sábado, 3 de setembro de 2011

O Não e o Sim em sintonia

                                                                    
Sem experiência anterior, sem curso de formação ou extensão, sem carta de recomendação, currículo maternal vazio, zerado,  mas com muita vontade de acertar logo da primeira vez... Eis uma pequena descrição que tenta esboçar à rápidas pinceladas , o perfil das mamães principiantes  recém chegadas da maternidade que trazem consigo  um novo ser que lhes foi confiado e entregue  aos seus cuidados. Começa, então, a sua grande missão incluindo, entre outras tarefas:  alimentar, zelar, limpar, acompanhar, orientar e finalmente o mais difícil: educar. Este último representa  o maior desafio porque tem apenas data inicial, ou seja, assumir uma maternidade implica dedicação em tempo integral, plantão 24 horas, sem direito à  férias, abonadas ou escalas. Um preço caro e  justo,  porque ser mãe é compartilhar o amor maior que mais se aproxima do amor de Deus.
Não haveria lugar para dúvidas se apenas amar bastasse...  A grande questão  é a incerteza  da dosagem no educar:  ser  rigoroso, ou permissivo;  quantos “nãos” são necessários? Quantos “sins” devo  dizer? Como saber ponderar tudo isso? Difícil.
Essas dúvidas foram minhas também. Pudera, quando fui mãe pela primeira vez , era bem jovem. Lá no hospital mesmo, pensei que não fosse dar conta. Eram tantas sugestões de parentes e amigos que chegavam a confundir-me. Eu já não sabia mais se ia pela minha intuição ou seguia rigorosamente os famosos conselhos.  As pessoas não acreditam mesmo que somos capazes de fazer um bom trabalho sem tanta interferência deles. Lembro-me do dia em que cheguei da maternidade, minha sogra ficou tão preocupada com o bem-estar do bebê que mal dormiu à noite.  A cada cinco minutos ia sondar na janela do meu quarto se estava tudo bem. A madrinha fez questão de dar o primeiro banho (Talvez para me ensinar heheh!)  Outras pessoas se ofereciam para isso, para aquilo. Eu agradeci e logo tratei de  descartar  tanta ajuda. Não precisava!  Eu tinha que aprender  a dançar aquele “tango” sozinha.
Eu não soube conciliar trabalho, casa e filhos. Dediquei-lhes exclusividade alguns anos, enquanto o trabalho fora e os estudos aguardavam ansiosos pela  minha decisão. (Mas essa história eu já contei num outro post...rss)
Quando somos mães pela primeira vez, “apanhamos” porque queremos acertar e nem sempre escolhemos o melhor caminho. Uma vez alguém me disse que aprendemos a ser mãe a partir do segundo filho, porque já temos a experiência do primeiro e tais erros  não se repetirão no segundo. Isso faz sentido, errei menos da segunda vez...mas por outro lado vejam só:
Meu Deus, Essas crianças estavam de brincadeira comigo! Sim,  pois nesse momento já eram duas. A pequena aprendeu a sair do berço muito cedo porque o irmãozinho lhe ensinara! O sapeca subia no guarda-roupa e fazia da minha cama seu campo de pouso (lógico que quebrou a cama!), a pequena  seguia os passos do irmão arteiro: derrubaram o fogão (3 vezes), a televisão também não escapou; e aquele “perdido” na loja.  Ele, um belo dia, trancou-se no porta-malas do carro com a chave dentro. Foram minutos de tortura para ele , que estava preso lá dentro naquele calor! E para nós, do lado de fora, tentando abrir o carro de qualquer jeito, sem  sucesso ,ohhhhh! Nesse dia, até promessa foi feita. Ufaaaa!!
Não foi nada fácil educar Danilo (muiiii danadinho) e Patrícia (a espertíssima).  Às vezes eu era o padre: empolgava-me horas no sermão das regras  para vencê-los ; outras vezes eu era o carrasco: sentava um cá, outro ali e ameaçava-os “Se sair eu dobro o tempo do castigo’’; (até umas chineladas rolaram);  quando brigavam, eu era a mediadora:” Vão andar de mãos dadas para aprenderem a ficar junto sem brigar”... Esse ar de durona não durava tanto tempo. Logo  estava entre eles rolando no chão e participando de algumas brincadeiras.   Eu sabia que não precisava exagerar nas normas, bastava não permitir o que era considerava errado e aprovar o que fosse conveniente.  Era possível  trabalhar junto amor e respeito. Por que não? Minha inspiração maior sempre foi  o bom exemplo dos mestres: meus pais. Eles souberam , com sabedoria, simplicidade e amor, educar para o bem e para a paz. Eu não podia falhar.  
E não falhei. Eles estão aí pelo mundo, lindos, bem orientados, bem estruturados, firmes na batalha. Meu orgulho!!
E eu estou aqui,  (des)educando o neto, pois dizem que neto é filho com açúcar e avós só os estragam. Será??  Ele tem sete anos, é liindooo,  inteligente, amoroso, esperto, meio teimoso e obediente ao mesmo tempo (Pode?) É a alegria da casa, é o meu sorriso mais doce, o meu olhar mais materno, o meu primeiro e o último pensamento do dia, o meu carinho maior, a pessoa que eu mais beijo e mais abraço, a minha prioridade, Gabriel é o sonho que se concretizou, alguém que me dá forças para despertar e iniciar o dia tão cheio que tenho. Não é a toa que tem o nome de um anjo.  Deus o abençõe!!
                                                                                        (Zizi Cassemiro, mãe coruja,  vó babona)

8 comentários:

  1. Que torrente de sentimentos esse seu relato! Amei...realmente só nós podemos traçar esse caminho da educação, errando ou acertando estaremos trilhando da melhor maneira que conseguirmos. Lindo seu amor-doce pelo neto.

    Beijos

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  2. Zizi queriiiida, vim aqui pra escrever meu post de hoje e tô aqui me emocionando com você!!! Nossa, me identifico muito com o que você escreve, sô!!!! Deus tibençoe!

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  3. Else, eu aqui na expectativa do seu texto que é um banho de emoção misturado a um humor muito inteligente.ADOROOOOO!! Acho que estamos quites kkk

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  4. Amiga, amei seu texto e babei com seu netinho, acho que sentirei a mesma coisa. bjss

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  5. Zizi, fico me sentindo mal em demorar tanto pra comentar seus textos! Você sempre tão doce, tão verdadeira e tão amiga em seus comentários nos meus posts e em todos os outros.

    Esse seu texto está simplesmente divino! Eu amei o que você escreveu e é um depoimento de quem já educou e teve sucesso!! Muito lindo....e como eles foram sapecas, né? ehehehe

    E posso te confirmar que vovó e vovô (des)educam meeeeeeesssssmo! kkkkk Falo com conhecimento de causa..rs

    Beijos, querida!

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  6. Simone: encontrar comentários deixa-nos felizes, mas eu sei que é difíci acompanhar diariamente com comentários porque isso requer um determinado tempo e esse bandido nos consome e muito!
    Eu sou muito curiosa e nem sei disfarçar isso (rss) tanto para saber o que acharam dos meus textos, como para conhecer o que as demais mães escreveram. Fico me deliciando em ler os textos alheios, como me identifico com eles: ora rio, ora choro. Fujo da minha rotina quando entro aqui para participações. ADORO!! Mas eu tb tenho meus dias de cão que nem consigo ligar o pc, tanta coisa para resolver em relação a trabalho, casa, família, igreja....Tem hora que durmo sentada tamanha é a minha canseira. Ler e escrever aqui chega a ser terapia porque estou quase maluquinha com tantas funções a realizar e apenas duas mãos e uma cabeça meio doida querendo dar conta de tudo, pifando de vez em quando,etc etc e tal kkkkk.. Beiosss obrigada pelos elogios e carinho.

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  7. Zizi, você é uma pessoa muito especial.

    Beijos, beijos e muitos beijos pra vc!

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  8. Texto mais do que perfeito! Parabéns! Vivemos num dilema tremendo que é saber dosar o sim e o não. Equilíbrio é tudo, mas como encontrá-lo é difícil, não? Afe!

    Ri na parte em que vc diz que todo mundo chega querendo ajudar... participar... e, com isso, acaba atrapalhando mais do que ajuda, por mentir que não somos capazes de dar conta do recado sozinhas e que é difícil ser mãe (parece ser mais difícil ainda do que realmente é, acho). Assim como vc, tb fui recusando cada ajuda e tentado eu mesma assumir minha nova função no mundo! Pela primeira vez na vida eu teria de cuidar de alguém e que dependeria só de mim! Assustador... fascinante...!!! Nos cobrem de atenção (em demasia) justamente na fase em que acho que tudo do que mais precisávamos era ficarmos sozinhas com nossos filhos -- a fase do total conhecer, de encantamento! Enfim...

    Parabéns por ter conseguido educar com perfeição os seus filhos, os seus troféus, e tenho certeza de que tb ajudará muito a educar o seu netinho... Vó é algo tão mágico e sábio que educa até mesmo quando aparentemente deseduca! Beijos.

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