sábado, 1 de outubro de 2011

De volta para casa

É acionado o alarme biológico; não há como recuar, mesmo porque desejamos logo concluir esse ciclo e dar as boas-vindas ao novo ser. Foram nove meses de expectativa, preparo do enxoval, idas e vindas ao médico, gradativo aumento de peso, etc, etc. Depois, a chegada ao hospital e finalmente: o parto.

A mesma ansiedade que me trouxe, agora exige o retorno ao lar. Chega de ficar presa no quarto!  Sinto-me uma refém. Não posso fugir sozinha. Que vontade de invadir o berçário e pegar o que me pertence!  Todavia sou obrigada a aguardar as orientações médicas e a  tão sonhada palavra “alta”. Saudade tem cheiro de fome e eu preciso me alimentar!

Por duas vezes estive nessa situação, mesmo que tivesse sido mais, não me acostumo a ficar em hospital. Sou inquieta demais, sinto-me presa cercada em quatro paredes. Apetece-me  cuidar das minhas coisas, testar as minhas competências e habilidades maternais na minha casinha, meu santuário!

"Não há lugar melhor do que a nossa casa!" Uma verdade, para mim, incontestável! Só lá nós somos livres e donas do pedaço! Só lá nós mandamos e desmandamos! Só lá nós temos o trono e somos a rainha.E é lá que formamos, criamos e preservamos a família” (Quando li o post da Dani achei lindo o título e  fiz um comentário, não resisti e trouxe-o para cá, por isso as aspas).

Aquele ensaio todo durante a infância, as simulações com minhas bonecas, tudo isso deveria servir para alguma coisa, afinal brinquei até os doze anos. Durante a adolescência, eu cuidei dos filhos de um tio.  Será que isso bastava? Não estava zerada (que alívio!), mas tinha um grande caminho a percorrer,  mesmo  porque  aprender no dia-a-dia como ser mãe é uma experiência enriquecedora, contínua e única.

Lembro-me que minha mãe teve suas filhas em casa. Quando chegava a hora, meu pai nos levava à casa de uns parentes e quando retornávamos,  a surpresa: mais uma criança nascera! Tudo aquilo me deixava confusa, não entendia o processo, mas ficava feliz por ter  ganhado mais uma irmã.  Passados os anos, já casada, a história se repetia  com duas diferenças significativas: a protagonista era eu e o local não era a minha casa, e sim um hospital.

Mas venci a ansiedade (não tinha escolha), aguardei todos os procedimentos, acompanhei a contagem regressiva. Fui recepcionada pelo maridão que me recebeu com flores da primeira vez. Na segunda, ele não trouxe  flor, mas o fruto:  meu filho. Quando este me viu, veio correndo me encontrar. Estava curioso para conhecer a irmãzinha. Eu, cansada, com dores, sorri feliz: “como é bom estar de volta à minha casa!”  

(Zizi Cassemiro)

2 comentários:

  1. Zizi, que lindo o seu relato!!! Realmente a casa da gente é o cantinho da gente, nada melhor!!
    Seu texto me encantou porque me fez lembrar da minha infância, eu também brinquei de bonecas até 12 anos, minha mãe também ganhava filhos em casa, portanto passei por esse mesmo processo, de repente mais uma criança em casa!

    O mais encantador na sua história, foi as flores da primeira vez e o fruto da segunda!! Sensacional!!
    "E o SENHOR te guiará continuamente..." Isaías 58:11
    Bjos

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  2. Zizi, acho curiosa essa nossa preparação para recebermos o novo integrante da casa, do lar... 9 meses que parecem infindáveis... mas nenhuma outra preparação maior (e necessária) para sermos mães, num dia após o outro... Vamos tendo de nos virar nos 30.., todo dia... rs rs rs

    E eu bati o recorde então, pois brinquei de boneca até os meus 15 anos, mole? Como adorava! E brinco até hj! Esta semana mesmo fui comprar o presente para Miguel (um bebê com peru, que finalmente encontrei, depois de muito procurar!) e acabei não resistindo e comprando um bebê para mim tb! Lindo! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Não espalhe! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    E chorei de tanta emoção ao ler especialmente a parte do seu texto que diz que seu maridão trouxe-lhe flores da primeira vez e o fruto na segunda vez. Lindo e profundo isso! E agora já tem até outro fruto: seu netinho lindo. Parabéns pela família linda que vc formou e continuará formando! Beijos.

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