quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Educar justifica a dor de ter de dizer cada não!


Não sabia nem por onde começar este post... Só sei que quando você se torna mãe, antes mesmo de dar à luz, já sente aquele peso de ter de inverter os papeis e passa  a entender muitas coisas que antes não entendia nem por um decreto!  Enquanto somos só filhas parece que podíamos errar à vontade e o mundo parecia não só aceitar esses erros, mas perdoá-los com tamanha facilidade e rapidez. Sendo mãe, parece que todo erro passa automaticamente a ser seu e como você sofre, se questiona, se angustia, se pune, meu Deus!

Confesso que tive indagações beeem semelhantes às da Simone (Maróstica) e juro que queria saber concentrar em mim todos os acertos da minha mãe e saber consertar todos os erros que ela teve ao longo dos anos (sei que também eu terei, não me engano). Queria saber ser a mãe perfeita para Miguel (e quem, no fundo, não quer, né?) e justo eu que nunca me preocupei em ser a filha perfeita, a irmã perfeita, a tia perfeita, a amiga perfeita, a esposa perfeita, a profissional perfeita... Sofro. Sei que perfeição não existe, ainda mais em se tratando de ser MÃE, ainda mais em se tratando de EDUCAR, que inevitavelmente acaba envolvendo mais NÃO do que SIM. Só depois que fui mãe que entendo, por exemplo,  muitos dos "nãos" ditos pela minha mãe, e como lhe sou grata por eles! Por cada um! Só agora também compreendo como o nosso coração se aperta e se entristece (momentaneamente) ao termos de conviver com tantas negações!

Queria poder dizer só SIM e ver meu filho com um ar sempre alegre e satisfeito, brincando com água o tempo todo, tentando puxar a nossa gata Sofia pelo rabo, chutando a nossa cachorra Lilica, chupando dezenas de balas em vez de comer frutas e verduras, desmontando o ventilador, ligando e desligando meu laptop e a TV, destruindo seus brinquedos, jogando coisas dentro do vaso sanitário ou pela janela, desenhando nas provas dos meus alunos, tirando meus vestidos do guarda-roupa, pedindo pra assistir ao DVD do Cocoricó pela milésima vez (do dia!) e às vezes às cinco horas da manhã, cuspindo o remédio que diz que é muito ruim, se recusando a almoçar, andando na rua sem querer me dar a mão, falando palavrões, dando tapas na gente quando está irritado... Mas basta eu imaginá-lo fazendo tudo isso sempre para eu me encorajar a dizer um sonoro NÃÃÃO, às vezes um atrás do outro!

Não quero criar um monstro! Não quero que associem meu filho a alguém que não é admirável, com quem se evite conviver, com alguém, enfim, que não desperte nas pessoas algum tipo de prazer e de satisfação! Quero que, assim como é para mim, ele se aproxime e tudo ganhe cor e... SENTIDO, porque, como diz o grande Paulo Freire: "Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante". Que Deus me ajude então a impregnar sempre de sentido cada ação minha, cada palavra, principalmente cada NÃO (já que tão necessários eles são!).

(Andreia Dequinha - mãe do quaaaaase educado Miguel)

6 comentários:

  1. Dequinha,
    Entedo perfeitamente a angústia de dizer um não, quer dizer, vários... Com certeza Miguel compreenderá e agradecerá um dia a sua aflição, a sua angústia. É para o bem dele, sempre!

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  2. Dequinha, eu entendo essa sua preocupação em fazer o correto, o melhor na educação do pequenito. Assumimos uma cara de brava, até de bruxa, mas lá dentro muitas vezes estamos achando engraçadinho as safadezas deles. Estão mesmo crescendo, querendo nos enganar, tentando resolver do jeito deles as coisas. Nós somos fiscais de plantão 24 horas. E o medo de falhar? aiiiiiii!! isso dói!! Quando pensamos que já servimos como exemplo, xiiii!
    Muito ainda a aprender. Se você acertou ou errou, é sinal que estava com ele fazendo o seu papel de mãe: aprendendo com os erros e vibrando com os acertos.Portanto todas as atitudes são válidas porque são ações de amor.

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  3. Dequinha
    Eu tb agradeço muito a meus pais pelos tantos "nao" que me disseram, pois sem eles talvez não seria a pessoa que sou hoje.Na minha opinião os filhos aprendem a se frustar com nossos nãos e isso os tornam cada vez mais autônomos , responsáveis e consequentes.E viva os "nãos"

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  4. Dequinha, ri muito com a listinha dos afazeres do Miguel!!! E me solidarizo com sua busca de equilíbrio!!!! Beijim!!

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  5. Dequinha, realmente, os nãos são muito necessários! muito importante saber usá-los na medida certa, conversar, explicar o motivo do não, porque as crianças que crescem sem limites, elas se tornarão adultos frustrados e infelizes!

    Bjos!

    "E o SENHOR te guiará continuamente..." isaías 58:11

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  6. Pois é, amiga....as indagações são muitas e acho que serão eternas! Muito difícil dizer não, mas sabemos que é preciso, né?
    Miguel é uma coisa de louco...ehehehe....ele adora fazer arte, hein? kkkk Mas tenho certeza que somos mães guerreiras e que vamos saber educar nossos pimpolhos muuuito bem.

    Beijocas

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