Eu sou a filha caçula de uma
família composta por seis irmãos. Meus pais, muito corajosos, seguiram o
exemplo dos meus avós e tiveram, então, o que se pode chamar de uma verdadeira "ninhada". Minha mãe, com
plástica marcada, se viu obrigada a adiar seus planos estéticos, porque
descobriu a gravidez. Escutei essa história algumas vezes, e se eu fechar os
olhos, ainda posso ouvir a D Reny falando: “ Se não fosse você...” (risos) E
nem fui culpada, né?
Cheguei dando alegria à torcida,
pois, comigo, o terceiro casal de filhos estava formado. Além de ser caçula,
fui também temporão. A diferença entre meu irmão mais novo e eu é de cinco anos, enquanto para a minha irmã
mais velha, 15 anos.
Nem preciso dizer que tive, dentro
da família, pelo menos três mães e uns dois pais. Minha mãe biológica (risos) colocava
todo mundo para tomar conta de mim, o que causava desconforto para alguns.
Lembro-me bem de um dos meus irmãos ter deixado de sair, porque a condição
seria me levar traumas da infância. risos)
Retrocedi na história
para que tenham uma ideia de como fui mimada, pois se eu tive alguns “pais e
mães” para tomar conta de mim, esse número aumentava quando era para satisfazer
as minhas vontades.
Tive duas gestações interrompidas
antes do Renan. Aborto natural por causa desconhecida. Nessa época, fui taxada pelos médicos e
familiares como dengosa e mimada. Eu nunca consegui entender: Sentia dores,
sangrava e ainda assim era "dengo”?!? Simplesmente não acreditavam em mim e em
meus relatos.
Quando engravidei do Renan, só
participei aos amigos e familiares depois do quarto mês de gestação. Eu sentia
tanto medo de que a minha alegria fosse
novamente interrompida, que decidi fazer segredo.
Sofri com todos os enjoos que
se possa imaginar. Pela manhã, vomitava até quando bebia água. Em todas as gestações,
fui obrigada a deixar o café, porque só o cheiro me fazia mal. Não houve problematização
na gestação do Renan, a não ser o peso.
Ganhei em torno de 30 quilos e
ainda ficava chateada quando o obstetra me alertava dos riscos que corria. Em
contrapartida aos enjoos, estavam os ditos “desejos”. O pai das crianças era do tipo que não me
fazia às vontades. E até hoje é assim. (risos)
Apesar dele, eu tinha a minha
família, que me cobria de mimos. Uma vez, cheguei a chorar porque minha irmã adiou
fazer uma farofa de peixe (e só servia a
dela). Outra vez, comi um pavê de chocolate branco inteiro, comprado por meu
irmão. E só servia se fosse de um determinado restaurante.
Não sei quantas vezes meu pai
saiu para buscar: pastel de camarão, chocolate,
carambola, caruru azedo e muitas outras coisas. Ele chegava ao cúmulo de me
perguntar todos os finais de semana o que eu queria que fosse feito para comer,
já contando com a minha presença em sua casa. Se eu não tivesse desejo algum, ele criava. Sinto muita saudade!
Antes da Maitê, perdi mais um bebê também
por causa desconhecida. Na gestação da minha caçulinha, eu estava mais velha, e tive mais consciência de segurar meus desejos. Os enjoos se repetiram. Passava,
assim como na gestação do Renan, a noite sentada sofrendo com azia. Onze anos depois, tudo foi menos intenso e melhor de ser contornado.
Deus atendeu ao maior dos meus
desejos: tive filhos perfeitos. A síndrome da Maitê veio se apresentar muito
depois, ainda assim, tenho uma filha que corre e sorri. Perceber a felicidade dela estampada no
rosto, já me faz muito bem. Meu filho só me enche de orgulho. É um rapaz , como
se diz por aí, "do bem".
Ainda bem que todos os mimos
recebidos não fizeram de mim uma pessoa egoísta. Eu adoro fazer vontades. Faço isso porque sei o quanto é bom ter os desejos satisfeitos.
Em minha opinião, ter desejos é um direito de toda gestante. Por mim, deveria ser reconhecido por lei. Vamos pensar nisso?
(Mônica Jogas - mãe do Renan e da Maitê)
Que lindo texto Mônica!! Como deve ter sido tenso pra você depois dos traumas do aborto esperar que a gravidez não fosse interrompida novamente ... Graças a Deus que deu tudo certo! Você enfrentou apenas aquilo que é considerado normal em quase todas as grávidas, o enjoo, o desejo rs rs que bom!! E melhor ainda os mimos! Que delicia!!
ResponderExcluirAdorei a frase...." ter desejos é um direito de toda gestante. Por mim, deveria ser reconhecido por lei" kkkkkkkk
Obrigada por compartilhar com a gente, tão delicioso texto!!
Obrigada!!! Você é sempre muito querida em seus comentários... Faz tão bem para quem escreve, não é mesmo ? Obrigada mais uma vez pelo carinho e atenção.
ExcluirE como foi mimada e paparicada....Mas merecida cada mimo! Mulher guerreira!!! Esse texto fez com que passasse um filme...Emocionou!! Como tudo que você escreve. Quero ler muitos. Te amo irmã caçulinha. Bjooo
ResponderExcluirHahhaha
ExcluirVc é a minha LC preferida!!! Te amo !!!
Amoooooo seus textos, sempre tão intensos... tão emocionantes... e que me levam às lágrimas... e à certeza do quão guerreira vc é, sem perder a ternura...!!!! Adoro o seu jeito, amiga!!!
ResponderExcluirNão sabia das suas gravidezes interrompidas... que barra... mas que bom que depois foi presenteada com dois filhos lindos!!!
Que bom que teve quem fizesse os seus desejos... e que delícias de desejo... porque você merece... e deveria ser um direito reconhecido por lei sim... e não só pra grávidas... mas pra mamães barrigudas e gulosas que nem eu, que estou aqui agora cheia de vontade de comer um pastel de camarão... Sinta-se culpada! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Beijos mil e obrigada por vir aqui, de novo, de novo, de novo... e tomara que sempre!
Que bom que eu faço parte desse blog. Que bom que vc existe e me permitiu ficar. Que bom que vc lê os meus textos e sempre me joga pra cima. Assim,a vontade de escrever só aumenta ! Que bom! Que bom ! Que bom ! Bjks
ExcluirEste blog jamais seria o mesmo se não fosse você!!! Essa mãe tão especial e de uma menina tão especial, com quem aprendo tanto! Um presente de Deus em nossas vidas!
ExcluirE ai de vc se sumir daqui... Vou atrás... com um porrete e tudo... hunft! rs rs rs
Leio todos os seus textos com o maior carinho... lições de amor e de sensibilidade...
Beijos mil.