sábado, 13 de agosto de 2011

Inesquecível e triste!

Muitas coisas na minha vida como mãe foram inesquecíveis, como as viagens ao Nordeste,  a sorveteria, a pizzaria, que continua fazendo parte de nossas vidas, pois é sempre muito divertido sairmos juntos. Mas a coisa mais chocante na minha vida como mãe foi algo que me marcou profundamente. Meu filho mais velho sofreu bullyng escolar. Por volta  de 10 para 11 anos, comecei a perceber, pois  detestava  a escola,  vivia  irritado, chorava do nada e  reclamava que alguns colegas diziam  que ele tinha orelha grande, que era um cabeção, que  era feio e coisas do tipo.

Numa consulta de rotina, falei com o médico, e ele o encaminhou ao psiquiatra e foi dado um quadro de depressão, sofri muito, pois ele tomou antidepressivos por quatro meses, mas eu não ficava bem, vendo-o todo animado, falando muito, pois era muito tímido, eu sabia que era o efeito do remédio, experimentava  tirar, mas  ele ficava muito mal. Pedi que os irmãos orassem por ele e  depois,  fui tirando o remédio aos pouquinhos, até que depois de uma semana eu não dei mais, ele ficou uma semana na cama, pálido, mas não voltei a dar o remédio, aí a sinusite dele voltou, porque era um problema de fundo emocional, algo tinha que sair de dentro dele, já  que havia tirado o remédio.

Uma amiga me indicou a homeopatia  em Cuiabá, levei-o e foi muito bom, ele melhorou da sinusite e aos pouquinhos foi melhorando de tudo, isso ocorreu de 2005 para 2006, mudei ele de escola, mas toda vez que se aproximava a hora dele chegar, meu coração ficava apreensivo, porque todo dia, alguém dizia alguma coisa com ele,  do tipo: “E aí Mateus você é virgem, você gosta de meninas?” E coisas bem piores, com deboche. Até que fui à escola ano passado e resolvi contar tudo que estava se passando, fiz ele dá os nomes dos colegas ele não queria, mas acabou dizendo, comuniquei à coordenação da escola, aí eles chamaram os pais desses meninos, e dei um basta. Este ano, não aconteceu nada, graças a Deus!  Se aconteceu , ele não quis contar.

Ano passado foi muito difícil, pois ele passou a ter medo de coisas, de barulhos e tinha  insônia, não dormia no quarto dele, dormia com a gente, pois tinha muito medo, mas isso também passou, está ótimo agora. Continuo tratando  dele  na homeopatia e entregando para Deus em oração, tem sido muito bom. Estava frequentando uma psicóloga desde novembro do ano passado, mas agora não quer mais ir, disse que não está doente. Ela me disse que ele é um menino inteligente, criativo, mas apresenta uns sintomas de desânimo que se não forem tratados poderão gerar uma depressão, só que anteriormente um outro psicólogo me disse que tinha dúvidas se ele teve depressão algum dia, fiquei muito aliviada, e acredito que foram apenas uns conflitos próprios da idade.

Hoje ele está com 15 anos, continua odiando a escola, mas é um menino responsável e sempre tira boas notas.  É muito inteligente, ganha um dinheirinho fazendo trabalhos para alunos de uma escola particular, porque ele faz coisas incríveis, filma, edita que é uma beleza! Os professores o elogiam muito por isso.

Tem dificuldades de relacionamentos, não têm amigas, e os  amigos são poucos, só sai para o futebol, para a escola e para a igreja, é super tímido e me diz assim: “mãe, como que eu vou namorar  se nenhuma menina me acha bonito?” Fico sempre preocupada, pois  ele se acha feio e até hoje aos 15 anos nenhuma menina se manifestou em relação a ele, mas eu sempre digo pra ele que ainda é cedo. Só que o Elias tem 13 anos e já tem alguém gostando dele.

Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam;  Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre” (Salmos 73:26)

(Maria José, mãe de Mateus e Elias)

7 comentários:

  1. Maria José, infelizmente a escola é o maior foco de discriminações. É muito difícil passar por ela e nunca ter sofrido nenhum apelido ou gozação porque os adolescentes e até mesmo as crianças sentem um prazer mórbido em humilhar, desfazer, menosprezar... As pessoas adotam um padrão, que consideram perfeição, e excluem aqueles que nao se encaixam nos moldes que eles elegeram como modelo. Esquecem-se de que há algo maior nas pessoas: suas qualidades interiores, isso sim que deveria ser visto e valorizado como prioridade. Essa atitude de imaturidade só serve para magoar e brotar problemas nas vítimas. É uma pena que a insensibilidade ocupa um grande espaço nas mentes e corações de muita gente e por isso mesmo que o mundo está virado do lado avesso: dexam de reconhecer quem realmente merece e tem valor. Meu netinho vive triste dizendo que o chamam de baleia, e olha que ele é apenas cheinho, não é obeso. Nem sabemos direito como agir, mas temos que atuar no sentido de não permitir que tais entraves derrubem a autoestima, ajudando-os a reconhecer os próprios valores como ser humano para superar possíveis barreiras (ilusórias) criadas pelos outros.
    Sua história me tocou, lembrei-me das vezes que também sofri com discriminações,lembrei-me das reclamações do meu neto, lembrei-me dos vários casos de bullyng que ocorreram com meus alunos, especialmente do último: dois alunos cujos pais vieram do Irã, sofreram fortes provocações na minha escola e pediram transferência depois de uma semana de aula. É muito triste isso.

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  2. Maria
    Doeu aqui em mim as dores do seu filho, pois eu sei que nessa idade tudo é tão intenso para eles. Foi tão bacana sua coragem de partilhar seu sofrimento, pois convivo todos os dias com adolescentes e sei que muitos estão passando por essa fase de baixa autoestima e como professora temos que agir quando percebemos esta questão do bullyng. Tudo isso vai passar, minha querida. Ele já entra numa fase mais adulta e vai se aceitar melhor.

    Abraço

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  3. Poxa, Maria, fiquei tão triste lendo o seu texto! Porque, como mãe, imagino o quanto você sofreu e ainda sofre junto com seu filho. Eu me preocupo muito com isso, já que o Henrique é um menino diferente dos outros e sei como os adolescentes agem diante dessas diferenças.
    Espero, de coração, que ele consiga superar e se torne um homem feliz e realizado.

    Dá um abraço nele por mim :(

    Beijo grande

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  4. Nossa, Maria! Deve ser tão difícil para você ver seu filho passar por tudo isso. Mas ainda bem que você é uma pessoa forte e com a fé em Deus você e seu filho vão superar isso. E é bom que o seu filho tenha uma mãe como você, que se preocupa e que procura ajudá-lo. Tudo tem seu tempo e tenho certeza logo ele irá encontrar uma menina especial. E quanto ao bullying, a Zizi já disse tudo. Infelizmente o bullying é uma mancha nas escolas. É muito difícil de controlar. É preciso de muito trabalho de conscientização. Um abraço!

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  5. Amiga, imagino a sua dor, pois quando nossos filhos sofrem nós sofremos o dobro. Esta fase da adolescência então é tão difícil. Graças a Deus ele está superando isto e com a fé que vocês têm tudo vai melhorar. bjkss

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  6. Caramba, Maria José, fiquei também muito tocada pelo seu relato. Precisei ir à escola da minha filha em 2009 pelo mesmo motivo e foi difícil convencer a equipe da gravidade da situação. Nessa idade tudo ganha contornos exacerbados, né,a gente tem de acompanhar meio lá, meio cá, sem interferir, sem invadir, e isso é tããão complicado...
    Um beijinho procê!

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  7. Obrigada a todas vocês que compartilharam comigo. Realmente foi uma trajetória difícil, mas Deus é o nosso refúgio, socorro bem presente na hora da tribulação!

    Bjos

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