segunda-feira, 27 de junho de 2011

"Cara de uma, focinho da outra"

Desde que a Sâmia nasceu é filha de peixe, só tem mãe. É a cara da mãe. Aqui na cidade, todo mundo acha que somos parecidas e de fato, somos. Não só na aparência, mas também na essência. “Cara de uma, focinho da outra..." (como diz o povo da minha terra). Transcrevo abaixo um post do blog dela, publicado em 07/04/2011. Alguém quer maior declaração de amor?

Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco,
diante do que sinto.


Além da cara que não há quem negue é a mesma, herdei dela o choro quieto e silencioso e as  cartas de amor and otherwise escritas, extensas e nunca enviadas. Herdei essa vontade de ser sabe Deus o quê e o falar muito o desnecessário e pouco, quase nada, o necessário. Herdei, e renego enquanto tento remendar o já feito, a mão pra fazer coisa errada. Herdei um sofrimento constante do qual ela não fala e eu não falo, mas que está aqui dentro e perturba. Herdei esse sentimentalismo exagerado que um dia encheu de poesia folhas e mais folhas de papel. Herdei um coração pra sempre partido e a sina de amar o perdido. Herdei "ilusões perdidas e sonhos inúteis..."* Ah, e o gosto por Fagner, pelas músicas que de tanto ouvir me trazem lembranças de coisas que não sei o que são. Tenho nem pra onde fugir. É aquela história: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. :-)
(Sâmia - filha da Irene)
[Fanatismo - Florbela Espanca e Raimundo Fagner]

4 comentários:

  1. Irene,

    Que texto mais lindo!!! Mais emocionante! Impossivel não chorar, principalmente porque no meu passado as músicas de Fagner foram de um significado muito especial na minha vida, mas eu prefiro não lembrar. Vivo hoje uma história completamente diferente.
    Sua história transmite amor, sensibilidade e muito carinho! Amei! Parabéns por esse laço tão lindo na vida de vocês duas!!!

    Bjos

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  2. Amiga, que linda declaração de amor da sua broa (acho tão fofo esse seu modo tão peculiar de chamá-la!), que é mesmo a sua cara e tem o seu jeito! Deve ser muito bom ver o maior amor da sua vida se tranformar numa espécie de clone seu, seguindo seu passos, herdando sua índole, sua inteligência... Texto super gostoso: o da Sâmia e o seu, pois até nisso se parecem! As frases fluem...

    Beijos! Para ambas!

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  3. Irene

    Deve ter sido muito bom para você receber essa homenagem de sua filha. Adoro sentimentos por escrito. Isso demonstra coragem e um grande amor.

    Beijo querida

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  4. Irene, chorei com esse relato. Que palavras doces e profundas! Sua filha é a sua realização! Chorei, principalmente, porque vi (de certa forma) um espelho no qual se enxerga o interior e nesse espelho vi minha filha que tem tantos traços meus.
    É certo o que dizia uma outra mãe" Só as mães são (realmente) felizes..."

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