domingo, 26 de junho de 2016

Simbora brincar?

Todas as vezes em que vou falar sobre meus filhos, acabo dando uma passadinha lá na minha infância. Se já é gostoso visitar épocas através do pensamento, imagine registrar os passos dessas visitas.

Apesar de ter sido "mimada", como relatei em outro texto, minha relação com os brinquedos nem sempre foi tão boa. Aos cinco anos, ganhei uma boneca que chorava e falava "mamã", mas não pude brincar, porque minha irmã havia perdido uma filhinha com apenas uma semana de vida, então, eu a guardei por muito tempo.

Logo em seguida, papai, se esquecendo de que meu aniversário caía em um feriado, acabou comprando um presente na única lojinha de bairro aberta e, aos oito anos, ganhei um trenzinho que andava sobre trilhos e dava cambalhota. Era o que havia disponível...

Eu sonhava com uma Caloi vermelha e, assim como a propaganda me ensinou, enchi os bolsos, espelhos e portas de armários com bilhetinhos para o meu pai: "-- Não se esqueça da minha Caloi." Acabei ganhando uma outra marca na cor roxa, se eu não me engano era uma Monark.

Quando chegou a época do patins, sonhei por muito tempo com um de bota, deveria ser branco com rodas amarelas ou laranjas, como o das minhas amigas, mas o que o meu pai pôde comprar foi um patins de tênis vermelho e branco. Decidiu ainda que seria número 39 para que eu não perdesse tão cedo... Até hoje eu não calço 39! (risos)

Contudo, nada disso fez da minha infância mais ou menos feliz. O importante é que eu fui a única menina da época a ter um trenzinho, tive saúde para andar de bicicleta e meu patins foi aproveitado por muitas pessoas. Com ele, fiz piruetas incríveis usando umas cinco meias e papel higiênico para ocupar os espaços. (risos)

O tempo passou, ele sempre passa...



Renan, meu filho mais velho, adorava os bonecos da linha Max Steel . Ganhava sempre no Natal e no aniversário. Nunca foi possível comprar os mais caros, mas ele se mostrava bem satisfeito com os que recebia. Acho que puxou a mim. Será?

Como vivemos aprendendo com os nossos filhos, a lição dessa época foi entender que as crianças se contentam com muito menos do que nós, os adultos.

Eu sempre parei para observar meu filho brincando. Quanta imaginação! Com aqueles bonecos, explorava muitas aventuras. Depois dessa fase, os brinquedos eletrônicos tomaram conta e a partir de então, foi um videogame atrás do outro, jogos e mais jogos.

O curioso é que nunca precisei proibir ou limitar o uso de nada, pelo contrário, eu precisava mandar:
"-- Renan, vai brincar". Ele me respondia com um sorriso. Que saudade...

Com a Maitê, o brincar foi sinônimo de desenvolvimento. Até os três anos, entrar em uma loja de brinquedos ou em um açougue era a mesma coisa. Nada despertava a curiosidade da minha menina. Meus sonhos de bonecas e casinhas tiveram que ficar guardados por um bom tempo. Mas, como Deus é perfeito e faz tudo passar, ela começou a se interessar por brinquedos e livros.

A minha alegria foi imensa quando, certa vez, entrei no shopping para comprar um presente e ela avistou a boneca da Luna. Foi amor à primeira vista! Ao olhar para a boneca, arregalou os olhos e disse: "-- Lu - na". (risos) 

Eu quase tive que contar moedas, mas ela saiu da loja abraçada à sua mais nova "amiguinha", a quem abraça e beija até hoje.

Foram muitas tentativas para chamar a atenção da pequena quanto aos brinquedos.

Lembro-me ainda da  primeira Barbie da minha filha... A  Maitê a levou para a varanda e voltou em menos de dois minutos com a cabeça na mão, mastigando o pé da coitada. Foi traumatizante, mas passou. (risos)

Como a Maitê é muito musical, acaba se interessando por tudo o que envolve melodias. Hoje, o sucesso é o teclado que herdou do irmão. Além disso, livros musicais ou bonecas que falam e cantam, atraem a atenção dela. Sem me esquecer dos tablets e telefones, o mundo virtual é realmente muito atraente e cheio de possibilidades. 


Seja na minha infância, na dos meus filhos ou  de qualquer criança, o brinquedo tem uma função libertadora que deve ser respeitada. Quer conhecer seu filho? Observe-o brincar. Seria tão bom que nós "adultos" pudéssemos ter um mundo paralelo e fugir um pouco, não? No mundo da fantasia, o valor e as formas não importam. 

O mundo real às vezes se torna tão difícil...  Simbora brincar?

                                                                                            (Mônica Jogas - mãe do Renan e da Maitê)

10 comentários:

  1. Nossa infância foi assim, tínhamos o que nossos pais podiam dar, e o resto ficava por conta da imaginação. Somente agora tenho o tempo necessário para poder observar as crianças brincando, aprendo muito com elas.
    Tenho 2 netos de coração e agora um de sangue. É uma delícia observar o desenvolvimentos e as descobertas de cada dia. Através dos seus textos vou conhecendo essa prima tão querida.

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  2. Ah, Angelica ... Obrigada! Cada fase da vida nos apresenta novas descobertas , não ? Quando pensamos que já sabemos muito, vem os pequenos a nos ensinar mais um pouco. Precisamos encurtar essa distância, hein?! Beijos

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  3. Que lindo texto Mônica!! Realmente a relação com os brinquedos é muito significante!! E como é importante a descoberta, assim como foi com a Maitê, foi no momento dela! Que lindo!! Adorei!! Obrigada por compartilhar com a gente esses doces momentos da vida!!

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    1. Obrigada por comentar, Maria José. Estou fazendo muitas viagens...

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  4. Eu adoooooooooooooooooro esse seu estilo de comentar sobre as suas memórias e suas histórias antes de nos apresentar as dos seus filhotes! Já até espero, ansiosamente! Adoro! Mesmo!

    Ri demais com o não calçar 39 até hoje! Eu calço! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Pé grandão... e confesso que ainda tenho esse hábito do seu pai: comprar as coisas maiores para demorar a perder. Pobreza. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    E simbora brincar mesmo... e acabei de ver que alguém atualizou o blog e não aceitou nenhum reparo que eu fiz no texto. Vou ter que fazer de novo. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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    1. Pois é , rsrsrs, meu pé parou no 37. Um ou outro modelo 38, mas 39 não kkkkkkkkk
      Como disse, ando fazendo belas viagens...
      Beijo grande .

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  5. Muito divertido!!!!!
    Brinquei de ler esse texto.
    Um brinquedo muito lindo

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  6. A nossa relação com os brinquedos não termina...apenas damos umas pausas porque somos cheias de compromissos e nem sempre dá tempo brincar.Mas quando arrumamos tempo, voltamos a ser mais felizes.
    Gostei do seu texto, vc me fez viajar no mundo dos brinquedos, na minha infância de uma forma muito deliciosa.

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    1. Nossos brinquedos eram os melhores...
      Beijos, Zizi! Obrigada!

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