quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mergulhada na transição!

As primeiras fotos de Miguel foram tiradas pelo seu primeiro pediatra, Dr. Edimar, na hora do parto, e pelo menos duas delas já ilustraram textos meus aqui, então, para evitar repetições, recorro à primeira foto tirada fora desse contexto, que foi esta tirada pelo emocionado pai. Lá estava meu filhote ainda como veio ao mundo, exibindo o bilau e com um saco maior do que o do Papai Noel. (risos) Fito os olhos nesta foto demoradamente... e viaaajo... pensando em qual motivo o teria levado ao choro naquele momento... Frio? Medo? Dor? Insegurança? Saudade? Não sei, só posso garantir que sinto ciúme por não ter podido estar ali com ele, em TODOS esses instantes, enquanto brincavam de costurar na minha barriga. Queria ter ficado ali grudada o tempo todo para que pudesse aproveitar cada segundo e explorar cada sensação... Não pude...!!!

Lamento por não saber ao certo que cheiro meu filho teve logo assim que saiu de mim, antes de ser limpo, antes de ser vestido e a mim entregue. O pai teve a sorte de registrar este momento importantíssimo de transição... entre o natural e o convencional... mas duvido que tenha tido feeling para sacar tudo isso! Nenhum homem tem, acho, por isso jamais entenderão que a maternidade rasga muito mais na alma do que no corpo... que o corte feito na barriga, por mais que incomode por uns dias, é “pinto” perto da dor dilacerante que é ter alguém não só que depende de você pra TUDO e pra SEMPRE, mas que VOCÊ é ali automaticamente escravizada, tem sua alma meio que dividida, roubada, CEDIDA! Você nunca mais será a mesma! E é por essas e outras que, não desmerecendo de forma alguma a paternidade, a maternidade cria um cordão na alma que é beeeem mais forte do que o primeiro cordão – o umbilical – e não só nos limitamos a olhar o que ocorre com nossos filhos, como também sentimos, e em dobro. A tristeza dele eu também sinto, em dobro; a alegria dele eu também sinto, em dobro; o medo dele eu também sinto, em dobro...

Naquele instante em que eu não pude estar perto dele, eu sei que ele sentiu frio pela mudança brusca de temperatura; sei que ele sentiu medo do mundo enorme que lhe acenava; sei que ele sentiu dor devido a cada mudança que se instalava em seu ser; sei que ele sentiu insegurança por terem mudado tudo o que ele já conhecia; sei que ele sentiu saudade do mundo que o abrigou durante os nove meses e que o protegia... Sei porque simplesmente sinto tudo isso... em dobro... e só de olhar para uma aparente tão simples e inocente foto! Sou MÃE!


(Andreia Dequinha – mãe “carrapato” de Miguelito) 

8 comentários:

  1. Amiga Linda

    Sempre intensa nas emoções. Lindo!

    Beijo

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  2. Que lindo o que escreveu.
    Concordo que mãe é mãe e não há outra coisa comparável no mundo. O pai pode ser o primeiro a beijá-lo ou segurá-lo (como meu marido ou o seu), mas nós fomos a casinha, o lugar seguro e sempre seremos!!!!!
    Bjs, amiga!

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  3. Dequinha, a maternidade é mesmo uma metamorfose irreversível, com a vantagem que mudamos para melhor, lógico!Só entende mesmo esse elo que une filho(a) à mãe, quem passou pela experiência. Você é uma vigia de plantão mesmo, pois só porque ficou uns minutinhos longe do pequenito, já fica toda lamentosa!!
    A emoção que envolve e que a leva a escrever textos belíssimos é intensa a tal ponto de atingir-nos. Lemos e relemos. Não são só palavras, é um tipo de personificação do amor materno, tentando se manifestar! Adorei o texto, sobretudo o último parágrafo no qual você nem precisa entrar na mente do pequeno para ver o que ele via nem sentir o que ele sentia, você simplesmente reproduz tudo como se fosse uma extensão dele....Ou será vice-versa? Parabénsss!!

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  4. Andreia, como sempre você extravasa nas emoções! Arrepia! Encanta!

    "E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores..." Gênesis 28:15

    Bjos

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  5. Bota mãe carrapato nisso!!!hahahahahah
    Eu também já fiz minhas reflexões sobre o desespero que as gêmeas passaram quando estavam ali sozinhas sendo puxadas de um lado puxadas do outro para serem pesadas e medidas, mas o pai estava lá e está tudo bem.

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  6. Nossa, que foto gostosa de ver, mesmo imaginando o desespero do Miguelito de sair do quentinho. kkkkkkk Amiga, adoro seus textos. bjss

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  7. Dessa vez quem chorou com texto fui eu, índia!!! É muito difícil mesmo imaginar tudo que ele sentiu nesse momento de transição e não estar por perto. Acho que principalmente o medo. Passei por um momento complicado com o Henrique nesse mêspor conta do medo. Ele sofreu e eu sofri em dobro. Sou MÃE!

    Lindo, lindo, amiga!
    Beijooooo

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  8. Que belíssimo post! Emocionante! E dá dó de ver o Miguel chorando! :)

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