terça-feira, 11 de outubro de 2016

Uma comédia ambulante


Complicado eu me lembrar de um momento específico em que eu tenha morrido de rir com alguma tirada do Miguel, ainda mais tão palhaço ele sendo, desde sempre! Mas me recordo, agora, de apenas dois episódios que ficaram gravados em minha memória.

O primeiro trata-se de uma apresentação dele, na escola, quando ele estava na Creche IV, em plena festa junina, em que ele piscou direto a dança toda e eu preocupada com aquilo. Já nem conseguia mais achar tanta graça na coreografia do "faz doce, sinhá, faz doce, sinhá, faz doce, sinhá Maria" pensando no que aquela criança poderia, de repente, ter arrumado nos olhos. A tia Marisa, a auxiliar, veio logo falar comigo, também preocupada, com medo de alguma palha do chapéu estar incomodando a vista e tal. Lá fomos nós "salvar" o caipira do suposto desconforto, quando a figura, com a cara mais lavada do mundo, diz que não tinha sido NADA.

-- Mas como não, se você piscou a dança toda, Miguel?!?
-- Ué, mas já parei. Acabou a dança. Caipira que tem mania de ficar piscando assim mesmo, olha!

E fez ele de novo, para demonstrar, mostrando que aquilo nada mais foi do que uma performance, fazia parte da personagem criada por ele, e só! Simples assim! Doidas éramos nós que não tinhamos percebido sua veia artística, capaz de criar até trejeitos e cacoetes, oras! O que nos restava a não ser rir?!? Nada! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

O segundo episódio também me matou de rir, apesar de tamanha vergonha! Como eu e ele tínhamos a mania de fazer campeonatos pra ver qual era "o pum mais fedido", um belo dia ele cismou de perguntar aos amiguinhos da sala se as mães deles também peidavam. Claro que, educados (e mentirosos), eles disseram que não, me fazendo parecer alguma espécie de etéia. E é óbvio também que o Miguel deve ter contado, e com detalhes, o que a gente aprontava, assim como deve ter falado dos meus puns podres e tal.

Se a história parasse aí, tudo bem. Mas eis que um belo dia tem reunião na escola e lá vou eu, sem saber de nada. Cheguei lá e os amiguinhos da sala do Miguel ficaram todos me olhando, como se vissem um tiranossauro Rex em pessoa, ou um OVNI, ou sei lá mais o quê de inusitado. E detalhe que cochichavam uns com os outros. O Miguel veio correndo me abraçar e me dar um beijo! A reunião rolou e eu ainda intrigada com aquela reação. Quando estávamos vindo embora, juntos, eu comentei:

-- Filho, seus amigos hoje não estão batendo muito bem da cabeça não, né?
-- Por quê?
-- Quando eu cheguei lá na escola ficaram todos me olhando, cochichando... coisa estranha! Não entendi nada! Parecem malucos!

Aí naturalmente ele solta:

-- Ahhh, mãe, é que eles não estavam acreditando que você, parecendo uma mãe tão normal, era capaz de dar tantos puns, e tão fedidos!

E me contou toda a história, falando ainda que nenhuma outra mãe ali peidava. Até parece... Eu era a única mãe SINCERA, pelo visto. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Descobri, neste dia, que a pior vergonha ainda é a vergonha tardia. De algo que você intui, mas que não tem certeza, até então. Mas só sei que, nestes dois casos citados, dentre vários -- no momento esquecidos --, eu não conseguia parar de rir, tendo absoluta certeza de que muitos momentos nossos dariam um engraçado filme! Ou alguém aqui duvida?!? 

(Andreia Dequinha - mãe dessa comédia ambulante que atende pelo nome de Miguel)

2 comentários:

  1. Acho tão bonito e verdadeiro a cumplicidade entre vc e o Miguel! as coisas que compartilham, as aventuras, os segredos, as disputas... com toda essa identificação, ainda sobra tempo para ser aquela mãe que cuida, que se importa, que morre pelo filho se necessário... Espero que essa proximidade não caia na fase da adolescência nem na adulta, porque os pais são realmente os nossos maiores e melhores (por que não dizer os únicos) amigos de verdade. Parabéns, amiga por ter conseguido criar esse elo maravilhoso com seu lindinho.
    Não dá para não rir em ouvir uma história dessa...a piscadinha para dar um toque mais verdadeiro à personagem e a história dos puns... Tanta inocência nesse lindinho em imaginar que os demais não teriam vergonha de confessar algo tão comum em todo ser humano, mas como vc disse, era a única mãe sincera naquele meio. Concordo!!
    Amei e me diverti com seu texto...Estou pensando no que eu contarei nessa semana..kkkk

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  2. A delícia do texto se dá pela cumplicidade entre vocês!!... Realmente é muito amor envolvido! Adorei saber mais sobre as peraltices do Miguel, esse lindinho encantador! Até fico imaginando as risadas!!! Obrigada por nos trazer mais um relato tão descontraído e sincero!!! Amei!!

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