terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Que eu tenha sempre do que sentir falta...

Apesar de Miguel ter apenas seis anos (e meio), já sinto falta de muitas coisas, mas todas elas são relacionadas à existência dele em mim, em minha vida. NENHUMA tem a ver com a pessoa que eu era antes de ele nascer. Até mesmo quando penso no tempo livre que eu tinha antes de ser mãe, como, por exemplo, para ler quantos livros quisesse, na hora em que eu bem entendesse, sem nenhuma interrupção, assim como também ver vários filmes, sem nenhum tipo de censura, ou sair com os amigos sem ter hora pra voltar e poder compensar no dia seguinte, dormindo até tarde, eu logo me lembro de que NADA disso tinha tanta cor quanto agora, com ele a tiracolo. 

Muito melhor do que ler qualquer livro sossegada é poder ler para ele, com ele interagindo, ao meu lado, atento, com seus olhinhos brilhando a cada história, até mesmo para as repetidas, sempre com cara de "como se fosse a primeira vez". Muito melhor do que ver todos os filmes interessantes é poder mergulhar, com ele, em cada "faz de conta" que ele mesmo escolhe e me leva junto, me conduz. Sair com os amigos é bom, saudável, mas NADA se compara a passear com ele, para rirmos de nossas lambanças com sorvete ou das corridas que apostamos até um determinado lugar, sob os olhares curiosos de quem já não encontra a sua criança interior há tempos! (Graças a ele, todo dia eu tenho pelo menos um encontro marcado com a minha e tudo isso porque é ele a melhor companhia do mundo, me esqueço de todo o resto, o "em torno"). Sinto falta quando ele sai pra passear com a minha irmã ou com o pai e eu fico torcendo para que ele volte logo, pois até a casa em silêncio, sem a sua habitual bagunça, parece me cobrar a presença dele! 


Mesmo curtindo cada fase dele, cada mudança, também sinto falta de determinados momentos, como tentar ver o rostinho dele nas ultras (sempre com a mão no rosto; às vezes até com as duas!), senti-lo me chutar, e, principalmente, sinto falta de amamentá-lo, vendo aqueles olhinhos me encarando, enquanto mexia na própria orelha, ou no seu pé, ou nos meus cabelos, ou, ainda, acariciando o meu rosto! (Bezerrinho lindo da mamãe!) Sinto falta de vê-lo aceitar, curioso, animado, cada comidinha, todas as frutas, todas as verduras, muita água (inclusive de coco) e cada suquinho que eu oferecia... e agora anda tão ruim para comer, fora que eu tenho que mandar, umas duzentas vezes, beber água! (Minha bolota virou o meu magrelo, mas igualmente lindo, sempre!) 

Sinto falta de morder aqueles pezinhos gorduchos, cheirosos, e ouvi-lo gargalhar, por sentir cócegas! Sinto falta de ver como era corajoso e encarava de boa banho friiiiio no tanque ou na mangueira, e hoje reclama até dos banhos mornos! (Quase um hippie!) Sinto falta de poder escolher uma roupa para ele colocar e hoje é ele mesmo que escolhe, mesmo que isso signifique parecer, muitas vezes, ter "mergulhado no armário" (ou sair fantasiado de Bozo!) Sinto falta de ouvi-lo se esforçar para pronunciar cada nova palavra e de saber que o mundo dele parecia se limitar a mim e como era confortável poder controlá-lo! Agora ele já vai a vários lugares sem mim e passa um bom tempo na escola, sem que eu possa acompanhar cada ação dele! Sei que é um "ganho" vê-lo conquistar sua independência, mas às vezes (tantas) meu coração insiste em computar isso como "perda". 

Sinto falta de taaaanta coisa já e sinto que isso é só o começo do começo. Tenho consciência de que sentirei saudades imensas de inúmeras situações, e sei que isso faz parte do crescimento dele, do "ganhar asas", e do meu também! Alegro-me, pois sei que, em todas as fases -- permeadas por saudades e novidades -- não estarei só: estarei com ele, comigo e com a mãe dele. Sim, porque a partir da chegada dele em minha vida, deixei de ser UMA e passei a ser DUAS. E ambas seguem acreditando que o sentir falta é algo inerente ao ser humano, o tempo todo, e a prova disso é que, dentre tantas coisas, senti falta de vir aqui, neste cantinho, compartilhar minhas experiências e impressões, como mãe, com vocês, e aqui estou, de volta! E que seja pra ficar! E que tenhamos sempre do que sentir falta... 

(Andreia Dequinha - mãe de Miguel, um rapazinho de seis anos e meio)

26 comentários:

  1. Cada fase das nossas vidas com eles, é tão diferente, tão gostosa, e as vezes tão difícil. A gente aprende tantas coisas e ensina tantas outras. O que nos resta, é sentir saudade! Adorei seu texto! Cheio de sentimentos. Amor, ternura e principalmente saudade! E que essas saudades sempre nos alegre!

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    1. Viva cada fase, cada sensação, já que TODAS elas fazem parte, são necessárias, por alguma razão. Ser mãe é uma TROCA de um monte de coisas. Maravilhoso!

      Que bom que gostou do meu texto. Meio insegura ainda, com esse retorno, mas... foi escrito com muito amor e saudade!

      Um beijo grande, querida.

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  2. Arthur ainda está com 3 anos e já me sinto nostálgica também! Meu "bebezinho" está a cada dia mais independente... Temos sim que "criar os filhos para o mundo", mas é muito bom saber que estarão ligados a nós por toda a vida!
    Parabéns pelo texto, querida! Adorei o blog!!!

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    1. Acho que a saudade existe antes mesmo de nossas crias nascerem. Sinto falta de muitas sensações da gravidez, por exemplo, e como foi um momento lindo e rico! Não a ponto de querer repetir... rs rs rs

      Obrigada pela visita e pelo carinho. Espero que volte para nos ler e, se quiser, pode escrever uns textos também. Eu publico com o maior prazer. Beijos.

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  3. Lindo!!!!Me vi em várias partes do texto.
    Cada fase é mágica realmente. As vezes sentimos falta de uma coisa mas ao mesmo tempo descobrimos coisas novas. E a vida é assim.. Que possamos sempre curtir o melhor de cada momento e de cada situação. <3

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    1. Que bom que já se identificou com algumas partes do meu texto e a tendência é essa, conforme seu príncipe for crescendo! E que saibamos aproveitar tu-di-nho dos nossos filhotes! Sempre! Beijos.

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  4. Lindo texto,cheio de verdades marcantes...Muito me identiquei com ele. Agora, meus dois filhos (um casal) já são adultos;seriam necessárias muitas páginas para expressar tantas vivências que me tornam saudosista... E,diga-se de passagem,nem todas agradáveis não... É que,através dos momentos desagradáveis, eu também podia extravasar o meu amor por eles, nas fases anteriores à qual se encontram; amor de "mãe leoa", aquela que defende a cria com unhas e dentes. Sei lá... só mesmo o poeta conseguiu resumir uma loucura assim, ao dizer que "ser mãe é padecer no paraíso". Paraíso em que continuo,através deles, em outro momento da vida, mas também com minhas netinhas gêmeas: paixão mais recente.

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    1. Imagino, Zenilda, por isso comentei que Miguel só tem seis anos (e meio), depois terei muito mais saudades... e que coisa boa que a sentimos, sinal de que temos histórias para contar e soubemos viver cada fase. Todas elas são bem-vindas, as doces e as amargas. Parabéns pelas netinhas, amor em dobro! Beijos.

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    2. Obrigada!Clara e Valentina me fazem voltar no tempo...

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    3. Ser vó deve ser ainda mais especial... tomara que um dia eu também tenha a chance de experimentar! Beijos, querida.

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    4. É muito bom ser avó...Sou apaixonada por minhas "periquitas".E melhor ainda, porque agora já não me sinto insegura, em determinadas situações, como me sentia na fase em que meus filhos eram pequenos...principalmente,quando me tornei mãe pela primeira vez.Beijos!!!

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    5. Zenilda, sem falar que agora não tem mais nenhuma obrigação de educar... como vó pode cometer excessos, pode fazer todas as vontades, pode mimar, ou, como dizem, pode "estragar", sem ninguém cobrar. rs rs rs

      Acho engraçado ver como mamãe dá mole pro Miguel, em tantas coisas, e quando era comigo, como filha, "o bicho pegava"!!! kkkkkkkkkkkkkkkk

      Beijos, e volte sempre!!!

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  5. Que lindo !! Fiquei emocionada, pois sinto as mesmas saudades e como o meu já tem 22, aumentaram mais um pouquinho. rsrs

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    1. Acredito que, com o passar do tempo, minha listinha do que eu sinto saudade como mãe, vai aumentar pacas, assim como a sua, né, amiga? Obrigada pelo carinho e espero que Miguel possa ser um rapaz inteligente, lindo e amigo que nem o seu Pedro!

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  6. Como essas coisinhas pequenas tornam-se grandes e grandiosas em nossas vidas! Causam-nos sensacões únicas, ocupam-nos dia, noite, madrugada, manhã, tarde e ao mesmo tempo em que nos suga a energia, ela volta para nós mais forte ainda porque a gratiicação que recebemos só de ver as carinhas já nos deixa renascidas. maternidade é sentir-se endeusada por uma criaturinha que mais amamos!

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    1. Exatamente isso, Zizi!!!! Resumiu com perfeição, propriedade, sinceridade e muita emoção o que é ser mãe, e, de quebra, no seu caso, tb ser vó, né? Por essas e outras é que sinto tantas saudades dos seus textos... Anime-se! Beijocas.

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  7. Ahhh,índia, que lindooo! Passou um filminho na minha cabeça em alguns momentos. Coisa mais gostosa poder sentir falta disso tudo, pois se sentimos é porque foi maravilhoso! Amei seu texto! Sensibilidade à flor da pele. Beijinhos pra você e pra Mig lindo <3

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    1. Feliz que você tenha se identificado com meus relatos, com minhas saudades, e que tenha gostado do meu texto, Índia! Beijos pra vc e pro Henri. Aguardo seus textos...

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    2. Eu me identifiquei demais! Pode deixar que vou escrever sim. Beijão, amiga linda :*

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    3. Bom demais saber disso! São carinhos assim, ainda mais vindos de pessoas especiais que nem vc, que nos incentivam a continuar, apesar da pressa e da correria do dia-a-dia! Beijos, Índia!

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  8. Que texto emocionante. Eu vou, para sempre,sentir falta de não ter sido mãe...mas Deus sabe de todas as coisas.

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    1. Nalvinha, Deus sabe mesmo de tudo... sempre... e vai preenchendo, com sua misericórdia e bondade, todas as lacunas que trazemos em nós, acredite. Por que você não adota? E ainda dá tempo de ser mãe, não? Na torcida, sempre, por vc... e obrigada pelo carinho de ter vindo aqui me ler! Volte sempre! Beijos.

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  9. Ah, Dequinha... Eu me vejo muito na sua relação com o Miguel. Renan e eu fomos como vocês são ... Amigos e cúmplices. Adorei !

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    1. Ô meu Deus, que coisa boa de se ler! Tomara mesmo que eu e Miguel sejamos sempre assim parceiros, tal qual é a sua relação com seu filho, já um moço! Beijocas!

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  10. Que doçura amiga!!! Muito gostoso de ler, uma verdadeira poesia!! Bjos

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    1. Feliz por vc ter lido e gostado! Tudo simples, mas do fundo do meu coração. Beijocas. Aguardando ansiosamente o seu.

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