sábado, 25 de junho de 2011

Bem-Vinda, Grande Miúda!!

Ela nem imaginara que a sua vinda  já era aguardada há tempos,  antes mesmo da concepção. A ideia do brinco, descartada após a primeira gestação, voltava  a florescer e me rodear. Outro sinal coloria a tela da minha esperança: um macacãozinho rosa que eu ganhara (por engano) de uma pessoa da família quando tive o primeiro filho  (Elucidando: pensavam que eu havia dado luz a um casal de gêmeos e por isso trouxeram dois presentes: um azul e outro rosa) e eu o guardara com carinho.  Eu já tinha, então,  o  primeiro presente  para  a princesa quando  esta  nascesse.
Dessa forma, estava eu em meados  de 1985: na cabeça  um pensamento efervescente,  a roupinha na mão e tecendo planos para dali a alguns meses. Pois é, embora o Danilo já estivesse com 1 ano  e me mantendo bem ativa com sua esperteza, graça  e bom desenvolvimento, um belo dia, uma outra sementinha muito esperta,  aproveitou um momento de distração e descontração  e “Zaaapp”, encaixou-se direitinho no útero e fez dali seu ninho por nove meses.
Não nego que fui pega de surpresa:  “Mas...tão já? O outro ainda tão pequenino! E  aqueles quilinhos a mais ainda estavam por aqui...”   Bem...isso são detalhes... Nesse evento , conhecido  puramente  como  nascimento,  não há intrusos e sim convidados. Se  veio é porque fora convocado  e há uma missão a cumprir. Então, mãos  a obra!!  Não demorei  nadica para absorver esse conceito, afinal ,  olha só o leque de possibilidades que surgiriam com essa nova chegada  aqui:  eu, finalmente,  poderia desfilar e exibir  o tão sonhado brinco numa orelha feminina;   teria uma cúmplice para duelar com Marcos e Danilo (“Agora eles  estão fritos, não vão ter chance alguma yessss !!”);   uma parceira para compartilhar  pentes, cremes, batons, roupas,  meias e calçados  (É divertido, hehe!!) ; uma companheirinha  para ler, filosofar, dar e ouvir conselhos, compartilhar os gostos musicais, ajeitar meus cabelos,  dar  palpites na culinária;  sem esquecer (Afff!)  uma ajudante nas tarefas domésticas ( kkk) e tantas outras coisas...
Assim, como da primeira vez, os nove meses seguiram seu ciclo bem tranqüilos e um tanto rápidos. Agora com 22 quilos  a mais, não encontrava uma posição confortável para dormir (Um sufoco!) e ficava imaginando que tamanho seria esse bebê.  Ao amanhecer  do dia 9 de março de 1986, acordei com a sincronia das contrações em  ritmo  acelerado  e  bem potente.  Sem dúvida,  chegara  o momento.
O paizão, igualmente  ansioso,  acompanhou-me até o hospital, por volta das 07:00 horas.  Assinou a internação e voltou para casa, certo de que teria uma  dia de espera (como da outra vez).    Eu que já não era mais  “marinheira de primeira viagem”,   pensava  que o processo iria ser o mesmo de  quando  tive o primeiro filho (Ou  seja: bolsa rompida seguida de corrida ao hospital, horas e horas no soro e nada do “preguiçoso” se manifestar. Foram quase 15 horas de expectativa para o Danilo decidir dar o ar da graça e acabar com a preocupação que nos consumia.)   
Esquece!!   Puro engano!!    Cada momento  desse é único e peculiar.
Mal  dei  entrada no hospital, fui para o quarto de espera. Havia lá outras mães : umas  gemendo, outras chorando...todas no mesmo barco,  só aguardando.  Aquele ambiente coletivo  não era nada encorajador,  pensei  com os meus botões.  Nem tive tempo de me influenciar com aqueles lamentos,  embora  eu também sofresse  do meu jeito, pois  as dores iam e vinham cada vez mais fortes,  mesmo assim  eu as conseguia suportar no silêncio. 
No meu interior, determinada e impaciente (desde já), a pequena decidiu dar  um basta naquele  suspense antes das 08:00 horas, nem esperou o pai chegar em  casa e cortou a frente de todos.  Foi a primeira a vir ao mundo daquele grupo de mães.
 E tem mais, reparem  nesse detalhe:  ela nasceu um dia após a comemoração do Dia Internacional da Mulher. Escolheu,  a dedo,  a data em que faria sua entrada triunfal nesse nosso mundo, marcando presença e sendo o presente ao mesmo tempo. Patrícia, minha pátria, um pedacinho  de mim, tão miúda e tão grandiosa!!
Como descrever uma situação tão mágica?  Esse 1º encontro, cara a cara, entre cria e criador? Um misto de ansiedade e aflição  com sabor de alegria e vitória, e,  sobretudo,  de agradecimento a Deus por permitir  mais uma integrante na família. A reivindicação fora concedida por Ele. Lágrimas já não conseguem segurar:  não caem, despencam e se misturam ao suor que envolve todo o resto do corpo,  já exausto pelo natural processo  que  um nascimento faz.
Nesse momento vem a confirmação de que, realmente, a vida é um milagre,  acontecendo todos os dias dentro cada  estrela humana que habita este mundo.
(Zizi  - mãe do Danilo e da Patrícia)

9 comentários:

  1. Não deve ter sido nada fácil ter um bebê quando o outro ainda é tão pequenino. O menino não ficou com ciúme? Lembro de minha mãe falando de quando minha irmã caçula nasceu. A do meio tinha apenas 1 ano e cinco meses e tentou "matar" a caçula por duas vezes. rs Uma vez quase asfixiou a pobrezinha com talco e da outra vez deu uma tamancada na testa da bebezinha. Mas isso tudo era ciúme porque a mais nova ente da família roubara as atençoes da mamãe. rs Amei seu relato, Zizi!

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  2. Penso tanto em ter outro filho!! Zizi, que loucura deve ser ter outro assim, no susto e cuidando de outro tão pequenininho, né?
    Mas achei muito lindo seu relato, rico em detalhes...fiquei imaginando cada cena...rsrs

    Ah, e eu amo esse nome...Patrícia...só não penso em colocar se tiver uma menina pq minha prima tem esse nome ;)

    Beijos

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  3. Zizi, Sua história é doce e tranquila. Os detalhes são tão minuciosos, gostosos, até parece que foram vividos tão recentemente!! Isso é porque o amor é sublime, é maravilhoso e tudo suporta!!

    Parabéns pelo Danilo e por último a Patrícia!!

    Bjos

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  4. Zizi

    Que história cativante...fiquei com aquela vontade de quero mais. Realmente filhos são dádivas na vida da gente.

    Abraço

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  5. Chorando, lhe escrevo! Tão lindo quanto o relato feito sobre o seu filho! E aposto como a Patrícia chegou com tudo por tanto tempo a esperar... reforçou a feminilidade com o brinco, com a roupa (rosa) que chegou antes dela, como um delicioso e majestoso convite, e nascendo coladinha ao dia da mulher! Tantas confirmações... Não foi em vão! Veio para fazer companhia ao irmão (eles se dão bem?) e também pra fazer transbordar de alegria o seu coração! Beijos e amo o modo como escreve! Arrasou!

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  6. Clécia, vivi situações bem complicadas quando a Patrícia nasceu porque o Danilo ia completar dois anos e, no início, não aceitava outra criança compartilhando de suas coisas e dividindo a atenção dos pais. (Para vc ter uma ideia, para eu ir ao banheiro, tinha que deixar a pequena trancada à chave...senão...uma vez ele a mordeu na orelha). Com o tempo ele foi se acostumando e desenvolvendo o carinho e amor fraterno. Mas...até lá eu suei kkkk
    Bjão e obrigada pelas palavras.

    Simone, apesar das dificuldades em lidar com dois pequeninos, tem suas vantagens. A gente cria dois de uma só vez.Depois tornam-se cúmplices e nossos companheiros. Não me arrependo, se voltasse no tempo, faria tudo outra vez.Obrigada pelas palavras.

    Maria, tive que me concentrar bem para escrever um relato de mais de 25 anos atrás, afinal a memória da gente não é tão boa assim, mas, graças a Deus, consegui atingir o objetivo. Obrigada pelos elogios, fiquei até encabulada.

    Mariuza, nossos filhos são nossos melhores troféus, concorda? É pura emoção lembrar detalhes de como vieram. Todo o processo marca muito a nossa vida. Obrigada também pelo "quero mais" (Eu achei que o meu texto ficou longo demais rss).

    Dequinha, manteiga derretida assim como eu quando leio seus textos rss. Acho que nós não serviríamos NUNCA como jornalistas porque somos subjetivas demais e procuramos dar um toque de poesia nos escritos. Afinal, somos seres humanos, movidos à emoções e não estamos escrevendo manual de instruções, não é mesmo?
    A propósito, as demais meninas que escrevem no blog são excelentes também, estou adorando todos os textos. Você escolheu muito bem todas as integrantes. Eu faço o possível para não destoar das demais e não perder o nível.
    Obrigada pelas palavras que sempre me deixam feliz e encabulada.

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  7. Zizi, fiquei muito mexida pelo seu texto, me senti tão pequenininha, parecia que você tava aqui do meu lado me contando sua história...
    Suas palavrinhas são iluminadas, sempre me tocam muito.
    Um grande beijo, ficunDeus.

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  8. Else, obrigada pelo carinho e principalmente pela "iluminada". Fui lá nas alturas e voltei aqui para agradecer. Bjosss

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  9. Zizi, adoro ler suas histórias. bjks

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