segunda-feira, 3 de outubro de 2016

E eu levei uns mil pontos...

Sou uma mãe que encara o que precisa encarar, pelo menos até hoje foi assim, graças a Deus, até porque não há uma outra alternativa! Se eu não encarar, quem vai?!? Sou metida a durona, ogra, mas é só "casca", pois, no fundo, sou sensível e chorona ao extremo. Sou daquelas que chora quando o filho cai, que fica pra morrer quando o filho fica doente ou até ligeiramente febril. Grudo na cama e fico ali monitorando, acordo mil vezes para ver se a febre voltou, fico apavorada quando o remédio não faz a febre cessar nem o xarope expectora... Além disso, sou mãe que chora depois que briga e que põe de castigo... Um horror!

Felizmente Miguel é menos levado que eu e ralou bem menos os joelhos, teve bem menos manchas roxas, hematomas, arranhões, galos... me deu até poucos sustos, mas, em compensação, quase morri em dois deles, especialmente. 

O primeiro foi o dia em que ele caiu (de cabeça) de um brinquedo super alto na escola e me ligaram. Só em ver o número da escola registrado na chamada já fez meu coração quase sair pela boca, pois boa coisa não é, nunca é! Eu estava em Arraial do Cabo, aplicando prova, e saí voando da escola (sorte que uma amiga me deu uma carona, porque se eu fosse esperar ônibus pra Cabo Frio e ainda pegar um táxi pra ir até a UPA eu ia desmaiar, de tão nervosa!). Cheguei à UPA e lá estava ele com a diretora e mais umas duas pessoas da escola a tiracolo. Chorou mais ainda quando me viu e eu acho que mais ainda. Como caiu de cabeça, tinha que bater um raio-x e tal. Fiquei sem dormir observando-o nas 48 horas, que se transformaram em 96 horas e por aí vai. Como sofri! E ele lá tranquilão, roncando, brincando, nem se lembrando mais do tombo... 

O segundo foi, pra mim, ainda mais punk. Ele estava brincando de "cabra cega" com o pai, no outro quarto, enquanto eu elaborava provas. De repente ouço um barulho e ele chorando, o pai e minha mãe gritando, apavorados. Achei que fosse um tombinho à toa, mas... lá vem ele jorrando sangue e eu sem saber por onde. Enlouqueci. Nem sei o que se passou pela minha cabeça, na hora! Só sei que o levei para o banheiro e coloquei água na boquinha dele, pensando que fosse algum corte na boca, algo nos dentes... e a água saiu tão limpinha quanto entrou! E o sangue jorrando. Foi quando olhei debaixo do queixo dele e havia uma espécie de "boquinha" ali! Quase desmaiei, mas, em vez disso, coloquei um vestido qualquer, peguei minha bolsa e o levei à emergência, mesmo com a plateia aqui dizendo que eu estava exagerando e que não era nada grave pra levar a médico e tal. E a gente ouve? Não. Só ouve o sexto sentido. E que bom! 

Nem ponto falso resolvia. Tinha que dar sim alguns pontinhos ali. Pavor. Mais meu do que dele. Sempre fui de aprontar, mas nunca quebrei nada nem precisei levar ponto nenhum. E elezinho ali, corajoso, encarando, enquanto eu morria por dentro. Como não tinha enfermeira sobrando no dia, eu fui ajudar ao médico... segurei meu filhote pra costurar o queixinho... Suei frio, tudo escureceu, as pernas bambearam, e eu quase desmaiei. Foram só dois pontos... nele... mas em mim eu acho que devo ter levado uns mil pontos... no coração e na alma. Que situação! Tomara que nunca mais eu precise passar por isso... 

(Andreia Dequinha - mãe do pouco arteiro Miguelito)

4 comentários:

  1. Só a mãe mesmo dá a vida pelo filho! A mãe, se pudesse, transferiria para si qualquer dor ou incômodo que o filho passa, tamanho é esse amor sem limites que nós conhecemos como ninguém.
    Que texto cheio de amor de mãe, aquele que não tem comparação! Lindíssimo esses relatos que descrevem tão bem o que um filho representa.
    Ainda bem que o Miguel não faz tanta arte, se fosse diferente, ou seja, se esse menino fosse levado da breca, só Deus sabe como seria.
    Deus continue protegendo essas crianças, meu Deus!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pelo Miguel, amiga, eu morreria mil vezes, me remendaria toda só para que ele nunca sentisse um entrar de uma agulha em seu corpo nem um raladinho sequer no joelho! Pena que não podemos mudar de lugar, né? Aí essa impotência dói, e muito mais do que qualquer dor física, pois dói na alma, lá no fundo! Brabo!

      E graças a Deus mesmo que Ele e ele me poupam! Não tenho estrutura não, não tenho! Por pouca coisa já eu quase enfarto! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      Obrigada por sempre vir aqui e deixar a sua marquinha sempre linda e carinhosa! Eu preciso tirar um dia para ler tudo e comentar, me atualizar, mas está brabo! Correria normal e somada, ainda, às reposições por conta da greve. Beijos.

      Excluir
  2. Ah! Coisas de mãe!! Que coisa mais marcante é o amor de mãe! Você atravessa um deserto, mas nem passa por ele, quando se trata de socorrer a cria e que coisa linda você nos trouxe! Puro e mágico sentimento!!
    Amei cada pedacinho, cada emoção que pude vivenciar, pois na verdade quase todas as mãe passam por algo parecido. E o Miguel é corajoso!! Puxou a mãe, é claro, porque mesmo se descabelando com as situações, está firme, não desanima! E vai em frente! Adorei!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdade, percorre um deserto e ainda volta, sem cansar, só pra ver a cria sorrir, só para encontrar um oásis! Vou a lua e volto, mil vezes, por ele! Mas toda mãe que se preze é assim, né? E vibra com as alegrias, e sofre com as dores... inevitáveis...

      Obrigada por sempre dar uma corridinha até aqui para ler minhas histórias! Vc, Zizi e Betíssima NUNCA me abandonam. Obrigada. Sou grata mesmo. beijos.

      Excluir

O que lhe veio à mente depois de ler este texto?!? Queremos muito saber!!! Comente!!! Obrigada!!!