domingo, 12 de junho de 2011

Peraí, houve algum engano...


Sempre tive muita afinidade com meninos e mesmo gostando de brincar com bonecas,  (botava pra lutar, jogava longe etc) apreciava muito mais as brincadeiras consideradas masculinas, como rodar pião, jogar futebol e bolinha de gude, chutar tampinhas e latas, subir em muros. Enquanto professora, dava preferência aos meninos, achava as garotas chatinhas, frescas, melindradas, reles verbos de ligação, paradinhas ali, apenas “sendo” e não “agindo”, como os garotos, sempre em ebulição, predicados verbais.

Talvez por tudo isso nunca tenha me visto  mãe de uma menina, nunca  gostei de saias, nem de vestidos, nem de sandálias (minha mãe me fez entrar na minha missa de 15 anos com uma sandália altona e foi uma videocassetada!), não tinha um pingo de vaidade.

Quando engravidei  da Talita, tinha certeza ab-so-lu-ta de que viria um menino! Sabe quando qualquer outra hipótese (e só havia duas, né) está fora de cogitação?! Pois então! Assim estava eu, cheia de autoridade em relação a isso e pronto.
O enxoval era  90% azul-marinho, assim como o border nas paredes. Cavalos, carrinhos e trenzinhos de madeira enfeitavam as prateleiras, no armário uma coleção de macacões, bonés, e bolas de vários tamanhos e materiais esperavam pelo dono. Eu conversava com meu filho, combinando com ELE as nossas estripulias.
Tudo prontinho, aguardando pelo garotinho que ia virar do avesso o nosso “apertamento”!

Porém... e sempre tem um porém... a ultrassonografia revelou, aos  5 meses, que  eu havia errado meu palpite! Para minha desolação, era uma menininha que estava lá!  “Mas como?? Deve haver algum engano, não pode ser! Olha direito, mexe aí esse mouse!! É menino sim, gente!!”      

Estou aqui escrevendo e meu coração tá palpitante, lembrando daquela tarde em que fiquei dura, gelada naquela cama, toda gelecada, com vontade de chorar, tentando desesperada  encontrar um pinto no monitor, olhando com raiva pro médico! Minha mãe e o Mô nem tinham coragem de vibrar com a notícia, vendo a minha decepção. Estiquei um bico, emburrei, fechei mesmo a cara, que nem criancinha mimada que ganha um presente que não serve. Tadinha da minha filha... Fiquei  naquele  “luto” uns 3 dias, sentindo-me uma péssima mãe, rejeitando um filho que não vinha do jeito esperado.

Pouco a pouco, aliás, beeeem pouco a pouco, umas marolas de ternura foram se chegando, a natureza foi fazendo a sua parte e recomecei a amar muito aquela barriga, com o conteúdo real que havia lá, sem exigências, sem cobranças. E tem sido muuuito bom desde então!!! Nenhum sinal de rejeição, ufa!

Ai gente, do Tariq não tenho quase o que dizer, porque quando engravidei dele eu sabia que seria mesmo um menino!!!!! E abracei e beijei o médico do ultrassom quando ele descobriu o pequeno órgão balouçante que confirmava as minhas previsões, para alívio de todos!!
(Else Portilho)

12 comentários:

  1. Somos siamesas então, Else, pois tb eu não era muito chegada às brincadeiras femininas, com exceção das bonecas (adorava mais ainda as de papel, e vc?) e das panelinhas... Sempre gostei beeem mais de bola, pique, pipa, essas coisas de menino. Curioso isso!

    Fiquei imaginando a cena, e acho que eu me sentiria igualzinha a vc se descobrisse que no lugar do tão esperado e programado bilau tivesse uma xoxota... Ficaria com pena da Clarinha... rs rs rs

    Mas ainda bem que descobriu o "engano" aos 5 meses, assim deu ainda tempo de se programar, de mudar os planos, trocar as peças e ajustar os parafusos da mente... rs rs rs
    Conheço gente que descobre isso só quando a criança nasce... e um ex meu teve de sair com o filho da maternidade todo de rosa, pq não havia nem cogitado um erro no sexo. Beeem pior!

    Um beijo enorme e amo seus textos! Que bom que os teremos toda semana agora.

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  2. Else, a gente pensa que está no controle de tudo, chegando até a exigir isso e aquilo de algo que ainda nem recebemos por completo, porém a realidade (Deus) nos coloca no seu devido lugar, mostrando que tem um tempo certo para cada detalhe.E assim aprendemos a amar o que nos é dado, pois o carinho de mãe é natural, independente se é ele ou ela aquela coisinha moradora do nosso útero. Existe, em cada um de nós, uma tendência, uma afinidade maior em lidar mais com meninos ou meninas, e disso não temos culpa alguma, é algo que já nasceu conosco. Entretanto, convém trabalhar mais aquilo que nos falta para que haja um equilíbrio na distribuição desse amor tão grande e inigualável que é o de mãe. Seu texto tem de tudo: bom humor, curiosidade, prende a atenção e também emociona, afinal os sentimentos transbordam pelas palavras e chegam até nós:))

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  3. Que interessante esta história! Eu penso diferente. Quando minha irmã engravidou fiquei esperando loucamente que fosse uma menina, mas não foi. Acho que as meninas são muito mais legais para arrumar. Os meninos não têm muita graça. rs Mas minha irmã tem dois meninos lindos que amo de paixão! A menina não veio, mas quem sabe a min ha outra irmã não me presentei com uma? rs Adorei o post!

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    1. Ô Clecia!! Quem sabe se vc mesma se dá uma menininha, hein?!...

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  4. Dequinha, fui lá reler seu post sobre o sexo do bebê e repercebi as nossas afinidades com meninos, kkkk!! Nossa, nós duas fomos dois moleques, hein!

    Zizi, tenho tentado mesmo lidar com essa preferência exacerbada pelos meninos na escola, procurando descobrir valor e graça nas atitudes das alunas também... Nooossa, mas fico achando as meninas chiliquentas e escandalosas, cheias de frescurinhas... Mas tô a caminho, hehehe!!

    Clécia, kkk, o que seria do azul de todos gostassem do verde, né!! Como sou toda apressada, prefiro mesmo os meninos na hora de arrumar pra sair, meninas têm muuuitos detalhes que atrasam... Ainda bem que minha mãe e minha cunhada Bebel são os modelos de vaidade pra minha filhota, senão ela ia enfiar no corpo a primeira bermuda e qualquer camiseta que estivesse à mão, que nem eu faço sempre!! E olha que já melhorei muito, seguindo as orientações dela!!

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  5. E eu já intuía que quem estava lá na sua barriga era uma menininha!
    Lembra que deu no tarô qundo eu joguei e depois quando a Claudia e a Glória jogaram?
    Dava direto o Arcano da Imperatriz.Uma linda representação do arquétipo feminino.E a Talita tem muitos atributos da Imperatriz: é inteligente,feminina,meiga(mas decidida),criativa...
    E eu sou desde sempre tia e madrinha dessa menina linda que é nossa TALITA!!bJS,Erika

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  6. Pois eu estava o tempo todo na torcida pra ser uma menina!
    Beijos do seu Mô.

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  7. Eu também sempre me identifiquei mais com os meninos, mas, claro que se tivesse vindo menina seria amada do mesmo jeito!!

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  8. Sempre me senti mãe de meninos... aliás, minha beligerância adolescente sempre comprovou isso, né Else? E Deus com toda Sua sabedoria, escolheu o momento certo, e o anjinho que iria me enviar, a dedo. Sua generosidade foi o meu maior consolo. Depois de passar tantas dificuldades... meu forno era "meio estragado" e meus bolos sempre solavam... recebi a graça de ser mãe. E o meu "príncipe" se chama EDUARDO. Não foi o nome que escolhi... mas hoje teria escolhido esse. Amo esse menino mais que TUDO... por ele sou capaz das maiores loucuras...

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  9. Erika, dindinha da Tatá,eu nem lembrava desse tarô, hehehe, porque não acredito, né...

    Mô, e vocês são mesmo uma bela dupla, inclusive nas horas de se amotinarem!!

    Maria, é um amor incondicional mesmo!!!

    Sílvianônima, kkkkk, você era mesmo uma colega beligerante!!! Eu tinha medocê, mas hoje eu te adoroooo, minha companheira de seara pedagógica!!

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  10. Else,
    Sei bem o que é isso de intuição falhar. Ô derrota!kkkk

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  11. Elsinha, você jura que ficou de "luto", amiga? Fiquei pensando aqui como seria minha reação, já que como vc e muitas outras aqui, eu não me imaginava mãe de menininhas. Realmente, não sei como seria....bom, mas agora eu até quero uma! ehehe

    Beijos e adorei o texto! Tão levinho e gostoso de ler ;)

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