terça-feira, 24 de maio de 2016

Não posso passar a borracha...

Gosto muito da frase "A vida é a arte de desenhar sem borracha", pois simplesmente não dá mesmo para voltar atrás... Eu, por exemplo, tenho grandes arrependimentos na minha vida como mãe! De todas as filhas da minha mãe, eu sou a campeã em conflitos internos, e talvez por isso cometi tantos erros. O primeiro grande arrependimento da minha vida foi em relação ao meu filho mais velho. O meu exagero de mãe rígida fez daquela criança um menino tímido, demasiadamente inibido. Ele tinha muito medo de mim por causa das minhas atitudes. Eu, por minha vez. queria muito ser aquela mãe disciplinadora, sem ser autoritária, mas infelizmente não era, eu só sabia ser um tanto dramática (na tentativa de acertar, é claro, como todas as mães!).

Quanto me culpei por isso! Em um certo momento da adolescência, ele precisava se defender em razão de alguns comentários de colegas (bullying escolar), mas não conseguia. Cheguei ao ponto de desejar que seria melhor receber reclamação por ele ter batido em alguém na escola do que vê-lo chegar chorando todos os dias porque não conseguiu reagir a mais uma humilhação. Eu me revoltava comigo mesma e pensava que eu devia mesmo era ter ensinado o meu filho a dar porrada nos outros, isso sim, mas fui dar uma de mãe correta, certinha e olha o que eu ganhei (e ele também!). Tadinho! Agora é tarde, não posso passar a borracha! (risos)

Mas, hoje, posso dar graças a Deus!!! Orei muito pelo meu filho e vejo que ele superou tudo, e se tornou um moço pra lá de argumentador!!! Com seu jeito próprio de pensar e de se posicionar a respeito de qualquer assunto, chega até a ser chato, além de extremamente crítico! (risos) 

Quanto ao Elias (um doce de menino!), lembro-me apenas de uma pequena pirraça que ele fez e que, por causa disso, mais uma vez manifestou-se o meu exagero como mãe, pois dei tantas chineladas nele, com tanta raiva, com todas as minhas forças, que ele ficou todo vermelhinho e eu também toda vermelhinha de tanto chorar de arrependimento, pois ele dormiu soluçando, tadinho!!! (estou até chorando agora me lembrando da cena).

Jamais serei a mãe perfeita, mas sou a mãe real, a mãe que tem sentimentos... Sou a melhor mãe que  posso ser, a mãe que, apesar de todas as dificuldades, está sempre lá. A mãe que ora todos os dias de joelho pelos filhos e que sempre leu a Palavra de Deus para eles durante toda a infância e adolescência (agora que já estão crescidos leem sozinhos, embora eu continue dando aqueles lembretes de mãe chata, do tipo: "Leiam a Bíblia, meninos!!!" ou "Não se esqueçam de fazer a oração!" kkkkkkkkkkkkkkk)

Um dos meus arrependimentos recentes foi impedir meu filho mais velho de se divertir com os amigos em um sábado à noite! Mesmo ele já tendo vinte anos de idade, saiu para tocar violão com a turma da faculdade, mas quando chegou lá viu os meus recadinhos dramáticos dizendo que só daria o carro para ele trabalhar e que o resto que fosse a pé ou de bicicleta, e outras coisinhas mais. Ele voltou na hora, com certeza, e chateado! Pedi perdão, disse que tudo isso é porque me preocupo e porque o amo muito!! Ele me respondeu que também me ama!!(ufa, que alivio! risos).

A grande verdade é que todas nós erramos como mães, machucamos e decepcionamos os nossos filhos, mas o perdão é um santo remédio e faz parte da dinâmica de fortalecimento do amor entre pais e filhos, pois, na maioria das vezes, traz aprendizado e mudança positiva de atitudes. É uma forma divina de reconciliação, já que a borracha não resolve! Enfim...

                                                           
(Maria José - a mãe dramática de Mateus e de Elias)

6 comentários:

  1. Que texto lindo!!! Quanta verdade...quanta doçura... e como eu me identifiquei com sua história!!! Parece que mãe professora é mais chata que as demais... (rsrs) Nem sei se esta é sua profissão (acredito que seja) mas,observo que, por depararmos com tanta criança mal formada, acabamos exagerando com nossos filhos, temerosas de incorrermos nos mesmos "erros" dos pais dos nossos alunos. Erramos sim...porém,na tentativa de acertar...porque tudo que mãe quer é o bem do filho. E assim é a vida: errando e se arrependendo; acertando e aprendendo sempre...já que na escola da vida não há férias. Título e argumentação excelentes. Parabéns!!!

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  2. Sim Zenilda, sou professora!! Realmente tudo o que fazemos é com a intenção pura e simplesmente de acertar... falhamos muitas vezes!!!...
    Hoje sinto-me feliz, muito feliz mesmo, pois ouço das pessoas que os meus filhos têm excesso de educação!! Fico imensamente agradecida com isso!!! Agradeço a Deus por isso!!!
    Adorei o seu comentário!!!! Muito grata!!!

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  3. Que alívio saber que, assim como eu, você também tem lá os seus arrependimentos e, no fundo, que bom saber que a vida não aceita borracha, porque, cá pra nós, os erros fazem parte e nos mostram, dentre outras coisas, que aprendemos com eles e que a eles sobrevivemos (e nossos filhos também!). Concordo quando diz que isso fortalece a relação! Muito fácil amar sem conflitos, sejam eles internos ou externos, ou ambos. Deus me livre ser uma mãe perfeita e irreal... prefiro ser essa que acerta e que erra, às vezes erra mais do que acerta até, mas sempre real... de carne e osso... e arrependimentos! E viva nós!

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  4. Nós, mães, embora transbordemos de amor pelos filhos, carregamos um peso de cobrança do mundo, ou seja, qualquer atitude negativa do filho cairá sobre a mãe. Infelizmente as pessoas atribuem muita culpa às pobres mães, que quando erram é por amor somente e nada mais... Quando dissemos "NÃO" , por mais que nos doa, é porque sabemos que é preciso. Queremos fazer um bom trabalho, queremos deixar um cidadão no mundo e não apenas um alguém.
    Eu compreendo exatamente essa situação. Praticamente, nós mães passamos pelas mesmas coisas. Sofremos e sentimos os fatos de modo especial porque nos foi dada uma missão muito difícil: educar e amar ao mesmo tempo.
    Por mais durona que vc tenha sido, seu carinho, amor e dedicação sobressai....e os filhos sabem disso. Muito bonito também essa preocupação constante em não deixá-los esquecer de Deus e agradecer por tudo.
    Gosto muito de ler os seus textos porque aprendo e me identifico com as cenas. Impossível não se sentir emocionada com tanto amor embutido em cada palavra. Parabéns por mais essa produção!

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  5. Mazé, fiquei emocionada com seu texto ! Lindoooo e verdadeiro ! Tenho certeza que seus filhos reconhecem todo o seu amor por eles. bjkss

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  6. Seu texto é emocionante e real. Agimos como protetoras e às vezes acabamos enclausurando nossas lagartas que já viraram borboletas e querem voar... Coisas da vida , coisas de mãe e de filhos.

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