segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Saudades do que ainda não se foi...



Um sábado qualquer de 2005.

9h- Ela se levanta, se espreguiça na cama e se levanta calmamente. Vai ao banheiro, onde toma um banho tranquilo. Arruma os cabelos, faz uma maquiagem suave e vai preparar o café
9h45- Com o marido, tomam o café da manhã: mamão, leite, café, queijos.... Planejam como será o dia: ajeitar a casa, sair para o almoço, shopping, cinema, diversão...
10h- Eles arrumam a casa. Cada um cuida de uma tarefa e rapidamente tudo está pronto.
11h30- Ela assiste na TV a episódios de séries americanas favoritas. Fica cansativo, então vai ler um livro.
12h- Arrumam-se e vão ao restaurante, onde provam tranquilamente seus pratos, acompanhado de muitas conversas sobre os planos futuros.
14h- Que tal um cinema? Pode ser... Mas já vimos aquele e aquele e aquele... Só sobrou aquele outro.... Tudo bem.... Vamos assisti-lo mesmo que não seja do nosso tipo preferido!


Um sábado qualquer de 2015.

05h- Ela acorda com o som de um choro. É automático. Já pega a bebê, que também automaticamente procura pelo seio. Meia hora depois, a criança, já saciada, dorme. Ela até tenta dormir novamente, mas desperta porque o pensamento está nas coisas que tem para fazer.
6h- Ela lava louça do dia anterior cuidadosamente para não acordar ninguém. Coloca roupas na máquina. Vê algumas roupas em uma pilha para serem passadas. Desamassa algumas, pois lembra que ele disse que já não havia mais roupas no cabide e a maior reclamou que não tinha mais calças nas gavetas.
7h30- Lembra-se de que não tomou café. Prepara-o, mas a mais velha acorda e pede ajuda para ir ao banheiro. Arruma o cabelo, ajuda-a com a troca de roupa e se lembra de que ela mesma ainda está de pijamas. Tenta trocar, mas a mais nova acorda novamente.
8h- Ele troca as fraldas, mas quem tem o alimento é ela. Ainda de pijamas, coloca a menor para mamar, senta-se com a xícara de café e observa a maior tomando seu leite, ajudada por ele. Os quatro na cozinha. Ele a ajuda, cortando o pão e passando manteiga.
9h30- Eles vão brincar na sala. Ela tenta arrumar a cozinha. Ele tenta arrumar a cama. As crianças querem atenção. Mais uma vez a louça fica na pia e a cama desarrumada porque brincar e estar com elas é o que importa.
11h- Preparam-se para ir ao shopping. Lenços umedecidos, fralda, brinquedo, troca de roupas, colher... Um mundo em uma bolsa! Primeiro, ela arruma a bebê e ela distrai a maior. Depois, ela ajuda a maior e ele fica com a menor. Então, ele se troca e ela fica com as duas. Por último, enfim, ela se troca. Saem.
12h30- No shopping, ela fica em uma mesa, enquanto ele compra a comida das crianças. Depois, ela alimenta as crianças e ele compra a comida do casal. Ele assume a alimentação das meninas, para ela comer. Então, ela distrai as meninas e ele almoça. Assim mesmo: cada um em um momento, senão, não é possível comer.
13h30- Filme? Nossa... Nem lembro a última vez que fomos ao cinema... Que filme é aquele? E aquele? Nem sabia que aquele existia... Vamos à área de brinquedos?

Esses são apenas fragmentos de dois momentos distintos da vida. Um sem filhos e outro com.

De um para outro, mudam-se a quantidade de pessoas, as atividades, a dinâmica. Um, é tranquilo, estático e planejado. O outro é rápido, cheio e com imprevistos...

De ambos há coisas para se sentir saudades: de um, a calmaria, o tempo para se fazer tudo tranquilamente, de se planejar e realizar. De outro, a correria (sim, é difícil, mas dá saudade) os momentos juntos, a amamentação, as brincadeiras, a alegria de ver outros felizes com algo simples!

Procuro viver intensamente cada momento porque tenho consciência de que vida muda. A rotina que vivo hoje provavelmente será diferente daqui a algum tempo. Já percebi isso porque tenho duas filhas e de uma para outra vi que muitas coisas não voltam.... Também sei porque os avós nos relatam o quanto sentem falta da rotina com filhos.

O bom de se ter mais filhos é isso: poder reviver aquelas situações mágicas, para quais não dávamos valor ou não tínhamos consciência de que passariam tão rápido na primeira vez. E poder aproveitá-las ao máximo, com um sorriso bobo e sob olhar de quem acha que você é louca...

Vale lembrar de que nem tudo são flores. Claro! Há momentos em que penso que vou enlouquecer? Sim. Mas sei que tudo passa. E posso, no futuro, sentir falta até disso! Para mim, tudo está no pacote “TER FILHOS”, que escolhi receber e que preenche o meu coração.

(Nina Marinho, mãe da Mari e da Analu)

7 comentários:

  1. Achei um BARATO a sua sacada de comparar o antes e o depois, separando em horários, como uma agenda, e relatando tão bem como a rotina muda radicalmente depois que se tem filho, ainda mais dois, como é o seu caso! E achei EMOCIONANTE a forma como mostra que, apesar das inúmeras concessões e abdicações, vale muito a pena ser mãe, viver essa tempestade toda e sem poder apertar o botão de PAUSE ou de ir em câmera lenta. Perfeito seu texto! Parabéns!

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  2. Arrepiei quando li seu texto porque me vi nele em quase todos os trechos... A mudança pela qual passamos é tão radical, mas ao mesmo tempo gradativa que parece que depois que somos mães, sempre fomos, que sensação estranha, pois fica difícil imaginar o mundo sem eles, como sempre se eles tivessem ali a nos ocupar tao plenamente! Amei o seu texto,cheio de emoção e arranca lágrimas nossas....

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  3. Amei a comparação que você fez ! Retratou tudo rsrs e ao mesmo tempo mostra como apesar disso é maravilhoso ser mãe. bjkss

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  4. Nossas vidas mudam tanto com a chegada deles. Mas, jamais haveria modo de mudar pra melhor. Muito legal seu texto! Relatou bem como de uma hora pra outra, as vida muda. E por isso temos que aproveitá-la cada segundo ao máximo.

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  5. Nossas vidas mudam tanto com a chegada deles. Mas, jamais haveria modo de mudar pra melhor. Muito legal seu texto! Relatou bem como de uma hora pra outra, as vida muda. E por isso temos que aproveitá-la cada segundo ao máximo.

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  6. Poxa, que legal esse paralelo que você fez, Nívea! É exatamente assim hahaha
    Mas confesso que a segunda parte é muito mais gostosa e cheia de aventura de rsrsrs
    Adorei seu texto! Beijão

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  7. O pacote "TER FILHOS" é mesmo uma loucura, mas uma loucura que a gente, aos poucos, vai aprendendo a tirar de letra!SQN!KKKK

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