quinta-feira, 16 de junho de 2016

Fome também é desejo!


Gravidez é um período muito marcante na vida de uma mulher. Para entender como tudo acontece, só mesmo quem já vivenciou esta experiência. São tantas transformações que ocorrem em nosso corpo... Parece que, de uma hora para outra, deixamos um pouco de ser nós mesmas, para dar lugar a uma outra criatura. Tudo muda; desde o corpo físico até as alterações de humor... Ficamos muito mais sensíveis, e, portanto, mais dengosas... até mesmo, mais chatas também... (risos) O obstetra que acompanhou o pré-natal de minha segunda gestação, em uma de suas consultas, chegou a afirmar que o médico estuda... estuda... especializa-se... mas jamais saberá, na íntegra, o que nós mulheres sentimos nesta fase.

Sempre ouvi falar em “desejos de grávida”. Umas coisas absurdas que não dá nem pra acreditar, mas que eu também nunca duvidei não... Sei lá, não estou dentro de ninguém; portanto, quando ouvia as pessoas dizerem que a fulana queria comer batom com sabor de chocolate ou barro fresquinho, ficava sempre na minha... imaginando que poderia acontecer comigo também.

Eu, por exemplo, só tive um desejo meio bizarro, apenas na primeira gravidez: acordei no meio da noite sentindo uma vontade louca de comer feijoada com rabinho de porco. Cutuquei marido ao meu lado, que ressonava tranquilamente, e lhe contei a novidade. Ele sorriu, virou para o lado e continuou a dormir... Enquanto eu virava e revirava o barrigão pra lá e pra cá... tentando conciliar o sono que não vinha, porque a “bendita feijoada” não saía de minha mente. No dia seguinte, ele (marido) amanheceu zoando de minha cara. Ainda bem que meu louco desejo foi satisfeito por minha querida sogra (Deus a tenha); não com a dita cuja feijoada, mas com um delicioso feijão que ela sabia fazer como ninguém.

O que marcou mesmo minhas duas gravidezes (detesto este plural), foi uma fome absurdamente grande. Comia... mariscava... não em grande quantidade, mas constantemente... Frutas, iogurte, biscoitos e algumas balas não faltavam em minha bolsa de trabalho: aquela cestinha de palha, tão usada pelas professoras do passado, como eu, na qual se levavam: caderno de planos de aula, livro didático e estojo com: lápis, caneta, apontador, borracha... e no meu caso, muitas folhas de caderno com as produções textuais de meus alunos. Quase não aguentava esperar a hora do recreio, pois aquela fome me consumia... Para saciá-la, discretamente, chupava uma balinha, já quase desmaiando...

Na véspera de entrar em trabalho de parto para o nascimento da Camilla, fui ao aniversário de um aninho do filho de uma vizinha. Que delícia de festa! Principalmente pelos cajuzinhos que pude saborear com prazer... aqueles docinhos de pobre, como diz o Falabella. (risos) Parece que estava me preparando para os amargos dias posteriores àquele, somente compensados pela chegada de minha querida filha.

Vontade de ficar comendo não deixa de ser desejo... mas, no meu caso, somente de coisas gostosas... nada diferente do que sempre fez parte do meu cardápio. E por incrível que pareça, após o nascimento dos meus filhos, aquele apetite exagerado desaparecia num passe de mágica, para dar lugar a uma inapetência assustadora... Tanto é que eu ficava mais magra do que antes de engravidar. 

Mas toda esta experiência também foi acompanhada de um enorme desejo de que meus filhos nascessem fortes, saudáveis e escolhessem o caminho da retidão e do amor. Com a graça de Deus e a intercessão da Virgem Maria, minha vontade foi prontamente atendida. Por isso, a Eles sou infinitamente agradecida: não só por Camilla e Guilherme serem pessoas íntegras, mas também pela oportunidade de vivenciar a fase mais sublime de minha existência.


(Zenilda Soares Lima Cardoso - mãe da Camilla e do Guilherme)

13 comentários:

  1. Que legal!
    Eu também sentia muita fome, mas sempre fui meio esfomeada. Rs Uma amiga do trabalho que me conheceu grávida, depois que eu voltei de licença, dizia: Quando grávida, Adriana tinha uma dieta religiosa - comia a cada 15 minutos, religiosamente! Depois que teve a filha, passou prum intervalo de 30 minutos! Haha
    À amamentação também me consumiu muito, fiquei magricela, como nunca fui, mas segui uma alimentação cheia de restrições, numa tentativa de reduzir o refluxo da minha filha (o que não deu em nada, além de me deixar uma caveira! Rs)
    Acho que desejo por feijoada pode representar uma carência de ferro também! Eu tive um desejo estranho apenas no início da gravidez, em que tive muita, mas muita mesmo, queimação: certo dia, cheguei a casa com vontade de tomar um copo com o sumo de dois limões e água, sem açúcar! Eu nunca fui fã de coisas cítricas nem azedas. Para mim, foi desejo mesmo, por necessidade irracional de quebrar a azia ou carência de vitamina! Aí não sei bem. Só sei que foi assim! rs

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    1. Pois é, Adriana Lessa , eu com minha "feijoada maluca" e você com seu "suco louco"... Mas até que tem tudo a ver...feijoada combina com caipirinha... pra quem gosta... kkkk Que peninha fiquei de você, pela queimação no estômago... caramba!!! Não creio que minha ânsia de comer feijoada fosse carência de ferro não... Meus exames de sangue nunca acusaram ausência, até porque tomei combirom, durante toda a gravidez... Meu obstetra era muito precavido; dizia que ele não acompanhava minha alimentação diariamente...então, preferia evitar qualquer complicação que viesse a acontecer nesta área. Obrigada pela paciência de ter lido meu texto e também por ter comentado.

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  2. Interessante, como sempre, o seu texto! Lembro-me de ter comentado, na época, que eu deixei de ser a "Andreia" para ser "a mãe do Miguel", mas foi uma perda e ao mesmo tempo um ganho! Não me importei, aliás, não me importo até hoje! Adoro! Sou uma espécie de sala com dois andares depois dele... e antes eu era apenas uma salinha... tão menor... embora mais organizada, mais arrumadinha. rs rs rs

    Teorias nunca vão alcançar, por mais boa vontade que se tenha, a grandeza de sentir... cada ação... cada reação... cada transformação... cada mágica... tudo muito rico mesmo! Agradeço a Deus por ter me permitido passar por essa experiência!

    Ri demais com o seu marido fazendo pouco caso do tal desejo da feijoada... e que bom que você é compreensiva e não o colocou no meio da madrugada, a vassouradas, para conseguir a qualquer custo uma feijoada com o tal rabinho de porco! Já imaginou a cena?!? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Tb não gosto do plural de gravidez... acho que por isso que parei na primeira... pra evitar usar. rs rs rs

    Adorei seu texto! E senti nele tanta verdade, carinho e ternura que até senti o gosto da feijoada (mesmo detestando o rabinho de porco nela, e as orelhas... eca, eca, eca!) e dos cajuzinhos. Coisa mágica mesmo, como vc! Beijos.

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    1. Quem se acabou de rir agora fui eu, com as vassouradas...kkkkkk (coisas de Andreia Dequinha... rsrs ). Pois é , dormiu... dormiu... enquanto eu sonhando, de olhos abertos, com a tal feijoada... Mas grávida ou não, ao contrário de você, eu amo feijoada... não só com rabinho de porco, mas também com outros ingredientes... Se você, depois do Miguel, virou uma sala com dois andares, eu então, depois de filhos e netas... ahaha... virei um prédio inteiro. Muito bom estar aqui; rindo...brincando...interagindo... com pessoas que nem conheço pessoalmente, mas que já tenho um imenso carinho. Serei sempre repetitiva em lhe dizer: obrigada... obrigada...MUITO OBRIGADA!!!!

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    2. Meus amigos me zoam pacas... porque quando estou estressada (quase sempre) eu falo que sinto vontade de dar umas voadoras!!! Meus alvos preferidos seriam Alair e Dornelles, nesta ordem!!! Mas tem mais gente pra lista... imensa... rs rs rs

      No caso do seu marido, claro, que é brincadeira. Mas concordo com a Zizi que uns beliscões pelo menos ele merecia... ou ficar asfixiado com tantos gases por causa da feijoada dos sonhos... kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      Eu como feijoada (adoro), mas sem tudo isso. Penso no porco e não rola... não sei porque no bacon eu já nem ligo. Freud não me explicaria. Nunca. rs rs rs

      Você já deve ter virado uma mansão... e uma mansão linda e aconchegante...

      Bom que vc tb curte estar por aqui, interagindo, tanto quanto eu! Me faz um bem danado! Aproveitemos! Eu que agradeço, sempre. <3

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    3. Kkkkķkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Rachei de tanto rir, com o alvo das vassouradas... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Muito bom... E ficar asfixiado com gases de feijoada então... kkkkkkkkkk Eu me acabo de tanto rir...Olha, essa minha feijoada maluca tá rendendo... Agora, mansão linda já me emociona... O-B-R-I-G-A-D-A!!!!!

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    4. Não repara que eu sou palhaça mesmo! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
      Só falo bobagem!!! Com o tempo você se acostuma, acho! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      A feijoada ficou famosa... polêmica... tanto que vou ver com as meninas aqui para fazermos uma, afinal, você nem chegou a comer, do jeito que queria, né? Precisamos dar um jeito nisso!!!! rs rs rs

      Uma mansão linda mesmo... querida...!!! <3

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  3. Eu também acredito que o período de gravidez é o momento em que ficamos mais instáveis, por mais comportadinha que sejamos. Há um novo ser com tudo novo dentro de nós e um canal direto nos liga, como sermos nós mesmas?
    A maioria das pessoas adoram realizar desejos de grávida ( seu marido merecia uns belisções pela omissão....afinal de contas, ele era a única pessoa responsável por aquela situação, concorda? Kkkk)
    Depois que tudo se concretiza, voltamos "ao normal" e vamos lidar com o novo ser que nos causou tantas alterações no humor, no sono, na fome, na sensibilidade em geral... Mesmo assim, nada tira o encanto da maternidade, porque tornamo-nos um portal da vida, e isso não tem preço!
    Não posso esquecer de parabenizá-la pelo texto tão bem escrito e bem organizado na progressão das ideias. Adorei a sua história mesclada de reflexões, humor e seriedade, cada qual na dosagem exata. Obrigada por compartilhar mais essa experiência conosco.

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    1. Zizi, querida, desculpe-me pela resposta ao seu comentário ter saído abaixo do comentário feito pela Maria José. Serei mais atenta da próxima vez.

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  4. Com certeza, a gravidez é um momento marcante na vida de uma mulher! Somos muito privilegiadas por a nós ser concedida tamanha bênção!! Deus é maravilhoso!!
    Que lindo o seu texto! Muito engraçado o seu momento "feijoada com rabinho de porco"... Ele sorrindo e virando para o lado!!! kkkkkk

    Mas que bom que deu tudo certo no dia seguinte... A sogra se prontificou com a quase feijoada!!! Parabéns pelo belíssimo texto!! Muito agradável, doce, cheio de ternura!!!

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    1. E como Deus é maravilhoso, Maria José ...!!! Não me canso de agradecer a Ele, pelo privilégio de ser mãe e agora avó. Realmente, minha sogra era maravilhosa, um anjo que Deus me deu de presente e que fez toda a diferença em minha vida... Muito obrigada, querida, pelo carinho de suas palavras e pela atenção e pela paciência de ler minha história meio maluquinha...

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  5. Merecia...e como !!!! Beliscões...vassouradas...kkkkk Mas também, convenhamos, eu fui permissiva com ele, porque aceitei, de muito bom grado, (lá no comecinho) "o antes" da tal situação...kkkkk Brincadeiras à parte; você tem toda razão... nada nos tira o encanto da maternidade. Reviver esta fase em pensamento e compartilhá-la aqui neste blog, tem sido muito mágico pra mim. Ainda mais com uma pessoa tão sensível e excelente expositora de ideias como você... Muito obrigada,Zizi...que não é a "Possi", mas que tem a POSSE das palavras !!!

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    1. Obrigada, Zenilda! Amei o trocadilho Possi/posse! Desse jeito fiquei nas nuvens! Nunca tinha sido alvo de uma associação tão relevante! Não mereço, mas fiquei muito lisonjeada!
      Quanto ao local do comentário, até hoje, eu faço confusão na hora de responder aos comentários, de vez em quando acontece comigo algo parecido. Muitas vezes, tenho que copiar o comentário e postar novamente e excluir o anterior porque estava em local errrado. Eu entendo perfeitamente, não se preocupe.

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