terça-feira, 1 de novembro de 2016

Sempre tive que tirar de letra, então...


Talvez por eu não ter muito com quem contar nas horas mais punks, sempre encarei tudo com a cara e com a coragem. Foi assim desde a gravidez, em que eu precisei ir muitas vezes sozinha às consultas e também à maioria das ultras. Também precisava apertar o barrigão na roleta do ônibus para ir trabalhar, até os sete meses e meio, pois nunca achei necessário, de fato, pedir para o motorista abrir a porta traseira para eu entrar. Nos dias em que eu estava mais inchada, o pai do Miguel ia me levar de carro, quando o horário dele permitia. 

Nunca quis delegar funções às pessoas no que diz respeito ao meu filho. Encarei todos os banhos, até o primeiríssimo, que deixa quase toda mulher nervosa, e, claro, como não poderia deixar de ser, levei-o para fazer o tal Teste de Pezinho. Segurei, vi a agulha entrar, o sangue pular, segurei com o algodão, mas não pense que achei o momento adorável. Não foi nem um pouco, mas foi necessário e importante. Eu suava e também chorava por dentro, muito mais do que meu filho chorou, garanto. Não satisfeita, ainda repeti a dose meses depois, segurando a priminha do Miguel, a Lara, para fazer, pois a mãe dela não teve coragem. 

Também levei meu filhote para fazer o teste do olhinho e da orelhinha, numa boa! E, com exceção de uma única vacina, lá também estava eu em todas, mesmo querendo chorar com ele em todas elas. Sempre fico com os olhos cheios d´água quando isso acontece, mas certamente pago menos mico do que minha mãe e o pai dele, que foram levar na única vez em que eu não pude, por estar doente, e voltaram os três chorando (perguntei até se também aproveitaram para tomar vacina! risos).

No primeiro exame de sangue (e em todos os outros) eu estava lá, pois o pai nunca teve coragem de ir sozinho. E, mesmo não gostando, ainda ajudo a segurar elezinho, e sempre nos olhamos, cúmplices, como se fosse um forma de um diminuir a dor e o nervosismo do outro. E acho que funciona! É assim também que ele faz comigo quando estou doente, com dor. 

Estive também ao lado dele quando precisou levar pontos no queixo, após cair brincando com o pai. O justo seria este entrar com ele, segurá-lo, ficar aflito, mas, como sempre, sobrou para mim. Lá fui eu. Só que desta vez quase que eu paguei mico, pois, apesar de eu ter conseguido prender o choro, fiquei pálida, branca, gelada, e, por um triz, eu não desmaiei (precisei me sentar em uma cadeira depois das costuradas que o médico deu nelezinho, respirar fundo, beber um copo d´água e ainda ser abanada!). 

Todos esses são os sacrifícios que uma mãe tem que encarar em prol da cria, para estar junto dela nos bons e maus momentos, nestes em que mais ninguém gostaria de estar. Faço das minhas tripas coração para que ele saiba que, apesar dos pesares, poderá SEMPRE contar comigo... para TUDO e mais um pouco...!!! O amor torna tudo, sem dúvida, superável!!! 

(Andreia Dequinha - mãe do também corajoso Miguelito)

3 comentários:

  1. Quanta cumplicidade entre esses dois! Uma mistura de mãe+amiga, ou amiga+mãe! Ele sabe com quem ele pode contar, que vc não está por perto somente nas horas dos passeios e risadas, porque isso é muito fácil, não representa desafio algum. Ser mãe é uma entrega que nem todos conseguem na totalidade. Gosto de ler os seus textos por vários motivos, entre eles para aprender tb ou ver que não estou sozinha com as minhas ideias. É tão bonito um relacionamento próximo entre mãe e filho, dá para perceber pelas fotos ou nos escritos... Vc é um exemplo, embora vc não concorde porque eu sei que é rigorosa consigo mesma e faz muitas autocríticas.
    Não é fácil segurar o filho nos momentos das picadas das agulhas, dói mais em nós do que neles. Mas, infelizmente faz parte do processo e não temos como fugir. Eu tenho PAVOR de qualquer tipo de picada (injeção, vacina, tirar sangue, soro, etc) entro em pânico quando tenho que estar junto, mas não fujo, porque eu sou a mãe e pronto! Eu viro a cara para o outro lado e seja o que Deus quiser...
    Cada um sabe a realidade que tem, quem pode contar com alguém para esses momentos, ótimo, quem não tem com quem contar, aprende a se virar sozinho(a), como vc mesma provou.
    Nós (as mamães) que fazemos questão re registrar esses momentos em nossa trajetória materna, deveríamos montar um livro para eternizar esses detalhes antes que eles se percam por aí...

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    1. Nem sempre é assim não... temos nossos conflitos já... dois geniosos... Venço mais pelo poder de mãe! Nestas horas a amiga vai embora na hora e vem o meu lado Hitler! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      Mesmo com todas essas minhas facetas, sei que ele sabe que pode sempre contar comigo e isso vale pra até quando eu aqui estiver!

      Obrigada pelo seu carinho, pelos seus relatos sempre tão ricos e que às vezes também me ensinam tanto... às vezes são tão parecidas as nossas experiências, mesmo com uma distância imensa no tempo! E não concordo meeeeeesmo que sou um exemplo, pois como falho, pacas! Aprendo uma coisa e acerto na próxima vez, mas, em compensação, erro mais umas dez, aí recuo várias casas neste jogo louco que se chama MATERNAidade! :-)

      Encarei, grávida, várias agulhadas, sem nenhum medo ou esboço de dor ou preocupação... Achei que eu tivesse me tornado corajosa, mas não... Voltei a ser a cagona de sempre, que evita ao máximo esses momentos, portanto, a coragem era dele, emprestada! Abafa! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      Quem sabe um dia o tal livro sai?!? Quem sabe?!? Enquanto isso, vamos nós só acumulando material... rs rs rs

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  2. Lindo relato, cheio de cumplicidade! Você sabe a força que tem, e o Miguel sabe a força que pode encontrar nessa mãe tão batalhadora!! Os desafios são constantes, e só eles são capazes de mostrar o poder de tanta coragem, pois nesses momentos é que se pode medir a força de alguém!! Parabéns por você ser essa grande mãe!! E parabéns para o Miguel por ter sido tão abençoado!!

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