segunda-feira, 5 de setembro de 2011

“Eu te amo a perder de vista...”



“Há dias que eu não sei o que me passa
Eu abro meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol...”

Há dias em que estou meio doidinha, amanheci com meu avô na garupa, de ovo virado ou de 15 para 16, como diz minha mãe. Dá aquela vontade de fazer tudo e nada, misturam-se sentimentos contraditórios. Tenho fama de durona, mas coração de manteiga... E, não muito raro, fico meio perdida em devaneios, meu senso Dom Quixote vai a mil, enquanto um Sancho Pança me puxa pelo pé e insiste em me prender ao  mundo dos reles mortais. Mas dizem, de poeta e louco todo mundo tem um pouco. E uma vontade de não sei quê e ir não sei pra onde me invade e eu me fecho e me calo... Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.” Mas sei que saudade é moinho de vento (por maior que seja, precisamos enfrentá-la...).

Hoje, por exemplo, estou com tanta saudade de minha broa... E aqui estou, em um daqueles meus dias de Dom Quixote, sem saber o que me passa, tentando escrever esse post, sem saber direito sobre o que escrever, entre o tema dessa semana passada e o dessa semana. Se ela estivesse aqui diria: Juízo, mãe! (Epa! Será ela meu Sancho Pança?). Quero falar sobre o muito que a Sâmia tem de mim e acho que somos iguais na escrita, na fala, nos “pés pro mato”, na alegria, na tristeza, nos gostos e desgostos, nos jeitos e trejeitos, na vida, mas preciso também falar sobre o tema dessa semana. Sobre o que é mesmo? Volta, Quixote! Diz-me meu Sancho Pança, chamando-me de volta à realidade. Ah, sim! Um momento mágico. Um? Não. Muitos. Magia maior é ser Dom Quixote que enfrenta todos os moinhos de vento do mundo pela cria. Mas ainda persiste a necessidade de falar de um momento mágico. Eu quero, eu preciso. Invoco meu Dom Quixote e meu Sancho Pança e eles vêm em meu auxílio. Achei! Achei o mais mágico de todos: o momento em que colocaram minha filha em meus braços, no dia em que ela nasceu. Aí, invoco Quintana e digo: Filha, “Eu te amo a perder de vista...”
(Irene Sena - mãe da Sâmia)

Um comentário:

  1. Irene, pra que ficar duelando com o seu Sancho Pança e com o seu Dom Quixote?!? Nestas lutas não existem ganhadores... nem perdedores... Existe só alguém que, por mais contraditório que seja, tem total prazer de existir, por ser mãe! Como ser mãe nos motiva! Como ser mãe é mágico! Divino! E é mesmo tanto amor em jogo que perdemos de vista... impossível dimensionar o que não se pode... Bjos! Lindo texto!

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