domingo, 14 de agosto de 2016

Sobre ser PÃE...


Como são raros os ditos paizões, que participam de tudo e que cuidam dos filhos tanto quanto uma mãe (e em alguns casos, embora mais raros ainda, cuidam até mais!). O meu pai era presente em minha vida, apesar das nossas constantes brigas por conta do cigarro e da bebida, mas não era lá muito carinhoso, aliás, nem mamãe é, salvo com Miguel. Comigo e com minha irmã não me lembro de ela ter sido, aliás, sempre só soube cobrar, cobrar, cobrar, excessivamente até! Enfim, ambos eram meio "secos" (acho que vem da criação deles!), mas muito responsáveis. Nunca me faltou nada e acho que nem à minha irmã. Devo a eles tudo o que sou. Sou grata por cada esforço que fizeram por mim (e mamãe ainda faz, especialmente no que diz respeito ao Miguel). 

O pai do Miguel, ao contrário do meu, é super carinhoso, mas pouco presente e beeeeeeeem menos responsável que o meu. Às vezes me dá uns helps, mas muito pouco. Nas raras vezes em que ficou encarregado de alguma responsabilidade, falhou, me estressou, tirou o corpo fora, não necessariamente nesta ordem. E eu acho, sinceramente, que deveria tentar participar ao máximo, pra compensar os míseros R$ 220,00 que dá de pensão (e que só dá pra pagar a van) e já que tem tempo livre de sobra por estar desempregado há meses! Por aí a gente percebe que não adianta ter tempo... é preciso ter, também, vontade, essa vontade que eu tento sempre ter, mesmo cansada, esgotada, até mesmo para tentar compensar as lacunas deixadas pelo pai (e não só dele!).

Por essas e outras que ele não opina diretamente na educação do Miguel nem em sua rotina, e, além disso, ainda tem o péssimo hábito de não reconhecer nenhum esforço que eu e minha mãe fazemos por elezinho. Só sabe criticar, o que eu acho irritante, e, cá pra nós, típico de quem não faz muito para ajudar. Até para levar e buscar na escola é um sacrifício, e isso só ocorre quando não tem nenhum outro compromisso "mais importante" (nenhum compromisso, pra mim, pode ser mais importante do que tudo aquilo que é relacionado ao meu filho, tanto que até morrendo de dor por conta da Chikungunya eu ia levar meu filhote à escola, aos sábados, quando a van não ia!).

Tento sempre ser leoa, embora às vezes também permita que meu filho me veja frágil, chorando, sem saber o que fazer. Desde pequeno ele sabe que somos feitos de paradoxos, de extremos e que nada vale mais nem menos! Apesar de ser "pãe" constantemente, ainda me dói ser eu no lugar do pai na hora de levá-lo pra andar de bicicleta (e até hoje não tive coragem de tirar as rodinhas!) na pracinha, na hora de jogar futebol (que eu detesto), nos treinos e nas lutas de Karatê, levando pra cortar o cabelo, na hora de segurá-lo para levar pontos no queixo, e até mesmo, na época, na hora de ensinar que ele tinha que fazer xixi em pé no vaso e não sentada, porque ele era menino! (risos) São momentos mais masculinos que geralmente quem faz é o pai, mas... vamos adaptando em vez de deixar de colocar em prática!

São, enfim, sacrifícios que muitas mães e bem poucos pais conhecem, infelizmente! Feliz dia dos pais a quem sabe ser pai TODOS OS DIAS (e que disso gosta!). 

(Andreia Dequinha - mãe e muitas vezes "pãe" do Miguelito)

4 comentários:

  1. Dequinha, não dá para ler seu relato sem sentir raiva de uma situação assim: um pai vivo, mas fisicamente e emocionalmente ausente! É uma perda que ele NUNCA conseguirá repor ou compensar. Os pais deveriam estar presentes em TUDO que dissesse respeito ao filho porque para isso ele é pai!! Se não deu certo morar juntos é outra história, mas a criança não tem culpa e não tem que pagar esse preço.
    Depois que a criança cresce, vai querer afeto e vínculo e será tarde demais.
    Não é nada fácil se desdobrar como vc faz para "cobrir" a falta dessa criatura.
    Mesmo assim, o Miguel não deixa de ter atenção dos demais membros da família...ele é uma criança amada e respeitada por todos, até pelos amigos virtuais e vc uma mãe dupla porque faz o papel de pai também, do jeito que a vida permite. Parabéns, Dequinha pela sua persistência e amor sem limites pelo seu filho, vc cumpre, com louvor esse papel que Deus concebeu a vc porque ELE sabia que somente vc era capaz de ser Dois.

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    1. Olha, amiga, eu já senti raiva, já quis matar, já tive pena... inúmeras variações... mas agora o que tento fazer é entregar nas mãos de Deus, pois só Ele sabe o que fazer! O que eu tento é dar suporte emocional ao me filho para que ele aproveite o que o pai tem de bom (como o fato de ser carinhoso, quando não tem nada mais importante para fazer) e que se esqueça do montão de vacilo que vem dele. O resto é resto. E sempre vai ter gente retardada pra defender o que, pra mim, não tem defesa. Minha consciência tranquila é a melhor resposta, sempre, pra tudo!

      Por essas e outras que tiro o chapéu quando vejo pais de verdade, que fazem de tudo pelo filho, que colocam a cria em primeiro e em segundo lugar... São raros, mas existem e que pena que eu não arrumei um desses pro Miguel, que merecia! Mas...

      Eu e mamãe colocamos o Miguel acima de qualquer coisa e preenchemos, creio (e tomara que eu esteja certa), todas as lacunas deixadas e não só pelo pai. Temos muitos amigos queridos que compensam! Não precisamos de migalhas de ninguém!

      Vou fazendo o que posso, ainda que eu erre... Que atire a primeira pedra quem nunca errou, mas o erro de me omitir ou participar de menos da vida do meu filho.... ahhhhh, disso NINGUÉM pode me acusar! E isso me basta!

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  2. Você realmente enfrenta uma luta, e das grandes! ... Mas acredito muito no seu potencial, com a certeza de que o Miguel não sofrerá danos, pois o AMOR que você dedica a ele é infinitamente maior que tudo, e ele vai reconhecer isso para o resto da vida! ... Sei com toda a convicção que a sua luta não é fácil. Se a gente tentar se colocar no lugar vai doer muito, mas você será uma vencedora, porque você luta por ele, não mede esforços para que ELE tenha saúde emocional, o que é fundamental para que se torne um adulto seguro, decidido, feliz e sem frustrações.
    Confie no SENHOR, ELE te escolheu para essa missão, porque você é forte, corajosa, e vai vencer! Seu texto me deixou emocionada, triste pela ausência de quem poderia fazer mais pelo Miguel e não o faz... mas também, feliz, porque apesar de tudo isso, você tem parceria e cumplicidade com o seu filho e é isso que importa, você passa perrengues, mas você tem o amor dele, a alegria, o afeto! Então você tem TUUUUUDO!!! Seja muito feliz com essa dupla jornada!
    "E o SENHOR te guiará continuamente..." Isaías 58:11 Bjos

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    1. Toda e qualquer luta vale a pena quando nela, direta ou indiretamente, está o Miguel, o melhor parceiro que alguém poderia ter! Meu presente precioso! Sempre!

      Se até quem lê o texto ou participa da minha rotina se entristece, imagine eu, que sofro isso na pele! Miguel ainda se entristece pouco, porque nem tudo ele percebe e, se percebe, ainda não consegue dimensionar! Que bom! Mas eu... nossa! Só não me arrependo de nada porque o produto final foi excelente, que é meu filho, minha bênção, que faz tudo valer a pena!

      O que conforta meu coração é justamente essa certeza de que, se meu filho não percebe as tantas abdicações que faço por ele, desde que nasceu, eu sei que Deus sabe que sempre faço o melhor que posso.

      Obrigada pela força e pelo carinho. Amo essa passagem de Isaías! Ele é conosco sim, e sei que quando há pegadas de uma só pessoa pelo caminho é porque são as Dele, comigo protegida no colo... Nunca sozinha!

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