sábado, 2 de abril de 2016

Repeteco - "Ao infinito e além"

Hoje é Dia Mundial da Conscientização do Autismo e, a pedido da Dequinha, essa índia que tanto amo, estou aqui para escrever algo relacionado.

Meu filho foi diagnosticado com paralisia cerebral e diplegia espástica e não autismo, então não tenho propriedade para falar sobre o assunto. Estou aqui apenas para mostrar a visão de uma mamãe que passa por situações muito diferentes e não tão convencionais e também para externar, por meio do texto de outra mamãe, o que é ser mãe de uma criança especial. Um filho especial faz com que a mãe tenha que viver uma vida em dois corpos diferentes e isso é muito difícil, minha gente!

Então, por meio do texto da Mari Hart Dore, você irão saber como me sinto e quais são as 13 coisas que as pessoas não sabem sobre mães de crianças deficientes:

1) Não somos fortes como todos imaginam. Apenas não nos resta outra opção.
2) A solidão é uma grande companhia. Muitas vezes nos sentimos incompreendidas e um peixe fora d'água. E não há nada que mude isso.
3) Nos sentimos frequentemente cansadas, com exaustão acima de tudo mental. Temos preocupações simples 24 horas por dia, que a maioria das mães não têm.
4) Nosso filho não é um pesar, um estorvo ou um fardo. Lidar com a sociedade em relação às diferenças é que é.
5) Damos valor a coisas tão pequenas, que podemos sentir o sabor da alegria muito mais do que o normal!
6) Não temos "nojinho". Baba, fuídos e coisas escatológicas fazem parte da nossa vida.
7) Rótulos como "guerreira", "abençoada" e "especial", muitas vezes, podem nos incomodar, pois nos dá a sensação de que não podemos reclamar, sofrer, chorar. Somos somente humanas, como qualquer outra mulher.
8) Aprendemos a não comparar problemas. Descobrimos na prática que cada um tem a sua dor, e que ela é imensurável, única e intransferível, e não há régua para medir.
9) Responder a perguntas sobre a patologia de nosso filho não é problema, é solução! Temos a missão de informar!
10) O medo nos ronda. Sempre. Mas aprendemos a viver com ele.
11) Sentimos muitas dores físicas e musculares. Fazemos esforços sobrenaturais para conduzir crianças grandes com o controle motor de bebê.
12) Hospital é um lugar comum para a gente. E por mais que tenhamos intimidade com o ambiente, ainda é um lugar de desconforto.
13) Apesar das muitas dificuldades, nos sentimos privilegiadas em conhecer o verdadeiro amor, altruísta e genuíno que só essas crianças têm a oferecer! Somos mais felizes do que pensam!


E, para finalizar, reposto um dos textos que fiz para o blog e que muito fala sobre minha relação com o Henrique:

A primeira coisa que aprendi com o Henrique foi que nem tudo que queremos podemos ter, mas que dá pra ser feliz mesmo assim. Aprendi com ele o que é a superação quando o simples gesto de segurar um copo d'água tornou-se a coisa mais difícil do mundo, mas não impossível. Aprendi com ele a entender o real significado da palavra determinação quando vi suas incansáveis tentativas de levantar do chão segurando em mim, e  mesmo com as mãozinhas suadas pelo medo de cair, conseguir. Aprendi com ele que ser insistente não é tentar duas, três, quatro vezes, mas sim, infinitas vezes, como no dia em que ele deu exatamente três passinhos em minha direção e que eu gritei tanto, tanto que o vizinho tocou a campainha pensando ter acontecido alguma coisa. Mas não, eram gritos de felicidade e de esperança.

Aprendi com ele a aceitar e a conviver com as diferenças e nunca mais, em hipótese alguma, parar em vaga que não é minha. Aprendi que não questionar "por quê comigo?" é a forma mais simples de se aceitar e viver. Viver sorrindo. Aprendi com ele que a música é o alimento da alma, que o talento é nato e isso ninguém pode tirar. Aprendi com ele que o medo faz parte de todo esse processo, mas que a coragem é maior, ainda mais quando criamos laços de amizades com quem nos causava esse medo: médicos, anestesistas, fisioterapeutas.

Aprendi tanta coisa com ele...muitas mesmo. Na verdade, aprendemos.
E sei que ainda temos muito a aprender. Como diz a Elsinha querida: "Henrique, ao infinito e além... muito além".


(Simone Maróstica - mãe do Henrique)

8 comentários:

  1. Eu encaminhei o link do texto, para minha irmã, a mãe do Heitor, simplesmente lindo!!!

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  2. Você, como sempre, arrasando, Simone guerreira! Como eu admiro o seu jeito de ser, de lidar de boa com o diagnóstico do meu sobrinho emprestado! E sempre nos ensina tanta coisa! Obrigada!

    Adorei conhecer os 13 itens!!! 13 grandes lições!!!

    Um beijo enorme e dê um beijo no meu gostoso aí... Beijos da "Tia Sono" (rindo até agora com a sensibilidade dele, que, mesmo de longe, sacou como eu tenho me resumido ao sono neste um mês arriada de Dengue!) rs rs rs

    Pior seria se ele me apelidasse de "Tia Dor", que também, cá pra nós, teria a minha cara, atualmente. rs rs rs

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  3. Sempre encantador suas palavras misturadas com amor e garra. Como eu já comentei em outra postagem, os filhos nos ensinam muito, aliás mais aprendemos do que ensinamos. E o amor, sempre imensurável, esse amor de mãe, anjo escolhido por Deus para cuidar dos seus pequeninos! Amei cada linha, palavra, morfema, fonema....amei, inclusive conhecer os itens e aprender com vc.

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  4. "Não somos fortes como todos imaginam. Apenas não nos resta outra opção." Não tem como não ficar emocionada diante dessa afirmação! Meu Deus que forte, que tocante!! Que coisa linda!! ... Sem palavras!

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  5. Simone, você sempre nos emociona com seus textos verdadeiros e tão sensíveis! Muito obrigada por compartilhar conosco suas experiências. O Henrique vai muito além mesmo... Fiquei emocionada!!!

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  6. Sem palavras, índia ! O Henrique é tudo de bom mesmo !E vc ainda vai aprender muito mais com ele. bjksss

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  7. Obrigada pelas palavras tão carinhosas, meninas! Vocês são maravilhosas!

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