Lembre que me ouviu dizer
O quanto me importei e o que eu senti
Agora, só agora
Talvez você perceba
Que eu nunca vou deixá-lo ir!
Que eu nunca vou deixá-lo ir!
Eu não vou deixá-lo ir!

(Pitty)
 
Às vezes fico pensando se realmente cortaram o cordão umbilical das minhas gêmeas, pois nosso relacionamento é tão intenso que fico assustada. Não gostaria que elas fossem dependentes de mim como eu fui com minha mãe, e é por isso que converso muito com cada uma  e, quando acho que estou exagerando, peço a Deus que me dê essa libertação.

No sentido denotativo, cuidei muito bem do cordão, sou do " tempo antigo" mesmo. Coloquei faixa e, inclusive, utilizei as mesmas que minha mãe usou em mim (quando ela morreu fui fazer a faxina em seu guarda-roupa e lá estavam elas guardadinhas em um saquinho). Todo cuidado valeu a pena - o umbigo ficou lindo.

No sentido conotativo, o primeiro momento marcante dessa ruptura foi o primeiro dia de aula. Ai Jesussssssss!! Elas me deram tchau como se nada estivesse acontecendo, fui embora chorando e elas  felizes com a "tia". Confesso que no fundo esperava uma ligação do tipo: "-- Mãe, a Catarina e/ou a Beatriz estão chorando demais, dá para você vir buscá-las?" Que nada!!! Cheguei lá e elas estavam fazendo a maior festa com seus novos amigos e com a professora.

Refleti sempre sobre isso e sei que Deus já está trabalhando minha afetividade e dependência e sei também  que atende aos meus pedidos, pois só Ele sabe o quanto sofri quando perdi minha mãe, pois não fazia absolutamente nada sem que ela estivesse ao meu lado me ajudando a decidir "tudo". Esse processo é dolorido, mas necessário.

Essa viagem que acabei de fazer também foi outra experência muito boa, pois elas tiveram que se virar sozinhas nas casas onde  ficaram, se apoiando mais uma na outra.

Mas, enfim, acho que não estou preparada para ver/sentir esse cordão cortado, ou seja, "deixá-las ir", como a Pitty cita em sua música. Não sei como vai ser o dia em que cada uma delas seguirá seu rumo, seja para faculdade, casamento, sei lá, cada uma deverá pintar e construir seu próprio caminho. Só peço a Deus que me dê muita força!!!
           (Maria Regina - mãe das gêmeas Catarina e Beatriz)

8 comentários:

  1. Oi, querida, eu acho que preparada nunca vamos estar, completamente, pois o ser mãe impede e dificulta um bocado esses cortes, essas rupturas... acho que por isso que filho nunca cresce para a mãe! Aceitar que ele cresceu significaria dar o último corte no cordão umbilical e isso definitivamente dói mais na gente do que neles. O seu relato da escolinha mostra claramente isso!

    Adorei a música da Pitty, que ainda não conhecia. Obrigada por me apresentar a ela!E que Deus vá preprando o seu coraçãozinho, sempre! Beijos. Bom ter vc de volta!

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  2. Dequinha
    O que consola meu coração são relatos como o seu, onde percebo que mãe só muda de endereço.Sei que o dia "D" chegará e preciso estar pronta para saber das asas a cada uma delas.
    A música realmente é linda
    bjjjjjjjjjjj

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  3. Maria Regina, seu texto é pura emoção!! Faz lembrar o momento de cada uma de nós, mães trabalhadores que em certo momento precisa passar por essa separação. Realmente, mãe só muda de endereço
    Lindo texto!

    Bjos

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  4. Lindo texto, parceirinha!! Dá um aperto no peito em saber que um dia o Henrique também vai seguir seu caminho. Ainda mais porque ele é ainda totalmente dependente de mim...como comentei no post da Mariuza, ao mesmo tempo que quero que ele voa alto, eu quero ele pertinho de mim sempre :/

    Beijos

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  5. Maria e Simone
    Obrigada pelos comentários emocionantes.Esse tão precioso "mimo" que Deus nos deu de podermos gerar filhos nos traz junto todo peso de uma responsabilidade.Temos que ensiná-los a pescar , pois um dia não poderemos mais trazer o peixe prontinho a eles.
    bj

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  6. Muito emocionante seu texto, Regina!

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  7. Maria Regina, seu texto me emocionou muito, principalmente quando menciona sua mãe. Identifiquei-me! Choro muito pela falta dela, apesar de entender que se ela estivesse viva agora , estaria sofrendo muito com a questão grave da saúde. Sou também uma mãe muito apegada que sente muita falta dos filhos porque eles não moram comigo. O meu neto me traz muita alegria, aliás, assim como o próprio nome dele (Gabriel), é uma bênção em minha vida. Nem consigo pensar no dia do rompimento desse cordão...

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  8. Clécia, muito obrigada pelas palavras

    Zizi,
    Pois é...Sinto muito a falta da minha mãe, mas sempre me lembro das coisas boas que ela me ensinou .Não a julgo por ter tido dificuldades para cortar nosso cordão umbilical,e tento fazer um pouco diferente para que as meninas não sofram como eu sofri quando ela se foi
    bj e obrigada

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