sábado, 11 de junho de 2016

Birras passam, a essência fica...


Nome de anjo, cabelos cheios e levemente loiros, cacheados, bochechas avermelhadas, lábios carnudos,  olhos castanho-escuros completam, de forma harmoniosa, um rosto arredondado, de expressão pura, dócil e gentil com um sorriso tranquilo e muito sossego no andar e no falar. Embora novo, é alto e forte, mas não utiliza essas características físicas como estratégia para se prevalecer sobre os outros. Ao contrário, se precisar ele trata e cuida  dos pequenos com muito carinho e cautela, gosta de ler e de contar histórias para  eles. As crianças o adoram e sempre o rodeiam, onde quer que ele esteja. Sua beleza interna se mescla à  externa. Dividir o lanche com os coleguinhas não é problema algum, faz isso de coração aberto. É sensível aos problemas alheios. Ama os bichos, sabe muito sobre eles porque adora assistir reportagens que abordam o mundo animal. É um defensor intenso da preservação do meio ambiente. Os fatos históricos, geográficos  e mitológicos atraem muito a sua atenção. Gosta de ler e de desenhar. Sua timidez o torna um observador maior que falador, principalmente na frente de estranhos.

Essa soma de características  traçam o perfil de alguém que me faz companhia e  me fortalece de uma forma tão plena que transforma meus momentos difíceis em apenas fatos a serem superados, pois, quando ele fala na sabedoria de  Deus, seus olhos brilham. Se está próximo, fico mais tranquila, confiante e feliz. Por estas e outras, acredito que o nome traz uma energia e representa o ser. Pesquisei, então, o significado de “Gabriel” e me certifiquei de que ele fora mesmo enviado à minha casa para iluminar cada pessoa que lá habita. Sou muito grata por essa dádiva.

Entretanto, ao mesmo tempo em que me deleito com as descrições acerca do meu neto e agradeço todos os dias sua presença em minha casa, eu recuo algumas páginas da memória para resgatar episódios hilários e reais que retratam situações bem embaraçosas protagonizadas pelo mesmo menino e que não combinam “nadica” com as exposições dos primeiros parágrafos.

Gabriel  adorava passear em shopping para se divertir com os brinquedos e ficava muito bravo quando entrávamos em uma loja para comprar-lhe roupas ou sapatos. O drama começava quando tinha que experimentar qualquer roupa. Entrávamos com ele no provador, fechávamos a porta para vestir-lhe a roupa nova. Porém, ele chorava e gritava de modo escandaloso: “Socorro!, socorro! Alguém me ajude!! E repetia isso quantas vezes fosse necessário, até abrirmos a porta e nos depararmos com o olhar fulminante e acusador de todos que lá  estavam. Parecia que as pessoas acreditavam que estávamos judiando dele. Para evitar maiores conflitos, ou saíamos sem comprar nada,  ou comprávamos sem experimentar nele. Não adiantava falar com ele. Punir seria pior, daí sim as pessoas teriam certeza de que o menino fora torturado. (Absurdo!!)

As lojas eram seus locais preferidos para deixar fora de órbita as três corujonas: mãe, tia e avó. Talvez porque esse ambiente o privava da apreciada liberdade e da incansável vontade de brincar. Forçava uma escapadinha, e num piscar de olhos, sumia e se escondia embaixo das araras nas roupas dos cabides. Lá se iam, novamente, as três desesperadas descobrir onde ele se escondera dessa vez...

Outra birra marcante desse meu querido foi com a água. Um autêntico peixinho-bebê. Não podia ver água em grande quantidade (piscina, rio, mar) que se atirava com roupa e sapato, sem nossa permissão. Não se contentava em passar a mãozinha ou os pés na água, ele queria mesmo era mergulhar! Na maioria das situações era impossível permitir esse acesso por motivos diversos: frio, festa de formatura, casa dos outros, água suja, etc. Mas ele não compreendia nossos motivos:  gritava,  chorava e corria para se molhar de qualquer jeito, mesmo no inverno. Era um “Deus-nos-acuda”!. A confusão estava armada! A festa perdia a graça...

Eu me arrepiava só em pensar na possibilidade de o Gabriel ser tão traquina quanto o pai dele: o Danilo.  Nos primeiros anos pareciam repetição de cenas de um velho filme conhecido (risos).

Um dia estávamos em outra  loja e o Gabriel sentiu vontade de urinar e não nos avisou. Foi em direção de um bebedouro de água e o fez de alvo. Tivemos que sair às pressas antes que alguém da loja fizesse a devida reclamação.

No supermercado, ele abria os bracinhos e derrubava tudo que podia...

No cinema, fugiu de mim e da tia durante uns 15 minutos. Foi o pior perrengue da minha vida!  Eu fiquei tão mal que levei anos para me recuperar do susto. Na verdade, até hoje (dez anos depois)  eu fico tensa quando saio com ele e o perco de vista.  

Uma noite, depois de ter assistido a um filme que mostrava como nasciam os patinhos, Gabriel levantou à  noite, foi  à cozinha e trouxe vários ovos e os colocou embaixo de mim. Queria que nascessem pintinhos e para isso precisava de uma galinha: Euzinha!! (Olha que honra!!)

Traquinagens e/ou pirraças são definições que os adultos criaram para classificar manifestações pueris movidas pela curiosidade ou ações de protesto. Na verdade,  eles estão apenas crescendo e querem explorar, empiricamente,  esse mar de possibilidades que o cercam,  sem noção alguma de causa e muito menos de consequência.

Como avó, eu tive mais paciência em lidar com situações dessa natureza, talvez porque minha experiência permitisse esse amadurecimento..Essa afirmação não significa que eu seja permissiva para prováveis exageros do Gabriel. Afinal ele é um adolescente com 12 anos. De acordo com a situação, falo sério e uso a punição pertinente. Afinal, quero deixar um homem de bem, responsável,  consciente dos atos e útil à sociedade. Minha experiência materna por duas vezes concedeu-me essa graduação que faço valer pela terceira vez, com o mesmo sucesso, espero...

                                         (Zizi Cassemiro - mãe do Danilo e da Patrícia; avó do Gabriel e do Johnny)

9 comentários:

  1. Zizi, que delícia ter dois textos seus numa só semana! Diversão dupla garantida! Amei! Vai me acostumar mal e vou querer toda semana isso, heim! rs rs rs

    Impossível a gente não se apaixonar pelo seu netinho pela sua descrição e pela moldura das fotos. Um anjo mesmo, ainda que tenha esses momentos em que tudo parece destoar, mas que faz parte e comprova a dualidade presente em todos nós, até nos anjinhos!

    Ri muito com boa parte das peripécias do Gabriel, mas quase fiz xixi nas calças imaginando a cena de eles pegando os ovos de galinha e colocando pra vc chocar! Putz! De rachar de rir! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Que vó fantástica você é! Admiro muito e se Deus me presentear um dia com um neto, quero ser que nem você, ou 1/3... Já estaria de bom tamanho! E não tenha NENHUMA dúvida de que já está tendo uma graduação (e de Ph.D.) com seu netinho. Ela é nítida! Gritante! Parabéns!

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    1. Essa semana foi atípica! Eu fiquei pensando nas birras e traquinagens do Gabriel e por isso escrevi um texto sobre ele. Afinal, ele é, de certa forma, meu filhão! Mora comigo e está em todos os cantos que vou. Sou maluca por ele e tenho tantas histórias para contar, pois ele é fofo demais, coração sem igual, só fico com receio de estragá-lo de tanto que amo!
      Não tenho facilidade em sentar e escrever um texto. Primeiro faço um rascunho no caderno, escrevo, apago, escrevo, apago....altero algumas expressões, tento eliminar as repetições, etc. Enfim...demoro horas para concluir um texto. Minha preocupação é que o texto seja verdadeiro e interessante. Dependendo do tema, eu tenho inspiração.
      No tema referente ao dia dos namorados eu prefiro não me manifestar. Falar sobre namorados/ namoradas dos meus dois, acho melhor não por motivos particulares.
      Entretanto quando o tema me toca, com certeza gosto de contar as inúmeras histórias que estão retidas aqui na memória e torná-las eternas...
      Obrigada pelas doces palavras e incentivo. Vc me fez sentir muito importante. Aliás, me deu um banho de ânimo.
      Gosto muito de participar desse blog pelo acolhimento e interação que aqui nos porporcionam, embora tenha ocorridos alguns entraves. Mas assim como a vida, o mundo virtual tb nos reserva boas e más surpresas... Beijão..

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    2. Jura que tem esse ritual para escrever, amiga? Eu queria ter, porque o resultado vale muito a pena. Seus textos são precisos e preciosos, pra não dizer perfeitos! Adoro! Um dia eu ainda chego lá! Não tenho saco pra rascunhar, pra reler, pra editar... fico logo entediada... solto e pum! Depois eles deixam de ser meus... voam... fogem...

      Que pena que não terá relato seu sobre noras e genros... antigos ou atuais... mas entendo. Um dia talvez eu não tenha mais tanta leveza para falar das minhas noras! Até lá eu curto! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      Bom poder contar com você, e olha que lhe falta é tempo! Mas é a prova viva de que, querendo, sempre dá pra dar conta! Por isso sou fã! Fã de carteirinha mesmo!

      Beijos mil e quem parou nem está mais me fazendo falta, sinceramente. Abstraí! Graças a Deus!

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  2. Concordo com a Dequinha !!
    Queremos mais Zizi !!
    Que gostoso!! Como eu gostaria que minhas avós tivessem me acompanhado dessa forma. Vivi longe das duas .
    Parabéns pelo texto, pela vida e conduta!

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    1. Pudera que eu tivesse tempo de escrever duas vezes por semana! Kkkkk. Com duas escolas (49 aulas por semana), casa, neto e bichos para cuidar...fica humanamente impossível!
      Mas é tão gratificante transformar emoções e fatos em textos para eternizá-los!
      Obrigada pelas doces palavras, pelo incentivo e principalmente por achar que eu sou capaz de soltar tantas letrinhas kkkkk. Bjss

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  3. Zizi, que texto mais fofo, pois falar de neto é ser mãe em dose dupla! Amei as birras do Gabriel! Que corajoso e ousado que ele é! Isso prova que tem personalidade, que sabe o que quer!! Adorei o episódio da vovó chocadeira! demaisssss!!!

    Sabe que fico encantada com seus textos!! Uma delícia e essa semana em dose dupla, melhor pra todas nós! Muito grata por esses relatos encantadores!!!

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    1. Muito obrigada, sempre tão doce suas palavras!
      Meu neto representa muito para mim, mora comigo, então imagina o dengo! Mesmo assim eu dou broncas tb, lógico, porque é adolescente e herdou um pouco da teimosia do pai, embora o Gabriel seja muito mais tranquilo. O outro netinho é bebê muito esperto e certamente vai aprontar para termos mais histórias para contar. Essa semana eu queria mesmo homenagear o Gabriel porque sempre faço textos sobre meus filhos e ele lê, diz que gostou e fica quietinho, faz uma carinha de quem esperava que falasse algo sobre ele. Talvez ele não saiba realmente o quanto eu tenho que falar desse lindo que me encanta em todos os aspectos.

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  4. Zizi, que menino peralta ! kkkkk Adorei as travessuras dele, nem são birras. Imagino o perrenho de chocar os ovos rsrsrs Amor de avó deve ser melhor ainda do que de mãe. Deve ser duplicado ! O de sumir deve ter sido apavorante ! Uma vez meu filho estava com minha mãe e deu uma sumida também. Ela ficou desesperada ! Berrava igual uma louca pelo Shopping. Ele estava subindo e descendo as escadas com outras crianças. Ainda bem que quando cheguei tudo já estava bem. rsrs bjkss

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    1. Ele era mais peralta do que agora. Virou adolescente, mas ainda há traços na infância que não vão tão facilmente. Meu neto é uma criança que todos gostam porque ele dá bem com qualquer idade. Impossível não se encantar com ele.
      Esse episódio dos ovos, ele tinha cerca de 3 anos e até hoje a gente ri muito quando relembra. Mas o sumiço do cinema foi o pior, eu quase enfartei. Chorava, gritava, tremia dentro do cinema e no shopping feito uma doida.
      Amor de vó é acrescentado com uma intensidade descomunal, mas é uma delícia ser avó!
      Obrigada pelos comentários fofos!

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